13 - Tentando fugir do inevitável

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A madrugada depois da festa de Anne foi inquieta. Eu não conseguia pensar com clareza, tudo ainda era novo demais para eu assimilar. Ainda sentia a boca de Jungkook sobre meu corpo, os beijos que ele deixou sobre minha pele, ainda com rastro evidente mesmo depois do banho, mesmo depois de colocar o pijama, depois de horas, eu ainda o sentia. Perdi tanto tempo pensando em tudo o que fiz. A madrugada foi preenchida pelas memórias que estavam me inundando. Repensei todas as minhas atitudes. Eu não era daquela forma. O sexo nunca havia sido daquele jeito para mim, na verdade, o sexo não era uma pauta importante na minha vida. Era um assunto quase inexistente. Eu estava traindo a mim mesma? Ou estava mudando? Aquilo era passageiro ou perduraria? Por que com ele eu me sentia tão motivada a dar voz aos meus desejos? Por que me sentia tão livre ao ponto de não me importar com o depois? E por que, acima de todas aquelas dúvidas, eu não estava arrependida? Tinha certeza que estava confusa e fiquei mais ainda quando, quase ao amanhecer, depois de uma madrugada insone, recebi uma mensagem no celular:

Jungkook:

rastejaria até você agora

só para ganhar outro beijo seu

[04:17a.m.]

Eu ia colapsar. Jurava para mim mesma que Jungkook não era o tipo que mandava mensagem depois. Não havia nada sério, ele não tinha motivos para mandar uma mensagem daquele tipo às quatro da manhã. Por um instante achei que ele tinha gostado tanto do que tínhamos feito, que não conseguia esquecer, assim como eu. Mas cai na realidade e me dei conta de que ele não podia ter gostado tanto assim. Eu era inexperiente, não havia feito nada que o levasse ao ponto de perder a madrugada pensando em mim.

Minha mente estava confusa. As dúvidas se emaranhavam uma na outra e eu não conseguia entender o que minha própria mente tentava me dizer. Tive tantas preocupações, tantos medos e dúvidas. Estava entrando num estado perturbado.

Apesar de tudo aquilo, o cansaço começou a se apossar de mim, então, ainda com o celular na mão, apertando-o entre meus dedos e contra meu peito, enquanto olhava para o tento, comecei a adormecer. O sono chegou ao tempo em que pensava que Jungkook não parecia o tipo que mandava mensagem, mas suas palavras me confundiram. Até onde tudo aquilo era verdadeiro? Fechei meus olhos e respirei fundo. Eu não conhecia Jungkook. Não sabia nada a seu respeito. Havia ouvido tantas coisas sobre ele na faculdade, e tudo o que ele estava me mostrando era muito diferente. Não sabia no que podia acreditar.

Na manhã seguinte acordei com Anne em cima de mim, fazendo carinho nos meus cabelos e pedindo para eu acordar. Eu estava exausta. Quis estrangular Anne, mas eu sabia que devia dar atenção a ela. Estávamos há dias sem qualquer contato. Eu havia fugido de todo mundo porque não queria lidar com meus problemas. Tinha o costume terrível, e nocivo, de me isolar quando as coisas saiam do meu controle. E foi justamente o que fiz depois daquele acontecido em Malibu. Eu não queria lidar com as pessoas, pelo menos não com aquelas que tinham visto o que tinha acontecido. Me sentia desconfortável, envergonhada, completamente sem jeito. Eu sabia que tinha controle sobre aquilo, e que não podia intervir na vontade alheia, mas de alguma forma, me sentia culpada pelo que tinha acontecido. Talvez eu tivesse dado abertura para aqueles caras terem feito o que fizeram. Era isso que eu pensava toda vez que lembrava do assunto. Eu precisava contar para Anne. Eu precisava compartilhar aquilo com alguém, e eu só tinha ela. Ela era minha única e melhor amiga.

Ao levantar, tomei o café que ela tinha preparado e fiquei calada. Não era pessoa mais falante do mundo pela manhã, e como se não fosse o suficiente, tinha coisas demais para pensar. Minha mente se dividia entre o fato de estar pensando na noite com Jungkook e como contaria para Anne o que tinha acontecido. E para completar o caos que minha cabeça estava, meu pai havia me mandado uma mensagem dizendo que precisávamos jantar juntos. Eu estava sobrecarregada. Mal podia acreditar naquele domingo caótico.

CatástrofeDonde viven las historias. Descúbrelo ahora