CAPÍTULO EXTRA

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"Eu me conheço e quem eu sou
Há histórias nessas mãos calejadas
Isso nenhuma alma jamais ouvirá
Eu só cresci com as lágrimas
Eu sou o homem morto nesta guerra"

- Dead Man, David Kushner.

ETHAN MEYER


As coisas nem sempre foram boas aqui em Aquiles. Desde que me lembro, meu pai, Nicodemus Meyer, me torturava.

Para melhor entendimento devo começar do início, onde tudo teve origem.

O nome Meyer sempre nem sempre esteve nas melhores condições, era sempre a mesma coisa que passavam entre as gerações - Levi Meyer fora o conquistador da nossa herança - Fora o ambiciosos que levara nosso nome para outro patamar, de modo que todos seus descendentes devessem ser agradecidos por sua interminável coragem e astúcia. Levi conquistara um reinado todo com uma vida repleta de mentiras e trapaças, havia elevado seu título com magia, uma magia errada, acarretando com isso uma eterna maldição.

A partir disso devo admitir que se não fosse por ele ainda estaríamos todos na miséria, provavelmente no mesmo lugar de seu nascimento, em Dryness. Mas me pergunto, por que deveríamos arcar com as consequências de um antepassado quando batalhamos para ser melhores?

Resposta, se não podemos nos livrar desse mal, então continuaremos a levar o mal conosco. Se sofremos com a morte de um amor, então todos devem sofrer igualmente. Os Meyer continuam a ser perversos porque não conseguem mudar sua natureza a partir de uma linhagem na qual o sangue que corre em suas veias, é o mesmo que um dia correu nas de Levi, o cara que estava fadado a infelicidade pelo uso indevido da magia, estava predestinado a ter o mal em todas as suas atitudes e receber a maldição como um castigo.

Sempre perderemos alguém, se seu sobrenome for Meyer, se prepare, nunca será feliz em toda sua vida. Além de perder a única pessoa que poderia ser capaz de amar.

Acho que minha maldição aconteceu cedo demais. Nunca conheci a minha mãe, ela morreu durante o parto, perdeu muito sangue e não resistiu. Eu nunca pude sentir o toque dela, sentir seu cheiro, eu queria saber como ela era, se éramos parecidos, se ela gostaria de mim. Eu não tive a oportunidade de conhecê-la, ao contrário, desde pequeno só sentia a fúria do meu pai.

Ele me culpava pela morte dela, aquilo não era a maldição dele, era a minha.

Eu não poderia ter tido uma infância pior.

No começo ele me desprezava, nem sequer conseguia olhar para mim. Eu tinha apenas 7 anos e fazia de tudo para que meu pai prestasse um pouco de atenção em mim, era só um garotinho que queria se sentir amado, não sabia a confusão que causaria com as brincadeiras que fazia, o meu único objetivo era ser visto, não importava como faria.

Um belo dia o menininho pensou que seria engraçado pregar peças nos convidados, assim como sempre costumava fazer com os empregados e soldados do castelo, eram bobagens que passaram despercebidas pelo meu pai e se tornaram divertidas para os criados, mas naquele dia eu iria mais longe. Eu não conhecia aquelas pessoas com cara de bunda que passaram pelos guardas, eles ficaram bastante tempo dentro da sala, era interminável e eu estava impaciente.

Eu corri para o meu quarto peguei algumas coisas e voltei para a porta da sala. Acontece que nesse tempo em que ficava sozinho aprendi muitas coisas interessantes olhando o treinamento dos soldados, passava a maior parte do tempo observando cada detalhe, eu sabia como produzir uma bomba caseira. Não faria estrago além de um barulho alto, posicionei todo o equipamento na porta, corri para longe e ativei. Houve um baque ensurdecedor e momentos depois vários soldados vieram de todos os lados correndo sem saber de onde vinha o barulho, a porta se abriu e meu pai parecia furioso, seus convidados a espreita por cima do ombro dele. Os soldados explicaram o acontecido e achei que finalmente ele me veria, mas não foi como imaginei.

Trono de LuzWhere stories live. Discover now