16 - A calmaria antes da tempestade

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— Ah, mas a gente sabe que ele é assim mesmo, não liga pra isso. Você é linda.

— Eu quero ele.

— Emily, deixa isso pra lá. Aliás, — ela disse num tom de voz mais baixo, como se estivesse contando um segredo — eu ouvi dizer que ele tá ficando com uma garota.

— O quê? — a tal da Emily gritou espantada. — Quem te disse isso?

— Ah, eu ouvi umas pessoas falando que ele vive andando agora atrás de uma garota, acho que é aquela garota pequenininha do curso de Direito.

De repente, meu coração travou. As pessoas estavam sabendo, e aquilo era tudo o que eu não queria.

Mas a tal da Emily não levou a sério o que a amiga disse, pois caiu na gargalhada.

— A metida? Aquela baixinha de cabelo curto?

— Ela mesma. Por que você tá rindo?

— Eu duvido! Aposto qualquer coisa que não é ela. — ela continuou rindo. — Ela é arrogante e metida demais pra ficar com alguém como Jungkook. Aliás, eles dois não tem nada a ver. Jungkook nunca ficaria com ela. É só olhar pra nós duas e ver a diferença.

Minhas mãos começaram a suar quando a ouvi falar. Não consegui acreditar no que tinha ouvido. Queria não acreditar no que tinha ouvido. Meu maior medo havia ganhado forma real. As pessoas já desconfiavam que que estava ficando com ele. Para minha sorte, ou por conta da minha personalidade, a maioria das pessoas não acreditariam naquilo. Eu tinha conhecimento da imagem que passava, sabia que as pessoas me achavam arrogante e metida, e eu era mesmo, e essas características muita das vezes me salvava.

Esperei que as duas amigas saíssem do banheiro para que eu também pudesse sair. Naquele dia fui aérea para o trabalho e cheguei atrasada. Minha mente não estava raciocinando muito bem. Uma parte de mim dizia que eu não devia me importar com o que as pessoas falavam porque aquilo não ia mudar nada na minha vida, mas uma outra parte dizia que eu não devia continuar com aquilo. Era um caminho perigoso e sem volta. Não consegui pensar.

Mas ao chegar em casa depois de um dia de trabalho, pensei em todas as possibilidades catastróficas. Eu não devia continuar com aquilo. Só faltavam duas semanas para o semestre acabar, eu não teria problemas. Já havia praticamente finalizado o trabalho, não precisava mais lidar com Jungkook. Se eu ficasse longe o suficiente, se mantivesse uma distância segura, não precisaria lidar com os efeitos colaterais que ele causava. Então foi isso o que decidi fazer. Eu me distanciaria dele.

No dia seguinte esbarrei com Jungkook assim que sai do campus, ele sorriu meio sem jeito e eu não fiz nada. Ainda continuava sem saber reagir a ele e era melhor não fazer nada, eu não podia confiar nas minhas próprias atitudes quando se tratava dele. A segunda foi menos pior, o vi de costas conversando com Namjoon e passei rápido, evitei qualquer contato. A verdade é que eu me sentia atormentada pela presença de Jungkook, não conseguia olhá-lo sem ao menos ter vontade de beijá-lo, pior, sentia vontade de me estapear por querer aquilo. Não devia estar pensando aquelas coisas, não devia me sentir atingida por ele. Mas depois do que aconteceu naquele dia na árvore, se tornou impossível. Eu já tinha provado dele na festa de Anne, sabia como era bom, queria muito mais, porém, sua reputação me fazia regredir. Talvez, se ele fosse um cara normal, eu teria me dado a oportunidade de ter mais. Mas, se ele não fosse daquele jeito tão errado e tão ele, com certeza não me faria desejar assim.

Por sorte, tínhamos decidido não nos encontramos na quarta-feira para encerrar o trabalho. As provas estavam chegando, então poderíamos ajeitar a parte finça por e-mail e seguir com nossos estudos.

No fim de semana, me dei conta de que as provas começariam na terça depois da que estava chegando. Entrei em desespero, havia me perdido completamente no tempo por causa daquela questão com Jungkook. Tentei terminar o trabalho, apenas dando uns retoques finais, corrigindo algumas coisas, mas eu tinha muita matéria para colocar em dia, então mandei mensagem para Jungkook no sábado à noite. Sabia que ele provavelmente não me responderia, devia estar em alguma festa, bar ou sei lá por onde ele andava nos fins de semana. Sem falar que não queria ter que pedir nada para ele, mas não tinha saída.

CatástrofeWhere stories live. Discover now