Cap 30

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Capítulo 30.

Depois do café da manhã e um momento descontraído havia chegado a despedida.

— Precisa mesmo ir? — Simone perguntou beijando o pescoço da loira.

— Preciso... Tenho que resolver alguns assuntos com papai. — Respondeu Soraya um tanto desanimada. — Mas eu ainda prefiro os seus pais!

— Tudo bem! — Abraçou a mais nova, pois Simone entendia o quão difícil era para Soraya ter que lidar com as pessoas que ela chama de família. — Eles já te adoram. Desse jeito vou ser deixada de lado.

— Sou a favorita deles! — Disse em um tom convencido.

— E a minha também. — A morena segurou o rosto da sua garota e a beijou com carinho.

— Te aviso assim que chegar lá. — Soraya pegou sua bolsa se preparando para ir.

— Se não avisar eu mesma vou atrás de você. — Piscou para ela.

Finalmente a loira saiu do quarto pela segunda vez naquela manhã. Foi até Fairte e Ramez e se despediu prometendo voltar.

Seguiu seu caminho com o coração quente e um sentimento confortável, se sentiu amada e cuidada. Não apenas por Simone, mas também por seus pais.

Soraya estacionou o carro em frente à casa dos pais e soltou um longo suspiro antes de sair. Já fazia alguns dias desde a última vez que estivera ali, e sempre que voltava, sentia um peso familiar no peito.

Pegou a bolsa e caminhou até a porta, batendo duas vezes antes de entrar. O silêncio inicial foi quebrado pelo som dos passos da empregada, que abriu a porta e lhe deu um sorriso breve.

— Senhorita Soraya, bom dia. Seu pai está no escritório.

— Obrigada, Marta. Minha mãe está em casa?

— Saiu cedo para um compromisso.

Soraya apenas assentiu e caminhou pelo corredor até o escritório do pai. Bateu na porta levemente antes de ouvir a voz grave autorizando sua entrada.

Ao abrir a porta, encontrou o senhor sentado atrás da mesa, folheando alguns papéis com a expressão séria de sempre. Ele ergueu os olhos rapidamente para a filha antes de indicar a cadeira à sua frente.

— Finalmente apareceu. Sente-se.

Soraya se acomodou, cruzando as pernas e esperando que ele falasse primeiro.

— Imagino que saiba por que pedi para que viesse.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Você sempre tem algo para reclamar, então não faço ideia de qual seja o assunto da vez.

Ele suspirou, fechando a pasta de documentos à sua frente.

— A maneira como você tem levado a vida, Soraya. Sempre tão... independente, distante. Parece que se esqueceu de que ainda carrega o nome da família.

Ela riu, sem humor.

— Ah, isso de novo. Achei que tínhamos superado essa conversa.

— Não quando continuo ouvindo comentários sobre sua falta de compromisso com os valores que sua mãe e eu tentamos lhe ensinar.

Soraya revirou os olhos, já sentindo a familiar irritação crescer dentro de si.

— Eu vivo minha vida do meu jeito. E sinceramente, pai, se o que você quer é que eu me encaixe no seu molde de filha perfeita, já deveria ter desistido há muito tempo.

Seu pai  a encarou por um longo momento antes de soltar um suspiro pesado.

— Eu realmente esperava mais de você, Soraya.

Ela apertou os punhos sobre o colo, controlando a vontade de responder de forma mais dura. Já conhecia aquela tática: fazê-la se sentir culpada, como se fosse a filha ingrata que nunca atendia às expectativas.

Mas desta vez, Soraya se recusava a cair nesse jogo.

— Se me chamou aqui só para dizer isso, acho que podemos encerrar essa conversa.

Ela se levantou, mas antes que pudesse dar um passo, a voz do pai a deteve.

— Você está com alguém, não está?

O coração de Soraya deu um salto, mas ela manteve a expressão inabalável.

— O que te faz pensar isso?

— A maneira como tem agido. Menos tempo para a família, mais tempo fora... Seu comportamento mudou.

Soraya cruzou os braços.

— E se eu estiver? Isso muda alguma coisa para você?

A encarou por um instante, os olhos avaliando cada detalhe de sua postura. Então, com um tom mais frio, respondeu:

— Depende de quem seja essa pessoa.

Soraya sentiu o peso daquela frase e soube que estava pisando em terreno perigoso.

— Por que tudo com você e com a mamãe tem que ser tão... Pesado? Tão controlador...

Ele entrelaçou os dedos sobre a mesa, mantendo o olhar fixo na filha.

— Porque é assim que protegemos você.

Soraya soltou uma risada seca.

— Não, pai. Isso é só uma desculpa para controlar cada aspecto da minha vida.

Ele suspirou, impaciente.

— Se você ao menos tentasse entender que fazemos tudo pelo seu bem…

— Pelo meu bem ou pelo bem da sua reputação? — Ela rebateu, cruzando os braços.

O mais velho franziu a testa, mas manteve a voz firme.

— Se essa pessoa for alguém que não se encaixa nos nossos valores, sim, isso me preocupa.

Soraya sentiu o coração acelerar. Ele estava cada vez mais perto da verdade.

— E se eu disser que quem está comigo me faz feliz? Que talvez, pela primeira vez, eu me sinta completa?

O pai manteve a expressão séria.

— Felicidade momentânea não vale o preço de uma vida inteira de consequências.

A loira apertou os punhos.

— E que consequências seriam essas?

Ele inclinou-se levemente para frente.

— O afastamento da família. O julgamento da sociedade. A decepção da sua mãe.

Soraya engoliu em seco. O peso das palavras caiu sobre seus ombros, mas ela se recusava a recuar.

— Eu não vou me esconder. Nem desistir de quem eu sou.

Ele a estudou por um instante antes de soltar um suspiro longo.

— Apenas pense bem antes de seguir por um caminho sem volta.

Soraya sentiu a ameaça velada naquelas palavras. Mas, dessa vez, não se deixaria intimidar.

Ela se levantou, ajeitou a bolsa no ombro e o encarou uma última vez.

— Já tomei minha decisão.

Sem esperar resposta, saiu do escritório. Seu coração batia forte, mas ao mesmo tempo, uma estranha sensação de alívio a acompanhava.

Assim que entrou no carro, pegou o celular e digitou rapidamente uma mensagem.

"Preciso te ver."

Ela sabia exatamente para onde queria ir.

Dirigiu de volta ao seu apartamento e não obteve resposta, suspirou lembrando que Simone tinha uma reunião importante e se jogou no sofá emburrada sabendo que Ana Luísa estaria.

𝑴𝒚 𝒔𝒘𝒆𝒆𝒕 𝒔𝒊𝒏- Simoraya Where stories live. Discover now