Capítulo XIII

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Os dias se passaram normalmente, sem novos momentos subversivos como aquele beijo. Ashton havia sumido, creio que era por conta do jogo, já que a temporada de jogos começaria em breve.

Já Luke andava um pouco esquisito, andava calado, distante de tudo e se todos dentro de sala. Somente conversava com seus amigos no intervalo.

Parecia que depois da nossa apresentação ele voltou a relevar a minha existência, eu não duvidaria que fosse isso mesmo que estivesse acontecendo.

O dia do jogo do Ashton finalmente havia chegado, depois de eu ter contado sobre o seu convite, meus amigos me obrigaram a ir. Até o chato do meu irmão iria.

— O que eu uso? — Indaguei? Olhando meu guarda-roupa que eu amava manter organizado. Acabei esquecendo de salientar a minha profunda paixão por moda, desde pequeno sempre gostei. Aliás, quando eu era criança, achei uma caixinha de costura no quarto do meu pai. Lembro que tive uma ideia bem idiota, peguei o lençol da cama dele e cortei para depois fazer uma espécie de saia, até que ficou bonitinha. Mas meu pai ficou uma fera, não sei se mais por eu estar usando saia ou por ter cortado o lençol dele.

Aliás um dos meus filmes favoritos é O Diabo Veste prada, assim como Cruella, até que eu me inspirava às vezes e desenhava uma vestidos, mas não ficavam tão bons.

Enfim, olhando minhas roupas eu parecia indeciso. Mesmo que fosse um jogo de futebol, eu não deixaria de me arrumar. Elegância é beleza e beleza é poder.

— Que tal uma camisa com a foto só Ash, dizendo assim: "Meu jogador número 1". — Theo falou e Karen caiu na risada com ele.

— Amigo é um jogo de futebol, vai com uma camisa do time da escola. —

— Eu não tenho uma camisa do time da escola. —

— Eu não te disse Karen, que ele inventaria essa desculpa. — Theo falou pegando sua mochila e de dentro tirou uma camisa, ela era azul-marinho até que era linda.

— Você não vai faltar no jogo do seu futuro namorado. — Karen disse lixando a sua unha.

Aquela tom do tecido me deu uma ideia, peguei um short preto que eu tinha, ele era bem confortável, olhei as duas cores e vi que combinavam, fui ao banheiro para me trocar.

— Como estou? — Questionei ao terminar.

— Ainda falta uma coisinha. — Karen me olhava como uma crítica de moda observava as modelos de um desfile.

— O quê? —

— Vem cá — Ela pegou alguma coisa em sua bolsa, era tinta, até que achei uma ideia legal, ela passou em minhas bochechas, fazendo duas listras, uma azul e a outra branca.

— Pronto está perfeito. Acho que o Ashton vai ser o artilheiro hoje. —

— É, espero que ele meta muitas bolas dentro. — Theo não tinha muito pudor em suas piadas, não se deixem enganar por sua expressão meiga.

— E eu vou meter a mão na sua cara. —

...

No estádio, sentado em um lugar próximo gramado, que nos dava uma boa visão. Conforme a noite já chegando às pessoas também chegavam e pouco a pouco os lugares ficavam cheios.

Repentinamente Robb, Garry Smith e Patrick, passaram por nossa frente, Garry lança um olhar direcionado a mim, que percorre toda a extensão do meu corpo, dos pés a cabeça, depois me lança um olhar de desprezo.

— O que foi isso? — Theo perguntou.

— Isso meu amigo é o Robb com ciúmes. —

— Ciúmes de quê, garota? —

— Amigo, deixa de ser inocente, por causa do Ashton, metade da escola quer pegar ele e a outra metade também. —

— E o que eu tenho a ver com isso? —

— Bem, digamos que todo mundo sabe que você e o Ash andaram se pegando. —

— E quem contou? — Olhei para o Troy que logo negou com o dedo.

— Não fui eu, eu juro, essa conversa não saiu lá de casa. —

— Não duvido que mais alguém tenha visto, vocês não foram muito discretos. —

— Só o que faltava, essas coisas feias com inveja de mim. —

— Esses três tem inveja de todo mundo. — Theo falou.

— Pensei que o Garry Matarazzo fosse suficiente para o Robb. — Falei.

— Ele é louco pelo Ashton, amigo. E convenhamos que o Garry não é lá essas coisas, ele parece um sem-teto. — Karen explicou.

— De qualquer forma, isso não importa, deixa eles se mordendo de inveja. — Eu relevaria, se outras pessoas também não houvessem me lançado olhares estranhos, alguns até estranhos demais.

— Estou me sentindo cercado. — Falei.

— Ignora baby. —

Tentei ignorar, mas mais uma vez Robb passou na minha frente, exatamente na arquibancada onde eu estava. Junto de seus fiéis amigos. Eles olharam para nós e começaram a rir.

— Perdeu alguma coisa aqui? — Perguentei um pouco impaciente, quando percebi estava de pé e de braços cruzados. Ele me lançou um olhar com toneladas de deboche.

— Está falando comigo, coisinha? —

— Estou criaturinha. — Karen e Theo logo ficam de pé também.

— Nossa, notei que você não veio com uma de suas saias hoje, já acabou a festa junina?! — Olhei para Karen e ela parecia em choque com o que ele havia acabado de falar.

— Não, só quis vir de short mesmo, é que diferente de alguns eu fico bem em qualquer tipo de roupa. Sabe, isso que dá ser bonito. —

— Sei, realmente fica, fica mais ainda com um saco de batatas tapando a sua cabeça. —

— De saco você entende bem, não é Robb?! —

— O que você quis dizer com isso, Karen? —

— Ué, o que você bem entendeu. —

— Vou fingir que nem ouvi. Então queridinho, acho melhor você deixar de ser paranoico. — Robb falou comigo, olha que eu não tinha raiva de ninguém, mas naquele momento a minha vontade era enfiar a minha mão na cara dele.

— É, está ouvindo coisas, fofo. — Garry Smith falou.

— Não estou, vocês estavam rindo de mim e falando alguma coisa, mas enfim, só queria dizer que perdoo vocês, sei que é difícil conviver com uma pessoa perfeita como eu, sabe eu também me sentiria mal se fosse vocês, mas ainda bem que não sou. Eu sinto muito, por vocês. —

— Perfeito, você? — Sua resposta foi carregada de deboche.

— Como eu disse, sinto muito. Se quiser até umas dicas, eu posso fazer essa caridade. —

— Vai se foder balofo. — Robb falou saindo do papel, e demonstrando que havia se ofendido e ficado com raiva. Depois disso eles se foram.

— Amigo, você foi muito perfeito, colocou os "Sem-Floresta" para correr. —  Nós os chamávamos assim, por conta da animação.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

O garoto de saiaWhere stories live. Discover now