Capítulo VI

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Outro dia na escola começava, eu já estava sentado em meu lugar, Theo se sentava a minha frente enquanto Karen se sentava atrás, a aula ainda não havia começado, os alunos ainda chegavam.

Luke Griffin entrou pela porta, sua expressão não transmitia muito entusiasmo em seu primeiro dia na nova sala. Ele sentou-se em uma cadeira vazia ao meu lado, meus amigos pareceram um pouco incomodado com a situação.

Ele não falou, nem fez nada além de abaixar sua cabeça sobre os braços, tentei não olhar muito para ele. Mas era inevitável. Ele estava bonito naquela manhã, como em todas as manhãs de todos esses anos de escola.

A aula começou, tediosa como sempre, ele ficou desenhando em seu caderno, era aula de filosofia, tão tediosa que era difícil me manter acordado. Por sorte o horário seguinte foi de geografia, eu amava geografia e história, desde pequeno, eu gostava de colecionar mapas, tanto que meu pai pagou alguém para pintar o mapa-múndi no teto do meu quarto.

— Bom dia meus queridos, tenho uma boa notícia para vocês! — Nosso professor de Geografia disse ao chegar na sala com suas roupas extremamente formais

— Alguém foi atropelado e não vai ter mais aula? — Alguém do outro lado da sala perguntou em tom sarcástico, até o professor riu, ele não era muito politicamente correto, exceto quando estava lecionando.

— Muito melhor, vamos ter um trabalho de apresentação. —

— E isso é boa notícia? —

— Calma a boa notícia vem agora, vocês vão fazer um slide, não é divertido? —

— Tanto quanto ir ao bingo com o meu avô. — Bem até que eu estava entusiasmado com aquele trabalho, afinal eu amava estudar qualquer coisa de geografia.

— Muito bem, sobre o trabalho, será em duplas, então olhe a sua direita, quem estiver ao seu lado será sua dupla. — Olhei para o meu lado e Griffin me olhava de volta. Karen revirou os olhos pois além de eu ir com o Luke ela não faria dupla com o Theo.

— Já podem se juntar. — Luke pegou sua cadeira e sua mesa e colocou junto a minha.

— Oi! — Ele falou baixinho.

— Oi! —

O professor veio com um globo terrestre em mãos passando de dupla em dupla para sortear o país do qual a dupla deveria fazer o trabalho. Theo havia ficado com a Estônia. O professor girou o globo e Luke apontou para o globo com o dedo próximo a Linha do Equador e não deu outra, bem em cima da Malásia. Karen sorteou o seu e ela teve mais sorte que o Theo e parou no Japão.

Após finalizar os sorteios o professor avisou:

— Já podem começar a debater sobre o trabalho em dupla decidindo o que farão, a apresentação será amanhã, não será necessário qualquer parte escrita, me surpreendam. —

— Então, na minha casa ou na sua? — Luke questionou. Não é nem preciso dizer o quanto eu estava inquieto com aquela situação.

— Pode ser na minha. —

— Me passa o seu número então, para eu saber como chegar até lá. — Depois de digitar o meu número em seu telefone, pego eu caderno e fingi estar escrevendo alguma coisa sobre o trabalho.

— Você não quer ir depois da aula, você já almoça lá. — Questionei sendo prático, afinal queria acabar esse trabalho o mais rápido possível.

— Tudo bem. —

...

— Eu não quero saber de perguntas, piadas, ou qualquer protesto, ouviu? — Eu dizia ao meu irmão já dentro do carro, Troy era extremamente superprotetor, ainda mais que o papai.

— Tudo bem, deixa de mistério e fala logo. —

— O Luke Griffin vai fazer um trabalho em dupla lá em casa hoje. —

— O que a porra do Luke Griffin vai fazer lá em casa hoje? Ficou maluco? —

— Um trabalho em dupla, não ouviu o que acabei de falar? —

— Ficou maluco o cara é doido, pirado. Socou um garoto do nada no corredor. —

— Ele não vai fazer nada contra mim, pode ficar tranquilo. —

— Acho bom que ele não faça. —

Troy estava com uma cara nada contente, se ele falasse alguma coisa com o papai sobre o Luke seria insuportável com aqueles dois enchendo nosso saco. Quando chegamos desci do carro, Troy guardou o carro na garagem, fiquei esperando o Luke em frente a nossa casa.

Ele chegou cerca de um minuto depois de nós, estacionou, retirou seu capacete, depois arrumou seu cabelo.

— Seja bem-vindo, vamos entrando. — Ele me segue até que entramos dentro de casa, a primeira coisa que vemos e a imagem de Troy sentado no sofá de braços cruzados com uma cara nada simpática.

— Luke, esse é o meu irmão Troy. —

— E aí cara. — Luke falou e o doido do meu irmão respondeu apenas acenando a cabeça.

— Vem Luke, vamos subir ao meu quarto. — Fuzilei meu irmão com um olhar como se estivesse dizendo: "O que raios você está fazendo?"

— Filho, quem é o seu amigo? — O meu pai perguntou na cozinha, ele estava com um avental e secava a mãos com um guardanapo.

— Muito prazer senhor, eu me chamo Luke Griffin. — Vejo a expressão de cordialidade do meu pai murchando, como se houvesse jogado sal em cima de uma lesma.

— O prazer é meu, fica à vontade, daqui a pouco o almoço está pronto. —

— Vem Luke. — O chamo e ele caminho de volta a escada. Olho para trás e vejo meu pai mandando o meu irmão ficar de olho em nós dois apenas com o olhar.

— Bem, esse é o meu quarto, não repara na bagunça. — Ele ficou ali por uns momentos parado olhando cada detalhe da decoração, desde a minha estante de livros, até os pôsteres na minha parede.

— Seu quarto é muito legal. —

— Obrigado. Se não se importar vou tomar um banho agora, pendura sua mochila ali e fica à vontade. — Pego uma toalha e uma muda de roupa e me dirijo ao banheiro. Me olhei no espelho, minha face estava pálida como uma folha de papel. O fato de o Luke está no meu quarto não ajudava muito.

— Calma, calma, vai sair tudo bem. — Disse mentalmente tentando me acalmar.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

O garoto de saiaWhere stories live. Discover now