Aquela do Capitão (parte 1)

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Aquele era o tipo de homem com quem ela poderia ter uma aventura. Uma experiência não-planejada, fora do curso.

Mas antes mesmo que pudesse tomar alguma atitude a respeito, o homem virou levemente o rosto em sua direção. Ele tinha os olhos em fendas permanentes, o que de alguma forma o tornava mais atraente, e lhe sorriu ladino, oferecendo a bebida em um brinde.

Camila se empertigou, arrumando a saia de grife, e o cumprimentou de volta com um gesto de cabeça.

Eles continuaram naquela troca de olhares, Guilherme a observando com interesse, e ela avaliando que próxima atitude poderia tomar. Sem pensar duas vezes, tirou a bolsa da cadeira a seu lado e indicou ao comandante que se sentasse ali.

Ele sorriu para o chão, mostrando todas as ruguinhas charmosas de seu rosto experiente e se aproximou com elegância.

- Por favor. – disse, e sua voz fez Camila torcer os dedos do pé dentro da sandália. – A quem devo a honra?

- Meu nome é Camila Jardim. – ela se apresentou, tendo a mão segurada e um beijo cálido postado em seu dorso.

- Camila... – o capitão testou o nome da moça nos lábios, parecendo satisfeito com o resultado. – Bem, o que traz uma mulher da sua classe a essa espelunca? – perguntou divertido e ela riu em retorno, encantada.

- Acredito que eu precisava de uma mudança de ares. Algo que saísse da minha zona de conforto. – respondeu, sincera. Estava encantada com a polidez do homem, embora pudesse enxergar o brilho malicioso que ele carregava consigo, no tom das palavras e cheiro de sua pele. O terno bem cortado era uma capa para o imã perigoso que eram seus ombros fortes, e ela quis se perder ali por um segundo.

Guilherme novamente a analisou, procurando suas motivações por detrás dos olhos castanhos. Quando a encontrou sozinha sentada na lateral externa do bar, tinha certeza que não seria o par de pernas a quem buscava. Ela se vestia bem demais, e seu ar de fineza não condizia com as mulheres a quem normalmente recorria naquele tipo de ocasião.

Mas, então, ele pensou. Não era de aventuras que ele justamente se alimentava? Para que encontrar conforto nos braços de uma qualquer se ele podia ganhar na loteria com uma italiana única em busca de um algo a mais?

- Acho que eu tenho exatamente o que você precisa.

Guilherme havia oferecido o braço à Camila, e juntos eles percorreram a distância do bar até o ancoradouro. A rampa de acesso estava baixa, onde algumas gaivotas se apoiavam.

A estilista se impressionou com o imponente navio que o loiro capitaneava, admirando-o sob o sol insistente do fim de tarde.

- Presumo que esteja me levando para lá. – ela disse, batendo os cílios para o mais velho.

- Presumo que esteja interessada. Estou errado? – ele rebateu, ao que ela sorriu.

- Vou precisar de um tour.

- Eu não me contentaria com menos.

Eles subiram abordo e Guilherme a guiou pelos diversos corredores estreitos. Passaram por uma porção de portas que ela presumiu serem as cabines, então um grande espaço de maquinário barulhento, e enfim uma porta larga e ornamentada.

- O que tem aí? – ela perguntou, curiosa.

Guilherme apenas lhe sorriu e indicou a maçaneta, que ela prontamente girou.

Dentro do lugar, havia um painel grande cheio de mostradores, alavancas e botões. Duas cadeiras imponentes de couro, assoalho de madeira escura, e, claro, um grande e polido leme.

[Degustação] FetichesWo Geschichten leben. Entdecke jetzt