14 - Eu queria ser como as outras pessoas

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Minhas sapatilhas da Gucci faziam um barulho irritante contra o concreto da calçada, mas eu não conseguia andar devagar. Não depois daquele beijo. Aquele beijo inesperado e maravilhoso. Devo ter falado a palavra merda umas mil vezes até no caminho até o meu apartamento. Eu estava me afundando cada vez mais naquela situação e não sabia como ia sair.

Lidar com Jungkook era uma novidade para mim, a personalidade dele me deixava desarmada na mesma medida que me deixa tensa, eu nunca sabia o que fazer. Homens, no meu ponto de vista, eram todos previsíveis, nada interessantes e completamente descartáveis, mas havia algo em Jungkook que me fazia ficar paralisada. Talvez fosse o fato de ser muito bonito, ou beijar muito bem, poderia ser até mesmo aquele jeito intenso de olhar, ou... Onde eu estava com a cabeça? Nem eu sabia qual era a justificativa. Ficava lembrando daquele acontecimento na festa surpresa de Anne e aquilo estava tirando a minha paz.

Ao chegar na rua em que morava, quase voltei ladeira abaixo. Anne estava sentada na calçada com o celular contra a orelha. Ao mesmo tempo em que a vi, meu celular começou a vibrar dentro da bolsa. Eu não queria lidar com ela naquele instante, mas era melhor do que voltar todo o caminho e dar de cara com Jungkook. Então segui em frente. Quando ela me avistou, abriu um sorriso enorme e seus cabelos cacheado balançaram quando ela se levantou. Anne tinha os cabelos tão bonitos. Ela era inteira linda.

— Amiga! — ela sorriu grande, como uma psicopata para mim. — Você demorou tanto. Tô te ligando há um tempão.

— Eu tava fazendo um trabalho da faculdade com Jungkook e Namjoon.

Anne me olhou um pouco confusa, mas me seguiu assim que abri a porta do pequeno hall de entrada.

— Eu tô no mesmo grupo de debate que os dois. — disse com desgosto. — Os grupos foram sorteados, então não tive escolha de parceiros.

— Trabalho do sr. Greene? — ela perguntou já sabendo quem do corpo docente de nossa universidade fazia aquele tipo de coisa.

— Esse babaca mesmo.

— Eu tenho pesadelos até hoje com o módulo de estudo dirigido. Quase reprovei.

— Eu odeio aquele babaca. — digo irritada. — Você acredita que ele me colocou pra fora da sala umas semanas atrás só porque passei um minuto do tempo de tolerância?

— O quê? — Anne gritou incrédula?

— Shhh! — disse ao subir as escadas. — O senhor Handler vai ficar me xingando.

— Esse velho ainda tá vivo?

Quis dar risada, mas aquilo era tão errado. Anne era um pouco selvagem em determinados momentos, ou só sem filtro.

— Eu trouxe frango frito e cerveja pra gente fazer uma noite das garotas.

— Anne, nós estamos no meio da semana.

— Eu tive um dia muito atarefado e mereço beber uma cerveja.

— Você vai ficar barriguda de tanto beber cerveja.

— Vira essa boca pra lá! Eu vou ficar gostosa pra sempre.

Não contrariei a sua ilusão. Apenas seguimos para o meu apartamento. Somente quando coloquei minhas bolsas sobre a pequena mesa de jantar que notei todas as coisas que Anne carregava. Ela parecia que estava de mudança. Todas aquelas bolsas eram o sinal claro de que ela dormiria ali comigo. Então não tive pressa em tomar meu banho e arrumar as minhas coisas. Anne falaria por toda noite e boa parte da madrugada, teríamos tempo para tudo.

CatástrofeWhere stories live. Discover now