Capítulo 09

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Paul controlava a nave que saiu do esconderijo e foi cada vez mais ganhando altitude. Sophie estava ao seu lado, enquanto Jéssica se encontrava no banco de trás. Pela forma que a areia se movia, a jovem logo notou que um verme de areia se aproximava da base onde estavam poucos minutos atrás e tudo o que conseguia pensar era se Liet ficaria bem.

Ela torcia para que a resposta fosse sim.

Olhando pelos retrovisores, ela observou alguns pontos voadores seguindo-os. Seu olhar para Paul denunciou que tinham sido descobertos de alguma forma, e o Atreides observando a nuvem de tempestade próxima de onde se encontravam percebeu que ali estava uma oportunidade para escaparem.

— Paul! Ainda não subimos o bastante — Jéssica o alertou quando notou que o filho ia de encontro às nuvens densas de areia.

— Segurem-se!

Os mísseis que os seguiam acompanhavam as manobras do jovem, que tentava desviá-los sem que de fato estivesse dentro da tempestade. Não teriam visibilidade além da potência que a areia vinha na direção dos mesmos, podendo-os derrubar ou pior, matá-los. Mas aquela era a única alternativa.

Logo que entraram, a nave começou a girar seguindo os redemoinhos dos ventos de areia. Dois dos mísseis bateram em si mesmos, enquanto o outro rodava cada vez mais longe do grupo até sumir de vista. Os ventos fortes então começaram a prejudicar a nave, trincando os vidros enquanto as hélices que faziam o vôo mostraram que não iriam durar muito tempo.

— Não devo ter medo — os sussurros de Jéssica começaram a ser ouvidos pelo jovem casal — O medo mata a mente. O medo é a pequena morte que leva à aniquilação.

Enquanto tentava controlar a nave, Paul teve uma visão de um fremen no deserto com uma voz ao fundo sussurrando sobre não lutar contra o fluxo, mas sim, deixar-se levar por ele para que tudo ocorra bem.

Então, Paul soltou os comandos da nave e fechou os olhos, deixando-se levar pela tempestade.

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Sophie não sabia quanto tempo tinha levado, mas quando estavam na altura ideal para navegação, Paul religou a nave assumindo o controle novamente até saírem das nuvens de areia, sobrevoando acima do real perigo da tempestade com apenas duas das quatro asas.

— Ao pousarmos, vamos correr até as pedras — planejou Paul — E depois...

O barulho da outra asa caindo fez com que a Atreides se virasse para trás e antes de pensar em algo, os três começaram a cair. Paul tentava diminuir os danos, encontrando uma grande duna de areia que iria amortecer a queda.

Os três saíram rapidamente com os equipamentos, correndo como podiam até o monte de pedra mais próximo e ficando em um nível elevado para que tivessem segurança por algum tempo enquanto colocavam o trajestilador.

Paul virou-se de costas para as duas, e ambas se arrumaram rapidamente. Sophie achou melhor trançar os cabelos para ficar mais prático, prendendo com uma pequena tira de tecido do pijama que usava. Ela também deu um jeito de usar a pulseira, mesmo que o traje a escondesse além de manter a dagacris consigo, sua única arma no momento que não tinha sido tirada pelos Harkonnens na nave.

— Você ainda a tem — Jéssica não pode deixar de observar a lâmina fremen na mão da garota.

— Foi o que me salvou por alguns instantes quando iniciaram o ataque. Levaram a espada que ganhei do meu irmão.

Assim que terminou, Sophie ajudou Jéssica prendendo de forma que ela não perdesse nenhuma água do corpo, além do tubo de respiração que estava embutido no traje. Colocando os cabelos da mais velha para dentro e a touca, os três completaram com um lenço além da parte que protegia o restante do rosto antes de seguirem viagem para encontrar os fremens.

Long Live - Paul AtreidesWhere stories live. Discover now