Capítulo 31.
Assim que Soraya saiu, Simone pegou suas coisas e foi direto para universidade. A morena não gostava de se atrasar, então sempre foi uma das primeiras a chegar.
— Sisa! — Ana chegou alegremente abraçando a morena.
— Aninha. — Simone Retribuiu com um tom casual e depois de se separar do abraço elas começaram a caminhar pelo corredor.
— Como está sendo o fim de semana? — Perguntou curiosa.
— Muito bom, tirei esse fim de semana para ficar com a minha família.
— Eu estava pensando e quando tiver tempo, podíamos sair.
Assim que terminou de ouvir aquilo, sua mente trouxe a imagem de Soraya. Simone sabia muito que a loira não gostaria nada daquilo.
— Acho difícil, Ana... Ultimamente, meus fins de semana são cheios.
— Com a família... Ou algum pretendente? — Brincou.
— Família.
Sorrio boba pois estava incluindo Soraya, mesmo que Ana não soubesse.
Caminharam até a sala de reuniões jogando conversa fora. Simone mantinha o tom casual, mas por dentro se distraía com a lembrança dos beijos preguiçosos daquela manhã e da forma como Soraya sorria enquanto tomava café com seus pais.
Já sentada à mesa, abriu o notebook e tentou se concentrar na pauta. A reunião era longa, cheia de detalhes administrativos e decisões para o semestre seguinte. Ana Luísa, ao seu lado, anotava tudo com entusiasmo. De vez em quando, cutucava Simone para comentar algo em tom baixo.
— Esse coordenador precisa aprender a ser objetivo — sussurrou Ana, fazendo Simone conter uma risada.
Mas nem mesmo os comentários sarcásticos da amiga eram suficientes para afastar a ansiedade que foi crescendo pouco a pouco. Quando o celular vibrou em seu bolso, Simone quase derrubou a caneta.
Disfarçadamente, puxou o aparelho e leu a mensagem:
"Preciso te ver."
Soraya.
O coração de Simone acelerou. Ela digitou rapidamente:
" Está tudo bem? Onde você está?"
— Problemas? — Ana perguntou com o cenho franzido, vendo o celular nas mãos da amiga.
— Nada demais. Só uma amiga. — Simone respondeu, tentando soar despreocupada.
"No meu apê, tô no sofá. Te esperando."
— Preciso sair logo depois da reunião. Coisa rápida. — avisou, tentando parecer natural.
Ana a observou por um instante, sem responder. Apenas assentiu devagar.
Quando a reunião acabou, Simone guardou tudo com pressa. Ana a acompanhava.
— Tá com essa pressa toda por quê? Agora fiquei curiosa.
— Ana... não é nada sério. Eu só... prometi que passaria na casa de uma pessoa.
— Pessoa com nome e sobrenome? — provocou, rindo. — Porque você tá com uma cara...
Simone parou no meio do corredor e olhou para ela.
— A gente conversa depois, tudo bem?
Ana arqueou uma sobrancelha, surpresa.
— Claro. Desculpa, só tô brincando.
Simone sorriu de leve, tentando aliviar o clima.
— Eu sei. Só... tem coisas que ainda estou entendendo.
Ana a encarou por um segundo mais longo, mas dessa vez não perguntou mais nada.
— Tá bom. Vai lá. Depois me conta se for algo bom. Ou alguém bom. — disse com um sorriso esperto, antes de se virar e ir embora pelo corredor oposto.
Simone saiu apressada, o coração batendo mais rápido a cada passo. Sabia que não podia esconder aquilo para sempre. Mas também sabia que ainda não estava pronta para explicar. Não enquanto ela mesma ainda tentava dar nome ao que sentia.
E agora, mais do que nunca, tudo o que queria era chegar até Soraya.
A morena dirigiu até uma floricultura, comprou o buquê de rosas mais lindo. Depois parou em um supermercado, comprou besteiras. E finalmente seguiu até o apartamento de Soraya, estacionou seu carro e desceu com as coisas.
Subiu os andares com o coração acelerado, o buquê numa mão e a sacola com chocolates, balas e biscoitos na outra. Um gesto simples, mas carregado de carinho — queria que Soraya sentisse, com cada detalhe, que ela importava.
Parou diante da porta. Respirou fundo. Bateu duas vezes com os nós dos dedos.
Do outro lado, Soraya correu até a porta, o coração já batendo mais rápido só de ouvir os toques. Abriu com um sorriso, que ficou ainda mais largo ao ver Simone ali, carregada de flores e guloseimas.
— O que é isso tudo?
— Eu vim cuidar de você. — Simone disse, entrando e estendendo o buquê. — Você me mandou um "preciso te ver" e... bem, eu precisava ver você também.
Soraya pegou o buquê, cheirando as flores com um sorriso emocionado.
— Você é louca. — murmurou.
— Um pouco. Mas por você, até mais do que isso. — respondeu Simone com um sorriso leve, enquanto colocava a sacola na mesinha da sala.
Soraya largou o buquê no sofá e abraçou Simone apertado, escondendo o rosto em seu pescoço.
— Meu pai foi o mesmo de sempre. Quis me controlar, como se eu ainda fosse uma criança.
— Quer falar sobre isso? — Simone perguntou, passando a mão pelas costas dela.
— Depois... agora só quero ficar aqui, com você.
— Então a gente só fica. — disse a morena, depositando um beijo calmo no topo da cabeça dela.
Foram para o sofá, as duas enroscadas, dividindo um pacote de biscoitos enquanto o buquê repousava na mesinha, perfumando o ar com delicadeza. Era como se, por alguns instantes, o mundo lá fora deixasse de importar.
E naquele silêncio cheio de significado, Simone soube — mais do que nunca — que não queria mais fugir do que sentia.
— Como foi a reunião?
— Chata. Eu estava preocupada demais com você para dar muita atenção a eles.
— Que romântica! — A loira lhe deu um selinho.
— Que romântica! — A loira lhe deu um selinho.
Simone sorriu, deixando os olhos fecharem por um instante, saboreando a leveza daquele momento. Era impressionante como a presença de Soraya conseguia silenciar o caos dentro dela.
— Eu acho que estou ficando mole — murmurou, encostando a testa na dela.
— Você está ficando você. — Soraya respondeu baixinho.
Simone piscou devagar, absorvendo aquelas palavras como um abraço quente. Talvez estivesse mesmo... se permitindo ser quem era, sem medo.
Ficaram assim por alguns segundos, até Soraya se levantar, puxando-a pela mão.
— Vem, vamos deitar. Eu só quero você aqui comigo agora. Sem preocupações, sem pressa.
E Simone foi, deixando os sapatos de lado, deitando-se ao lado dela, abraçadas como se aquele espaço pequeno fosse o suficiente para caber o mundo inteiro.
Lá fora, o dia seguia seu curso, mas dentro daquele apartamento, o tempo parecia suspenso — como se o amor tivesse encontrado uma brecha no cotidiano para florescer.
E assim, com a cabeça apoiada no peito de Soraya, ouvindo o coração da loira bater, Simone soube que ali era seu lugar.
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𝑴𝒚 𝒔𝒘𝒆𝒆𝒕 𝒔𝒊𝒏- Simoraya
FanfictionSimone Tebet, uma professora rígida, conservadora e acima de tudo profundamente religiosa. Soraya Thronicke, sua aluna favorita que é apaixonada pela Tebet secretamente. Um amor impossível de se tornar possível.
