Por que acabou?

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Se me permite dizer, acabou como começou, sorrateiro e em um dia de stress. Tinha se passado exatamente uma semana e não se venda ao pensar que não tinham possibilidade de reatarem, afinal um relacionamento de dois anos não pode acabar sem uma conversa prévia.

Julie atendeu ao décimo telefonema, sua voz era de choro, disse "oi" e suspirou.

_Oque aconteceu? _ disse sua amiga esquecendo do que queria pedir.

_Nada ...! Não foi nada, vou superar...eu tenho!

_Foi o Enzo de novo? _ Pronto, Julie desabou, chorou ao ponto de soluçar. Quando eles se conheceram foi uma luta pra Julie se render ao que sentia, não foi fácil.

Na caminhada de domingo já não conversava sobre ele, mas seu semblante mostrava que mesmo estando ali sorrindo o real desejo dela era de está na cama encharcando-a com lágrimas.

Enzo. Era o tipo de cara que não se apaixona com facilidade, e em casa, sem ter ânimo pra pedalar até a Serra, tentava entender o porque brigara com Julie. Ele não entendia, e muito menos o motivo de não estar com ela naquele exato momento. Ainda rolando na cama tentava ignorar o barulho que seu celular fazia quando recebia chamadas, sem sucesso levantou e rejeitou a chamada. Quem é o desocupado que me liga às oito da manhã de domingo, pensou colocando o travesseiro na cabeça.

_Viu... Ele não me atende! _disse Julie se virando para amiga entregando a garrafinha de água _ Já tentei varias vezes... Ou dá caixa postal ou toca toca e a chamada caí.

_Dá um tempo pra ele, talvez ele quer colocar as idéias no lugar, porque pelo que me disse a briga foi feia.

_Pra te falar a verdade nem lembro do porque brigamos... Acho que é porque eu queria ir a um show sozinha.

Talvez o cansaço do dia seja apenas o motivo de um estouro, de um momento longe da sanidade. Um minuto é muito, basta um segundo pra pegar faíscas e o relacionamento ir por água a baixo. Seja cara a cara ou por telefone, no meio da rua ou em casa, atrás de uma porta ou dentro de um elevador, não importa basta um segundo e no outro dia você está pra baixo querendo saber o motivo, querendo saber onde errou, se é você o culpado, se a briga foi válida ou por pura vaidade... Aos meus amigos dramáticos e orgulhosos essa é nossa história, onde o mundo se resume a um segundo, onde não a tempo pra pensar e como num impulso as decisões erradas ou certas são tomadas sem uma breve reflexão.

Julie se jogou no sofá esperando ter coragem pra tomar banho, olhou pro lado e sem se contentar com seu apê solitário, ligou o som. Ao som de capital inicial, Natacha se tornava sua amiga, cantava e dançava com a vassoura, nem percebeu o celular tocar.

_Por que você não liga pra ela? Para de esperar por ela.... _dizia um amigo.

_Acabei de ligar... _interrompeu Enzo.

_E então?

_E então nada! Ela não atendeu, ela me liga e depois ignora.

Seria mais fácil deixar passar, empurrar com a barriga, abaixar a cabeça e seguir em frente mas é inevitável não remoer um sentimento. Enzo tem uma foto de Julie guardada na carteira, Julie tem uma blusa de Enzo, que toda noite a veste pra não se esquecer de seu perfume. Enzo não tira os olhos daquele sorriso na foto pra não esquecer de como era tê-lo.

Passou uma semana, duas, três... Se passou um mês. Amanhecia, anoitecia e aquela história ainda estava engasgada na garganta dos dois. Uma orgulhosa e um play boy, o amor envolvido... Se quer saber, o momento ainda não tinha sido o suficiente pra quebrar toda a muralha de Julie, e a rotina chata impedia que Enzo corresse atrás de Julie como nos filmes.

Qualquer coisa pode atrapalhar, cabe a você julgar o real, o verdadeiro, o válido e o seu pra sempre.

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