8 - Eu era minha maior traidora

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Desde já aviso que o capítulo está enorme.
Boa leitura!

Eu sempre me perguntava o motivo de sempre acompanhar Anne em sua jornada baladeira nos finais de semana, e nunca encontrei uma razão para tal coisa. Não havia nenhuma justificava para acompanha-la em todas as festas que ela conseguia ir em um único final de semana. No fundo sempre achei que só seguia o fluxo por medo de afundar no tédio em meio ao tempo livre que os finais de semana me proporcionavam. Eu não tinha muito parâmetro de divertimento, então acabava fazendo o que Anne achava divertido.

Mas naquele sábado à noite em especial eu apenas queria me distrair. Havia perdido um pouco da voz por ter xingado fervorosamente durante vinte minutos, após discutir com meu pai por ligação. Como sempre, nossas divergências de pensamentos nos levava ao caos, e daquela vez não foi diferente. Daquela vez, surpreendentemente, não estávamos discutindo por causa da minha graduação, que ele sempre se opôs, mas sim por eu não ter tempo para visita-lo. Eu quase nunca fazia aquilo, e evitava até mesmo ligações ou mensagens. A verdade é que não cresci com meus pais, na maior parte do tempo. Como os dois eram médicos, os via alguns dias da semana, havia sido criada pelos meus avós. Mas mesmo ausente na maior parte do tempo, meu pai sempre foi capaz de impor um turbilhão de regras na minha vida, e sempre que possível, exigia tudo de mim. Crescer com ele longe e perto ao mesmo tempo foi confuso. Mas de uma coisa eu sabia, não gostava muito da sua presença. Sempre resultava em estresse ou brigas. E mesmo depois de sair da sua casa e conseguir minha independência, ainda me desgastava lidar com ele.

Talvez, por quase ter surtado naquela tarde, que resolvi sair com Anne naquela noite. Eu precisava de qualquer coisa que me fizesse abstrair daquele episódio estressante. Mas não era como se eu amasse sair para as baladas que Anne amava ir. Sinceramente, odiava um pouco, mas era minha única opção. Ou eu podia ter continuado em casa afundando no tédio e cansaço mental.

— Eu vou escorregar se você continuar me puxando desse jeito. — disse irritada ao tentar acompanhar seus passos apressados pela calçada molhada da chuva recente.

— A gente está atrasada. — ela disse segurando meu pulso com mais firmeza e indo apressada em direção a porta do pub.

— Não estou nem aí! — soltei sua mão do meu pulso. — Não esqueça que você tem um e setenta de altura e eu um e cinquenta e três, nem que eu queria muito consigo te acompanhar.

— Dave está me esperando. — ela disse apressada, voltando a me segurar pelo pulso e andando mais apressada ainda.

— Se eu cair, é bom que eu caia desmaiada, porque se eu conseguir levantar, vou encher a sua cara de porrada.

— Bem que o Jungkook disse que você tem uma boca suja quando quer. — ela disse rindo.

Meu cérebro travou por alguns segundos, mas logo voltou a funcionar.

— O único assunto que você e o Jungkook tem em comum é falar de mim?

Não era a primeira vez que Anne falava aquele tipo de coisa. Pelo visto, ela e Jungkook tinham bastante assunto, e um deles era eu. O que não me deixava muito confortável. Anne era minha única amiga, e Jungkook era só um cara inconveniente que eu estava obrigada a fazer um trabalho. E também um cara que eu tinha desenvolvido uma atração que não podia ter.

— Não. A gente fala sobre muitas coisas. — ela disse parando de repente, o que quase me fez bater nas costas dela. — Ele é um cara muito legal, é divertido também.

Não respondi ao que ela disse, mas revirei os olhos.

— Você devia tentar. — ela se virou para mim, me advertindo com o olhar. — Devia expandir seu ciclo de amizades.

CatástrofeWhere stories live. Discover now