*Prólogo* (Samira)

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*Ano de 2005*

Sou uma criança feliz, sou pobre, mas papai e mamãe se esforçam para me dar o melhor. Hoje vamos para a casa do meu vovô, eu gosto dele. Ele faz tudo para me agradar.

***

- Que menina linda temos aqui. - Meu avô diz com o seu sorriso habitual. Um sorriso que eu nunca tinha notado antes, hoje há alguma coisa nele que eu não sei.

- Bênça vovô. - Ele me puxa para seu colo e cheira meu pescoço. Essa intimidade faz meu estômago se revirar, uma sensação desconhecida para mim, sinto nojo.

- Deus te abençoe, querida. - Mais um cheiro no pescoço.

Tenho 11 anos, mamãe diz que sou precosse demais, meu corpo já está se formando, homens mexem comigo quando passo por eles, eu não gosto disso. Mamãe já me explica que devo dizer não, que sou uma criança e que não é para mim ter pressa, ela disse tanta coisa estranha que senti nojo, eu também ria com ela falando essas coisas. Eu não quero o que mamãe falou, o que os homens pensam em suas cabeças, o que os meninos da escola pedem, eu ainda quero brincar com minhas barbies, é nojento quando sinto que eles querem o que papai e mamãe fazem. Beijar. Eca, isso é nojento. Saio do meu transe com uma sensação estranha, saio do colo do meu avô com um pulo.

- Papai, quero ir embora. - Eu digo com um nó na garganta.

- Amor, você ama a casa do vovô. Você quis que eu te trouxesse para você passar as férias. -  Olho para mamãe a procura de conforto. Ela me dá um sorriso amável.

- Tudo bem querida, é só uma semana. A sua prima Karen já deve estar chegando também. - Me lembro de Karen, um sorriso brota em meus lábios. Eu amo Karen, ela é como minha irmã, nós somos melhores amigas.

- Venha, deixe-me pegar você. - A voz do meu avô me chama, eu corro para o colo do meu pai com a desculpa de que vou sentir saudades.

- Amor, nos vemos daqui uma semana. Divirta-se. Agora vá se sentar com seu avô. - Eu não quero ir, não quero que ele me cheire no pescoço, não quero sentar em seu colo, mas eu vou. Não posso dizer que não quero. Alguma coisa me diz que tenho que ficar calada. Então eu fico.

*Ano de 2010*

- Ele é tão lindo. Olha como ele olha para você, Sami. - Eu sorrio de orelha a orelha. Nunca permiti que os garotos se aproximassem de mim, mas Wess é tão lindo, tão doce. Falei com ele poucas vezes, acho que ele é interessado em mim.

- Ele é um bom amigo. - Eu coro ao olhar para ele e ver que ele vem em nossa direção.

- Para de ser tola, Sami. Se permita amar. Ele está chegando, vou ser uma boa melhor amiga e deixar vocês dois a sós. - Estou nervosa demais para escutar Diana. Diana é minha melhor amiga desde a quinta série. Eu conto tudo para ela. Quer dizer, quase tudo.

- Olá meninas. - A voz grossa de Wess nos comprimenta. Ele tem 19 anos, loiro, dos olhos azuis profundo. Ele é muito alto e musculoso, chega a ser intimidante, mas por alguma forma me sinto protegida. Tento diminuir meu sorriso, não quero parecer como uma idiota.

- Oi, Wess. Bom, já estou de saída, tenho trabalhos da chata da professora Andréia. - Diana beija minha bochecha e a de Wess, sinto raiva quando a vejo o beijando, eu sei que é sem maldade, ela é minha melhora amiga, ela sabe que gosto dele. Mas a raiva vem de qualquer forma, desvio os olhos.

- Tudo bem, eu já estou indo de qualquer forma. - Wess segura minha mão me impedindo de sair, se fosse qualquer outro homem me sentiria intimidada, mas é um toque tão doce, um toque que é capaz de fazer meu coração acelerar como se estivesse em uma maratona de corrida.

Uma Lição de AmorWhere stories live. Discover now