Capítulo 5 - Elsa (revisado, releitura obrigatória)

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Aviso:

Alguns comentários desse capítulo se referem a acontecimentos da antiga versão, por isso, não se espante, siga com a leitura dos próximos capítulos que você vai entender.

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Jack sempre fora pálido, eu sabia disso, mas sua aparência era de doente, como se tivesse pegado uma gripe ao contrário (se é que isso poderia ser possível). Queria poder ajudá-lo mais, mas eu mesma estava péssima. Meu rosto e meus ombros ardiam pelo sol forte, tentei me proteger com meu cabelo, mas ele estava tão oleoso que parecia meio murcho. Tinha a impressão de que estava ali há uns dez dias, mas não tinha certeza alguma poderia ser muito mais. Era horrível. Meus poderes não funcionavam e Jack nem tinha forças para produzir alguma coisa. Eu precisava de apenas um pouco de frio e poderia pelo menos fazer um iglu. Jack permanecia desmaiado com a cabeça em meu colo, tentei deixá-lo totalmente embaixo da sombra que achei, foi difícil arrastá-lo até ali, mas ele não era muito pesado.

Suspirei fundo e isso me fez tossir. De repente, vi água. Ela escorria pelo meu lado, aumentando seu fluxo, desconfiei que ali se formaria um rio. Perfeito, era suficiente. Fiz minhas mãos em concha e peguei para beber. Congelei um pouco dela fazendo uma tigela para caber mais, a enchi e segurei a cabeça de Jack direcionando em sua boca. Ele bebeu tudo, e sua sede parecia insaciável. Então ele abriu os olhos, tentou dizer algo, mas sua voz estava rouca.

— Shh... - peguei mais água para ele e passei um pouco pelo seu rosto. Em seguida, fiz nevar sobre nossas cabeças. - Está melhor? - ele assentiu e tocou meu rosto, minhas queimaduras do sol pararam de arder. Sorri.

— O verão é sempre quente assim?

— Normalmente é. - ele se sentou e ficou olhando para baixo pensativo. - Você está bem mesmo, Jack?

— Estou me sentindo inútil, sou um Guardião, não devia ser tão vulnerável. Eu que deveria estar cuidando de você.

— Não se preocupe com isso, você é guardião do inverno, não tem que ser resistente em todas as estações. - não o convenci, ele parecia se perguntar por que eu não estava tão mal, eu era mais humana que ele, havia calor em meu corpo.

Poderia estar bem fisicamente, mas meus sentimentos estavam arruinados. Sentia saudades, sentia medo, sem esperança presa em uma maldição com um bobo que não conseguia cuidar de si mesmo. A água que escorria agora tinha marcado seu caminho e ficava cada vez mais fundo, às vezes transbordando.

— Acho melhor sairmos daqui. - Jack levantou e me estendeu a mão.

— Espere. - criei dois cantis e os enchi, dei um a ele.

— Bem pensado. - então a água começou a sair completamente do próprio caminho, chegando aos nossos pés. O som aumentou, olhei para trás. Um tsunami vinha ao nosso encontro. Não pensei duas vezes e congelei tudo. Começamos a nos distanciar, esperava que estivéssemos seguros. Não estávamos. Mais água chegava passando por cima do que congelei. Tudo bem, podíamos lidar com água. Demos as mãos e esperamos, pois sabíamos que não valeria a pena correr.

Só não nos perdemos porque estávamos bem firmes agarrados um a mão do outro. Depois que o mar se acalmou – sim, mar, pois a água ficou salgada –, criamos um barco grande suficiente para nós dois e com uma cobertura para nos proteger do sol. O cabelo de Jack estava colado em seu rosto e o meu em minhas costas. Não queria nem ver em que estado se encontrava meu vestido.

Escureceu logo depois de uma hora e desfizemos a cobertura para olhar as estrelas. Nós sentamos, cada um em um dos bancos de gelo do barco. As estrelas eram tão belas faziam com que eu me sentisse feliz, queria as estar observando com Anna. Felicidade me trouxe tristeza, comecei a chorar.

— Ei, Elsa...

— Não aguento mais isso, quero minha casa.

— Não fique assim, vamos sair daqui, prometo. - ele segurou meu rosto. - Eu mesmo a levarei até seu palácio.

— Você acredita que isso pode acabar?

— Claro. Logo irei conhecer seu reino. - ele falava com confiança, também queria ter isso. Ele limpou minhas lágrimas. Dei um meio sorriso.

— Você gostará de lá, é muito bonito no inverno.

— Aposto que sim. - suas palavras foram quase sussurradas, pois estávamos tão próximos.

Nossos joelhos se tocavam intercalados, Jack segurou minhas mãos sobre eles.

— Aquela música que você cantou... Onde ouviu?

— Minha mãe cantava para mim e para minha irmã antes de dormirmos quando éramos crianças.

— Queria ter te conhecido quando você era criança. Sou ótimo com crianças.

— Certamente, você seria um refúgio para mim.

— E você o meu, sendo a única criança com crença em mim.

— Desculpe por parar de acreditar.

— Acho que você nunca parou, porque você consegue me ver. Tenho medo de voltar a ser ignorado. – de repente, a expressão de Jack ficou em branco como se ele não estivesse mais dentro de seu corpo. Então ele passou a mão pelo cabelo.

— Jack?

— Tem algo errado... comigo... com o tempo. Tenho lapsos de memória... – ele soltou ambas minhas mãos e esfregou o rosto. – Desculpa, eu queria te distrair e acabei a beira de um colapso mental.

— É difícil para nós dois, o que importa é que não estamos sozinhos. Só espero que eu não tenha te criado em um delírio.

— Que? Não. Eu seria capaz de chorar se você não fosse real.

Dei um riso e me mudei de assento para ficar ao seu lado. Enganchei meu braço no dele deslizando minha mão para entrelaçar nossos dedos. Me surpreendi por apreciar o contato. Parecia tão único, ele parecia a única pessoa que me entenderia de diversas maneiras.

Jack olhou para mim e por um segundo de tomada de decisão, ele aproximou seu rosto do meu. Inclinei minha cabeça fechando os olhos, então ele me deu um beijo longo. Mas quando deixei de sentir a pressão de seus lábios, senti vontade de mais. Nós sorrimos bobamente tímidos.

— Você pode cantar para mim de novo? – ele pediu. Assenti, então nos deitamos no barco. Com a cabeça em seu ombro, comecei a cantar enquanto passava meu dedo mindinho de sua testa até a ponta do nariz.

A Rainha e o GuardiãoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora