Capítulo XVI

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            Depois do karaokê voltamos a caminhar aleatoriamente pelo shopping, já era tarde por isso o lugar estava quase vazio, a noite ficava mais fria a cada minuto, não demorou muito para eu começar a tremer. Ashton ao perceber que eu estava com frio me abraçou, me apoiei no parapeito do vão do segundo andar e ele me abraçou por trás, isso me deixou um pouco aflito, assim como me deixou igualmente confortável, seu corpo me esquentava e isso era tão bom, como o Ashton era grandão, meu corpo parecia estar encolhendo no seu abraço.

— Seu cabelo é tão lindo — Falou, eu amava como ele atentava-se a cada mínimo detalhe — Tão cheiroso. — Ele o cheirou isso me deixou tão molinho, acho que não fui feito para resistir a esses chamegos.

— Você acha? —

— Eu não acho, ele é, assim como você, todo perfeitinho. — Irônico o Sr. Perfeitinho me chamando de perfeitinho.

— Que engraçado ouvir isso do Sr. Perfeitinho. —

— Sr. Perfeitinho?! — Acho que ele não sabia que esse era seu apelido.

— Meus amigos te chamam assim, acho que eles estão certos quanto a isso. —

— Acho que eles estão errados, se existe alguém que merece esse apelido é você Harry. —

— Não, ele se aplica mesmo a você, é só olhar... —

— Você não vai me convencer, aliás eu poderia até te chamar disso daqui para frente. —

— Estou longe de ser perfeito. —

— Mas é o que está mais próximo, você é ridiculamente lindo, seu cabelo é perfeito, seu cheiro é espetacular, sua pele é macia, sua voz é doce, sem falar que você se veste super bem. —

— Só existe um Sr. Perfeitinho e é você. —

— Posso te contar uma coisa? —

— Pode sim. —

— Nunca pensei que ficaria comigo, ou que um dia fosse falar comigo, sempre te achei tão perfeito que acreditei que você não ficaria com ninguém do colégio ou dessa cidade porque você merece o melhor. — Se aquele garoto continuasse a falar daquele jeito eu entregaria minha alma diretamente a ele.

— Sério? —

— Sério. — Me virei, ainda permanecendo em seu abraço, olhei bem no fundo de seus olhos âmbar, eles reluziam lindamente. Mais uma vez eu o beijo, e eu já sentia o efeito do vício em meu corpo em minha mente. Eu sempre fui uma pessoa que viveu em uma zona de conforto, sempre rodeado e nunca sozinho, nunca senti muita necessidade por afeto ou por um relacionamento amoroso, mas isso nunca me impediu de ter interesse, e confesso que meu interesse pelo Ashton crescia como as flores com a chegada da primavera.

— Eu não estou sendo muito grudento, estou? —

— Claro que não. —

— Que bom, é que eu quero ir devagar, mas você me tira um pouco da razão. —

(Ashton)

Na frente daquele garoto eu não sabia como agir, eu não sabia como me controlar, e tê-lo assim perto de mim era tudo o que eu sempre quis. Eu queria explicar para ele que eu sentia bem mais do que uma simples vontade de ficar com ele por um momento, na verdade eu queria mesmo era fazer parte de todos os momentos de sua vida, eu queria ser dele, mas não quero assustá-lo nem o pressionar a nada. Quero que ele me queira.

Sobre essa paixão ela vinha de muito tempo, desde que nos conhecemos na escola, quando estudamos juntos, naquela época ele já era lindo, eu era mais fofo do que bonito. Não éramos muito próximos, na verdade não nos falamos muito nesse tempo, afinal ele sempre andava com os seus amigos.

Mas eu sempre prestei atenção nele, e quando ele foi crescendo cada vez mais ficava perfeito, e cada vez mais distante. O ruim era não era apenas eu que queria ele, pois eu percebia olhares de outras pessoas também, isso me deixava um pouco inseguro, mas eu não tinha o direito de ficar com raiva afinal ele não me pertencia. Houve uma vez na formatura do primeiro grau, que estávamos dançando no baile, naquela ocasião eu fui eleito rei, todas as garotas queriam dançar comigo, mas eu só queria tirar ele para dançar. Eu até tentei, caminhei em sua direção, mas no exato momento que fui falar com ele seu irmão apareceu e o tirou para dançar, depois ele ficou dançando com seus amigos também. Eu tinha catorze anos naquela época, era bem novo, mas já gostava dele mesmo não compreendendo muito bem o que isso significava.

— Ashton Blake, eu não te criei para ser covarde, você tem que falar para o Harry que você gosta dele. — Minha avó me disse quando contei finalmente a ela sobre quem eu gostava.

— Não é assim bem fácil vó, ele nem liga para a minha existência. —

— Pois então faça ele ligar, você é lindo, se ele te rejeitar vai ser ele quem perdeu. — Ainda com esses conselhos não fui capaz de sequer falar com ele. Até a ocasião em que ele começou a usar saias, naquele momento eu percebi que não só eu havia gostado, assim como outras pessoas, então eu não deixaria que ninguém o possuísse antes que eu dissesse o que eu sentia.

Naquele momento em que aqueles olhos azuis quase me cegavam, ainda assim eu não tinha coragem, pois eu tinha medo de deixá-lo desconfortável, ou ele achar que eu sou um maluco. Eu quero ir devagar, pois quero que ele tenha certeza de tudo, pois eu não estou nessa de brincadeira. Eu quero o Harry, quero que ele seja meu.

Quero andar de mãos dadas com ele pelo colégio, quero apresentar eles a minha família, quero o abraçar quando ele precisar de um abraço, fazê-lo sorrir quando estiver triste, ou estar com ele quando sentir-se solitário, mas se depende-se de mim ele jamais estaria solitário.

Qualquer pessoa com um pouco de sanidade e bom senso acharia que estou sendo muito exagerado no que eu sinto, mas é que quando o vejo nada mais faz sentido, era como se o mundo todo sumisse e restasse apenas nós dois em uma imensidão branca, pois ele é mais incrível do que o universo e todos os seus mistérios.


CONTINUA NO PROXÍMO CAPÍTULO

O garoto de saiaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora