Cap. 49: Lilith matou Orfeu?
Naquela mesma noite, Francis ligou para Ramis, pedindo que ele vasculhasse o laptop de Lilith e descobrisse do que se tratavam as provas mencionadas na mensagem anônima. Francis pediu discrição, para que Lilith e ninguém mais soubesse de nada antes dele entender a situação.
Durante a madrugada, Ramis acordou e pegou o laptop dela. Raramente se sentia na necessidade de fazer algo assim, mas acreditava que não havia nada extremo em se tratando de Lilith. Afinal, se ela tivesse algo para esconder, o laptop teria uma senha. Para sua surpresa, ele entrou com facilidade e começou a vasculhar tudo. Não encontrou nada, exceto um único vídeo na pasta de vídeos, aparentemente gravado pela webcam.
Ele abriu o vídeo e petrificou ao assistir.
/O que está fazendo aqui? — Orfeu perguntou assustado, recuando e sacando a arma com a intenção de disparar. Mas ele foi atingido três vezes no peito. Ele encarava o atirador com surpresa, demonstrando que era alguém que conhecia. Seu questionamento soou mudo enquanto tombava sobre a mesa, formando uma poça de sangue e perdendo a vida de imediato.
Ramis analisou o vídeo, desolado. Era evidente que o vídeo fora gravado pelo atirador, com o laptop aparentemente sobre a mesa no momento. Por um momento, ele sentiu falta de ar. Não havia provas de que Lilith tinha sido a atiradora, mas por que ela tinha o vídeo? Sentiu uma vertigem invadindo-o ao lembrar que ela estava bastante estranha ultimamente.
Ele analisou a hora do vídeo e percebeu que foi gravado poucos minutos depois de Cassius sair.
— Lili... por Deus, qual foi o problema? — sussurrou ramis apreensivo.
Ele ligou para Francis, mas quando este atendeu, Ramis mal conseguia falar.
/ Encontrou algo, certo? Me envie agora. — ordenou Francis. Ramis hesitou um pouco.
/ O que você vai ver não garante que foi Lilith. Eu não vou aceitar que a acusem disso, ela esteve comigo o tempo inteiro. — alertou Ramis, enquanto enviava o vídeo.
Assim que Francis viu, teve a mesma reação que Ramis. Aquele tipo de ação não era o comportamento típico de Lilith, mas a prova estava ali. Nenhum dos dois queria acreditar.
/ Não conte a Cassius ainda. — avisou Francis. — Antes de levantarmos suspeitas, eu vou investigar. Lilith não faria isso. Ela não recebeu esse tipo de treinamento. Mesmo que alguém merecesse morrer, ela só mataria se a pessoa representasse perigo para ela ou para quem ela ama. Assim que eu terminar de investigar, eu mesmo vou conversar com Cassius. Parece que algo mais sério está para acontecer.
/ Sim... — suspirou Ramis, apertando os olhos com a nova informação. — Isso não faz sentido algum...
Ele bufou, inclinado sobre o sofá, com a cabeça jogada para trás após encerrar a ligação.
— O que está fazendo com meu laptop? — perguntou Lilith, ao sair do quarto e ver seu laptop aberto na mesa. Ela o pegou com pressa, olhando desconfiada. A pasta do vídeo ainda estava aberta, e ela ficou tão surpresa quanto Ramis.
— O que é isso? — ela perguntou.
— Um vídeo feito pela sua webcam. — disse Ramis, mantendo a calma.
Naquele momento, Lilith ficou sem reação, perdida em seus pensamentos, enquanto Ramis a observava. Ela saiu da sala e seguiu para o quarto, sentando-se na cama em frente ao laptop. Naquele momento, sua mente estava em branco.
