Linked Across Time | L.S.

Capítulo 11 - Siblings huh?

Uma respiração. Duas. Respirou uma terceira vez e foi como se ouvisse o "pling" da ficha cair. Pânico. Sentiu o coração desenfreado atropelar as próprias batidas e um zumbido tomou conta de seus ouvidos... "Gemma" era a única palavra de sua mente.

- Gemma - repetiu em um sussurro o que soava como um mantra em sua cabeça - ela... está bem?

- Sim senhora. Foi exatamente para isso que liguei. Gemma está no hospital no momento, mas seu estado é estável. - uma tonelada foi retirada de seus ombros e a mulher suspirou aliviada, apesar de ainda estar sentida pela noticia e pensando na mãe da garota, o homem mesmo que tentando se manter profissional também parecia triste, como se isso o afetasse pessoalmente - O fato, Sra Anne, é que Amina engravidou jovem e sem se casar, e foi expulsa de casa assim que seus pais receberam a notícia criando Gemma sozinha desde então. Apesar de toda a ausência do pai, ela nunca fez objeções no testamento a respeito de deixar a guarda de sua filha para ele.

Anne estava muda, em choque do outro lado da linha, então o homem aproveitou para continuar dessa vez sem o tom profissional, soando mais suave e amigável, deixando a tristeza transparecer em sua voz.

- Sra. Styles, além de seu advogado, eu era também um amigo muito próximo de Amina, e sei que apesar de Des ser um homem bem sucedido ele nunca foi um pai "exemplar". Amina sabia disso tanto quanto eu, mas sempre que falava dos Styles citava o quanto gostava da senhora e a considerava uma pessoa maravilhosa. Ela dizia até que um dia a senhora seria uma ótima mãe, até melhor que ela mesma que trabalhava o dia todo para sustentar as duas sozinha. - ele deu uma pausa para que ela absorvesse tudo, e Anne pode ouvir um suspiro cansado do outro lado - Creio que quando assinou esse testamento a tempos atrás sem nenhuma objeção quanto a guarda, ela não pensava em Des como pai e sim na senhora como mãe de Gemma... Anne, permita-me te chamar assim... Quero que te entenda o quão pessoal esse pedido é. Preciso te pedir, como amigo que era, que a senhora pense nisso e converse com seu marido. A criança não merece um orfanato, mas sim alguém que a crie como própria filha. Você poderia fazer isso por Amina, Anne? Criar a pequena Gemma como filha da senhora?

Anne soluçou novamente e algumas lágrimas se desprenderam de seus olhos. Ela estava emocionada por Amina a estimar tanto e sentia realmente a morte da mulher, além de não conseguir conter a compaixão pela pequena garotinha de apenas 4 anos. Pedir para que ela fosse mãe? Ele não sabia o quanto aquela palavra era importante para ela...

- Eu nunca pensaria em outra decisão que não essa, Sr. Thomason. Você poderia me dizer quando será o velório e onde é o hospital onde Gemma está? Eu pegarei ela assim que receber alta, e qualquer papelada o Senhor pode me entregar pessoalmente. Des não seria louco de manda-la para um orfanato, e eu muito menos louca de autorizar caso ele quisesse.

​O advogado passou todas as informações, e após desligar a ligação foi a vez de Anne ligar para Des e dar a noticia.

*

Anne desceu do carro e se dirigiu a porta de trás para pegar Gemma. Ela havia passado no funeral antes de pegar a garota, pois não achou prudente levá-la até o local. Aquilo já seria triste sem que tivesse que encarar a mãe morta em um caixão, então achou melhor que a criança mantivesse em sua mente apenas as boas lembranças de Amina.

Gemma permaneceu o trajeto calada, e ao descer segurou firme a mão livre de Anne, que segurava também uma mala com seus brinquedos e algumas de suas roupas na outra. Alfred, o advogado, se responsabilizou por empacotar o restante das coisas e trazer quando trouxesse a papelada referente ao óbito e à própria Gemma.

A menina por sua vez vinha cabisbaixa e parou por alguns segundos olhando a imensa casa. Ela não era uma criança boba, e haviam explicado para ela que a mamãe dela agora estava no céu, e por causa disso a partir de hoje ela moraria com seu papai - o qual não se lembrava como era, apenas sabia que mandava presentes - e com a Tia Anne, que era legal e que durante as visitas de sempre ainda se juntava a ela para tomar chá com suas bonecas e ursinhos.