Capítulo 12

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O ritual para Jéssica ser a Reverenda Madre estava concluído. O seu despertar fez com que as crenças ganhassem mais forças, e enquanto ela se recuperava em um canto com Paul ao seu lado, outras mulheres religiosas se aproximaram de Sophie.

— Você é tão linda, Sihaya. Uma verdadeira primavera no deserto — a mulher ergueu a mão para acariciar o rosto de Sophie mas exitou, até que a garota pegou na mão da mulher levando-a até a sua bochecha — A vida que trará será tão abençoada. Arrakis será o paraíso verde que tanto esperamos, finalmente acontecerá.

— Ela com Lisan al Gaib nos guiarão — disse outra fremen — Vocês são lindos juntos, como a vida deve ser.

— Vocês são um casal? — perguntou uma terceira e quando Sophie concordou, acabou não segurando o riso com a reação da mulher — Oh, um lindo futuro teremos. Como está escrito!

— Vocês esperaram por muito tempo, não é mesmo?

— Séculos, por séculos desejando estar em tua presença. Somente você poderá trazer de volta a vida, e curar o outro estrangeiro.

Sophie franziu o cenho, confusa com o que acabou de ouvir.

— Quem é o outro estrangeiro?

— Ele tem a mesma estrela que você, e está quase se juntando aos outros nessa noite.

Aquela frase fez com que o coração de Sophie ficasse apertado, assim como uma intuição lhe despertava de que ela conhecia de quem elas estavam falando.

— Por favor, onde ele está?

A mulher não disse mais nada e Sophie começou a ficar aflita, porque o símbolo da estrela significava que alguém de Antares estava ali, alguém que utilizava o brasão de sua família. Ela se levantou quando viu que não conseguiria mais respostas, encontrando Stilgar.

— Me falaram de outro estrangeiro, que está morrendo. Onde ele está? — ela perguntou, desesperada — Stilgar, eu quero vê-lo.

— Ele chegou aqui quase morto, conseguimos somente resgatá-lo junto com uma bolsa, caído no meio do deserto.

— Mesmo assim, por favor, me leve até ele — Sophie implorou, quase às lágrimas.

Chani, que estava por perto, levou Sophie junto com Stilgar até o local onde o forasteiro tentava se recuperar sem sucesso. Um grupo de fremen que tentava trazer alguma melhoria ao enfermo se afastou, e Sophie podia sentir as pernas falharem no momento que o viu.

Tão diferente da última vez que haviam conversado pessoalmente, ou de que tinha convivido durante toda a sua infância.

— Heitor!

Deitado no chão e com bandagens em torno do seu dorso, Heitor respirava com dificuldades e delirava de febre. Sophie se ajoelhou ao lado dele, chorando enquanto agarrava a mão do irmão mais velho e notava suas feições.

— Conseguiram estancar o sangramento, mas ele ainda não melhorou. Não há mais jeito dele viver — explicou Stilgar.

— EU DIGO SE HÁ JEITO OU NÃO DELE VIVER! — disse a garota, olhando o corpo do irmão e afastando as bandagens para ver a gravidade do ferimento. Por terem tido parte da mesma educação, e conhecendo as naves da família Asterion, ela disse: — Tragam a bolsa dele.

Assim que foi entregue, ela revirou até encontrar o pote que desejava. Uma pequena lata que continha uma pasta um pouco dura da qual Sophie tinha visto milhares de vezes, porém tendo usado muito pouco, o que não significava que ela não sabia como preparar.

Long Live - Paul AtreidesWhere stories live. Discover now