Ramis também não sabia o que dizer. Tudo parecia nebuloso. Ele foi para a cozinha, tentando se recompor com um copo de água. Lilith voltou à sala, pegou o celular de Ramis e vasculhou até encontrar a notificação da mensagem de seu avô. Suas mãos tremiam de confusão. Logo após, saiu sem dizer para onde estava indo. Ramis não a procurou, mesmo depois de encontrar seu celular aberto na mensagem de seu avô.
Ele sabia que ela correria para a casa de Brady, como sempre fazia. Hesitou várias vezes, sentindo vontade de ir atrás dela e conversar, mas sabia que não era o momento. Tudo aquilo o deixou ainda mais cheio de dúvidas.
— Que você não tenha feito isso... — suspirou ele, com algumas dúvidas.
Já era dia seguinte. Francis mal tinha conseguido pregar os olhos de tanta preocupação. Assim que saiu do quarto, deparou-se com grandes olhos amendoados o encarando de baixo com um sorriso empolgado.
— Papai... — murmurou Lara, o abraçando calorosamente.
— Que felicidade... a que devo tanto carinho? — perguntou ele, sentindo-se um pouco menos sobrecarregado.
— Nada, estou apenas feliz. Já estou tão perto de fazer dezoito anos. Estou animada que finalmente eu e Kaleb podemos assumir nosso relacionamento de forma oficial. — suspirou ela, acomodando o rosto no peito de seu pai, que a mantinha em seus braços.
— Você deve estar bastante feliz mesmo, já não é mais uma menina... — suspirou ele, pensativo. — Para mim sempre será.
— Sei que eu me tornei sua filha favorita! — disse ela com orgulho, fazendo Francis sorrir.
— Não posso questionar o fato de que nunca esperava te ter. Você é a única filha menina que eu tive e te amo na intensidade disso. Então, será sempre meu bebê até que você comece a faculdade, se case com o homem que você ama e vá embora, como todos os outros. — suspirou ele, apertando-a ainda mais em seus braços.
— Se eu for... — Lara resfolegou com o aperto de seu pai. — Você ainda tem a mamãe, ela vai estar aqui para você.
— Prefiro vocês duas, as duas mulheres que tanto amo e que estão ao meu lado.
Safira tinha saído do quarto logo atrás de Francis quando viu a cena, juntando-se a eles. Era uma manhã comum como todas, mas ainda mais calorosa e nostálgica para Francis. A sensação de estar abraçando as duas era como se estivesse abraçando seu mundo todo ali.
— Devo agradecer a Cassius? — ele perguntou ao soltar as duas. — Estive com medo de morrer sozinho com essa casa vazia, então ele se atreveu a me dar uma boa mulher e uma filha. — suspirou ele, enquanto seguia em direção à escadaria com a intenção de irem para a cozinha.
— Se você não agradece, eu sempre faço. Até porque devo minha vida a ele. — comentou Safira, pensativa. — E a vida de cada um de meus filhos.
— Sim. — suspirou Francis, pensativo. — Cassius tem seus méritos e credibilidade para ter o poder que tem. Eu não errei. — comentou ele, pensativo.
— Você parece emotivo hoje. Está acontecendo algo? — perguntou Safira.
— Está tudo bem. Falando nisso... Lara não disse que queria ver Kaleb hoje? — perguntou Francis. Sua filha demonstrou ainda mais empolgação ao perceber que ele aprovou, mas sua intenção era ter a casa vazia. — Eu vou ligar para Kaleu vir buscar vocês. É mais seguro do que sair com os seguranças.
— eu Também? — perguntou Safira, confusa.
— Quero que mantenha os olhos nesses dois. Ela não pode sair da linha antes de seus dezoito, pelo menos. — avisou ele a Safira, que apenas assentiu, enquanto Lara cruzava os braços, inconformada.
/ Pode vir buscar Lara. Ela quer ver seu filho. Leve Safira também. Tenho uma reunião agora. — avisou ele, enviando a mensagem.
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Cassius. vol.4 A queda das potências. Ato fina.
Romancehistória para os leitores que já estavam acompanhando, novos capítulos serão postados aqui.