cap.53, cap. 54

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Apesar da tensão que pairava no ar após o enterro de Francis, Cassius seguiu para a academia. Ele ainda precisava encontrar sua filha. Saindo da cabine do elevador naquele andar vazio, ele caminhou além do quarto que costumava frequentar. Ao abrir a porta, deparou-se com uma grande sala repleta de computadores de última geração, dispostos lado a lado. E lá estava ele, o menino magro, sentado à frente de uma tela.Cassius se sentou ao lado de Filipe sem dizer uma palavra, enquanto o garoto descansava o rosto sobre a mão, com os olhos cansados.— Ainda passa noites acordado com isso? — perguntou Cassius, cruzando os braços e encarando a tela com um olhar vazio.— Você entregou tudo em minhas mãos. Acha que é fácil fazer isso? — resmungou o menino, bocejando. — Tenho que ficar de olho em tudo, mas estou com medo — confessou Filipe.— Faça o que eu te digo. Afinal, dezenas de pessoas dependem disso. Na hora que as coisas afundarem, a batata quente vai estar em seu dedo. Faça o que for certo — avisou Cassius de forma dura.— Sim — sorriu Filipe satisfeito. — Está me recompensando pelo que você fez por mim? — perguntou ele com esperança.— Só se você me disser onde está a minha filha.— Eu não sei onde Lilith está, mas posso te dar informações ainda mais relevantes — disse Filipe, abrindo na tela as mensagens que Lilith havia recebido.— Como você descobriu isso? — perguntou Cassius, se inclinando para frente e lendo as mensagens endereçadas a Lilith, com Nate como remetente.A primeira mensagem pedia que Lilith fosse ao campus de Rowland para pegar alguns remédios importantes para Ramis. O local era próximo ao Wallstone, onde Orfeu foi morto. Mas minutos depois que ela estava a caminho, Nate cancelou a mensagem e Lilith retornou, pouco depois de passar de carro em frente ao Wallstone. Por isso, ela não estava na academia.Próximo do horário da morte de Francis, Lilith também recebeu uma mensagem, mas essa a levou para longe da cidade, para o hospital de tratamento especializado que Nate administra e que ele mantém o mais distante possível das atividades mafiosas. Era por isso que ela havia demorado tanto para chegar à casa de Francis.— Desgraçado... — resmungou Cassius, cerrando os punhos.— Não foi Nate, as mensagens foram enviadas de outro lugar, mas os aparelhos foram abandonados. Eu recuperei as mensagens de um banco privado que eu tive que invadir, Cassius... — suspirou Filipe, encarando-o apreensivo. — Quem fez isso sabe o que está fazendo, mas o que eles poderiam querer fazer prejudicando a Lilith? — perguntou Filipe pensativo, mas nenhum deles tinha resposta.— Não sei, mas acredito que deve ter acontecido algo nesse período... — ele suspirou pesadamente. Onde ela está?— Eu não sou Deus, eu não sei onde ela está... — confessou Filipe, abaixando a cabeça.— Eu deveria tê-la segurando... — lamentou Cassius pensativo, mas ele nem a tinha visto sair.Ele seguiu até o apartamento de Ramis e contou a situação. Agora, eles tinham que pensar em todos os locais possíveis para procurar Lilith. Avisaram a todas as organizações, mas ninguém sabia da menina.Ramis estava sozinho em casa, andando por todos os cômodos com ansiedade, sem conseguir pensar em qual lugar ela iria. Tinha que ser um lugar em que ela pudesse confiar. Ele continuava andando, até avistar uma pequena caixa rosa. Lembrou-se da pulseira de bebê que Lilith tinha comprado para a filha de Leydi.— É claro! Além disso, Ayrton não apareceu e nem seus familiares! — ele suspirou aliviado. Ela está com eles. Ramis seguiu viagem em direção à casa de Ayrton, esperançoso de que ela estivesse mesmo lá.Contudo, Cassius já tinha ido lá e eles disseram que não. Ele tinha acabado de sair. Então, Ayrton subiu a escada até o quarto onde Leydi estava sobre a cama, amamentando sua filha, enquanto observava alguém deitada em um colchão no chão, próxima à cama.— Ela não levanta para nada, murmurou Leydi apreensiva, enquanto Ayrton seguia até a bandeja com um suco de laranja, pegando-o e levando até Lilith.— E nem quer comer. — resmungou ele, obrigando Lilith a se sentar enquanto ele mesmo se sentava no chão, acomodando-a em seu peito enquanto ela parecia nem mesmo ter forças para se mexer.— Leydi... isso não tá dando certo, a família dela está preocupada. — resmungou Ayrlon, tentando fazê-la beber o suco.— Você não ouviu? Além disso, liguei para Kitty e perguntei. Ela disse que todos estavam pensando que foi ela quem matou nosso avô. Vê que loucura, a Lilith. — suspirou Leydi, lamentando ao ver a situação de Lilith.Ayrlon conseguiu fazê-la beber um pouco de suco, mas sentiu que seu corpo estava quente demais.— Não tem jeito... Lili tá com febre... — ele a deitou com cuidado novamente, seguindo para o banheiro. Ele rapidamente fez uma compressa para abaixar a febre dela. — Cassius vai me matar por ter mentido para ele! — resmungou ele.Os dois ficaram preocupados com a situação de Lilith, até ouvirem algo no andar de baixo.Assim que ele desceu, seu pai já tinha atendido a porta e Ramis irrompeu na sala, apreensivo.— Me devolva a minha esposa. — pediu ele, tranquilo. Ele não perguntou, mas tinha certeza de que Lilith tinha parado ali.— Ela não está aqui! — anunciou Leydi, aparecendo no topo da escada.— Eu conheço Lilith. Eu estava preocupado com outra coisa para raciocinar, mas se tem uma coisa que eu sei, é que ela está aqui! — asseverou Ramis, passando por Ayrlon e seguindo escada acima em direção ao quarto de Leydi.

Cassius. vol.4 A queda das potências. Ato fina.Where stories live. Discover now