O garoto de saia

Capítulo XXXVI

Esses dias em casa serviram apenas para me deixar um pouco para baixo, pensava constantemente como ficaria minha situação, se eu teria mesmo de me submeter a vontade da maioria idiota daquele colégio.

O Blackwood High não é um paraíso, mas comparado às outras escolas da cidade era a mais civilizada, eu sabia que se mudasse de escola seria algo imprevisível, mas tenho certeza de que eu não gostaria. Afinal, meus amigos não estariam comigo, meu irmão não estaria comigo e todos os laços e raízes que criamos seriam desfeitas.

O Luke voltou a treinar esses dias com mais frequência, ele disse que os jogos estariam próximos, ele me fez prometer a ele que iria em seu jogo de estreia e em todos os jogos. Claro que aceitei, estávamos bem, com muita saudade um do outro mais bem.

Eu gostava do Luke, mas eu sentia que ele escondia muita coisa de mim, certamente os conflitos familiares, mas era inegável que esses conflitos têm consequências inclusive em nosso relacionamento. Durante o dia todo eu me lembrava dele, e sentia sua falta mais do que tudo, aquela vontade enorme de estar ao seu lado. Mas infelizmente devido às circunstâncias tínhamos que esconder esse amor. Lembrei da época em que eu estava ficando com o Ash e em como não tínhamos medo de nada nem de ninguém. Queria que fosse assim também comigo e com o Luke.

Faltava alguns dias para a festa de aniversário da Karen, metade da escola foi convidada a outra metade iria de qualquer forma.

— Nossa não faço nem ideia do que usar nessa festa. — Theo comentou.

— Nem eu, o que você vai usar Harry? —

— Não sei, provavelmente alguma coisa que me deixe invisível, ah esqueci que isso não existe. —

— E se nossas fantasias combinassem? — Karen sugeriu.

— Tipo o que? As três panteras? — Theo ironizou.

— Não seu cabeça de fósforo, alguma coisa combinado e que seja legal. —

— Posso usar um saco na cabeça? — Theo ao que parecia não estava muito entusiasmado com essa festa. Nem eu estava, meus problemas nunca foram tão problemáticos quanto agora.

— Eu transei com o Luke! — Disse meio que sem aviso, ambos olharam espantados para mim, Karen ficou tanto tempo de queixo caído que achei que ela estava paralisada.

— Como assim? Mas já? — Falou baixinho, estávamos na casa do Theo, não havia ninguém além dos funcionários.

— Já ué. —

— Onde foi? Quando foi? —

— Sábado passado, no dia da reunião idiota, ele foi lá para casa a gente subiu para o meu quarto e rolou. —

— Nossa amigo, estou em choque. — Theo exclamou.

— Ué, namoramos eventualmente isso aconteceria, não entendi o espanto. —

— É que foi um pouco do nada. –

— Mas você gostou? — Karen questionou.

— Gostei, foi bom. —

— Todo mundo discutindo na reunião, seu pai e a mãe do Luke na maior discussão e vocês dois se pegando. Que irônico. —

— Pior que sim. —

— É Theo, pelo visto nenhum de nós três ainda é virgem. —

— Espera, você não é mais virgem Theo? —

— Não. —

— E por que não me contou? —

— Porque eu ainda ia contar, não queríamos que se sentisse mal ou constrangido com isso. —