cap 32

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Capítulo 32

Acordaram no fim da tarde, ainda enroscadas no sofá, cobertas por uma manta fina. A televisão estava ligada em um volume quase imperceptível, passando qualquer programa irrelevante. Mas nenhuma das duas parecia se importar com o que estava na tela — os olhos de Soraya estavam focados em Simone, que dormia tranquila, com o rosto sereno como raramente se via.

Soraya acariciava os fios escuros com delicadeza, como se tivesse medo de acordá-la. Havia algo bonito em ver Simone assim, entregue, sem as muralhas que normalmente a cercavam. Pela primeira vez, parecia realmente leve.

Mas Soraya, por dentro, ainda carregava o peso da conversa com o pai. A visita havia mexido mais com ela do que queria admitir. A sensação de ser constantemente vigiada, julgada, questionada... era sufocante. E ao mesmo tempo, ali, com Simone, tudo era tão diferente.

Ela suspirou, e o som suave foi o suficiente para Simone abrir os olhos devagar.

— Que horas são? — perguntou com a voz rouca de sono.

— Quase seis. Você dormiu bem?

— Com você por perto, sempre. — Simone sorriu, puxando Soraya para mais perto.

Ficaram assim por alguns minutos, sem pressa, apenas respirando no mesmo ritmo.

— Sô... — Soraya começou, hesitante. — Você já pensou em como vai ser... contar pra Ana? Pros seus pais? Pra universidade?

Simone não respondeu de imediato. Seu olhar vagou pelo teto, como se as palavras estivessem presas em algum lugar entre a razão e o medo.

— Já pensei. Todos os dias. Mas ainda não sei como fazer isso... sem perder tudo.

Soraya assentiu devagar, entendendo. Ela também não tinha todas as respostas.

— Eu não quero te forçar. Só... às vezes me pergunto se estou pronta pra ficar escondida por muito tempo.

Simone virou o rosto, encarando-a com sinceridade.

— Eu sei. E eu não quero que você se esconda. A gente vai encontrar um jeito. Mas me dá um pouco mais de tempo?

— Claro. — Soraya sorriu. — Mas depois você vai ter que me compensar com mais flores e biscoitos.

— Combinado. E talvez até um jantar. À luz de velas.

— Hum... aí você vai ter que me conquistar de novo.

Simone arqueou uma sobrancelha, provocadora.

— Eu topo o desafio.

Soraya riu, se inclinando para um beijo demorado. E naquele instante, mesmo com todas as incertezas pairando no ar, elas tinham uma certeza: estavam ali, uma pela outra. E isso já era um começo.

Derrepente, batidas na porta acabam com o clima.

— Está esperando alguém? —  Simone perguntou curiosa.

— Não... Ah! Deve ser a Eliz!

— Ela não pode me ver aqui.

— Amor, a liz sabe tudo da minha vida desde que me entendo por gente...

— Soraya!

A loira levantou querendo fugir daquela conversa, pois sabia que Simone não havia gostado de outra pessoa sabendo do caso delas.

— Depois conversamos. — A loira abriu a porta e se assustou vendo Cesar parado ali, o mesmo estava confuso vendo Simone deitada no sofá de Soraya.

Soraya congelou por um segundo. César abriu um sorriso automático, mas o olhar rapidamente foi de Simone para ela, e de volta para Simone. Havia uma pergunta silenciosa pairando no ar, mas ninguém ousou colocá-la em palavras.

𝑴𝒚 𝒔𝒘𝒆𝒆𝒕 𝒔𝒊𝒏- Simoraya Where stories live. Discover now