Carta para Deku

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Midoriya

   Saiu do quarto de minha mãe desolado e em choque com tudo que acabei de presenciar. Ao mesmo tempo que já aceitei que terei que conviver com o fato de sua morte a ficha ainda não caiu completamente e nem sei direito como reagir nesse momento.
   Minha audição está distorcida e opaca, como se eu tivesse dentro de um tanque cheio de água, provavelmente devido ao choque que eu tive quando tudo aconteceu diante dos meus olhos.
   Vou até uma enfermeira que encontro no corredor enquanto estou andando em direção ao estacionamento no intuito esperar o Kacchan e a Toga dentro do carro para podermos irmos embora para a escola.

     — Midoriya Inko no quarto no final do corredor acabou de morrer. – digo com uma frieza que chega a me surpreender

   A enfermeira, que fica um pouco confusa e assustada com a frieza e trato a situação e apenas agradece, indo em direção ao quarto em seguida.

     — O-obrigado por avisar. – diz ela – Com licença.

   Eu sei que eu deveria estar chorando aos prantos por conta da morte da minha mãe e apesar do tanto que eu já chorei dentro do quarto eu realmente ainda quero chorar muito mais.
   Por mais que eu quero me afundar na minha pútrida depressão e desabar em lágrimas, as quais serão quase impossíveis de se cessar, não consigo fazer isso em público e preciso de um lugar para que eu consiga desfrutar da única coisa que me resta nesse momento. A minha depressão.
   Chego no estacionamento e vou em direção ao carro da U.A. que nos trouxe para o hospital. Abro a porta de trás do carro e entro em seguida, fecho na porta e desabando na tristeza que foi designada só para mim.
   Após alguns minutos dentro do carro e saboreando da desgraça que a minha vida está sendo, ouço algumas batidas na janela da porta do carro onde estou com a cabeça apoiada.
   Olho para cima, de onde veio as batidas e consequentemente onde está a pessoa que as produziu, esquecendo de enxugar as lágrimas que molham o meu rosto. Mas agora é tarde de mais pra reclamar disso.
   Quando vejo quem é o responsável pelas batidas, olho diretamente para aqueles fios de cabelo banhados a ouro e aqueles lindos olhos de rubi lapidado me olhando com preocupação.

     — Deku? – fala ele preocupado – O que aconteceu?

   Eu apenas olho em sua direção sem dizer nenhuma palavra para o mesmo.
   Ele dá a volta no carro e entra pela outra porta traseira, sentando no banco do meio logo ao meu lado.

     — Por que você está chorando pequeno? – ele fala, mas pela mudança de olhar, percebo que já supõe do que se trata – Não me diga que...

   Ele não termina a frase, talvez para não piorar o estado deplorável a qual eu estou, mas deixa subentendido o que ele iria falar.
   Desaba em seu peito e ele me entrelaça em seus braços largos e musculosos enquanto o choro toma conta de mim e me faz parecer uma criança manhosa. Ele me abraça mais forte, demostrando apoio e solidariedade.

     — Eu sei que é difícil acreditar meu amor, – ele fala em um tom de voz manso e suave – mas vai ficar tudo bem.

+++

   Saio do banheiro vestido com meu terno preto enquanto termino de colocar a gravata.
   Nunca coloquei uma gravata antes, então provavelmente está colocada de uma forma completamente errada. Sempre achei que a minha mãe iria me ver vestido de terno e gravata somente no dia que eu fosse me casar. Quem diria que na verdade eu estaria diante dela vestir dessa forma justo em seu velório.
   Kacchan, que está sentado na beira da minha cama, já pronto para irmos para o funeral olha para mim enquanto segura seu riso.

     — Por que você tá rindo Kacchan?! – pergunto em forma de advertência
     — Foi mal Deku, é que sua gravata está toda errada.

My dream boy Where stories live. Discover now