Acerto de contas

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Midoriya

   Continuo arrumando minhas coisas, até que vejo que já está tudo no seu devido lugar. Me jogo na cama e acabo caindo no sono, talvez por conta do cansaço.
   Acordo com o barulho de vozes vindo da sala de estar. Os barulhos emitidos por essas mesmas vozes transmitem a impressão de que uma grande discussão acompanhada de um agito iminente está instaurado no ambiente do lado de fora do meu quarto.

     — Só pode ser o Kacchan arrumando briga de novo. – resmungo – É melhor eu ir lá ver o que está acontecendo.

   Abro a porta do quarto, agredindo meus olhos com a claridade que invade o ambiente. Vou em direção a sala de estar e ao chegar, percebo que todos estão presentes, até mesmo a Mei, que não é da nossa sala.
   Kacchan olha para mim logo que percebe que eu estou presente no local e fica paralisado.

     — O que está acontecendo aqui? – pergunto

   Também sou capaz de notar os olhares que todos ao meu redor lançam para mim a todo momento. Um olhar de julgamento que me deixa um tanto desconfortável

     — Por que tá todo mundo olhando pra mim desse jeito?
   — Deku voc-... – Kacchan começa a falar, mas Shindo parece não se importar muito com isso e começa a falar ao mesmo tempo, ofuscando sua fala
     — Primo você precisa ver isso.

   Ele me estende um papel que posso reconhecer como o jornal da escola. A única coisa que não sou capaz de entender é o porquê que eu preciso ler o jornal.
   De qualquer forma não sinto uma boa sensação a respeito disso e algo me diz, talvez minha intuição, que uma coisa muito grave aconteceu e eu sou o único que não sei ainda.

     — Seu merda! Enfiou a noção no cu por acaso?!
     — Calma Kacchan! – exclamo, fazendo o mesmo se calar –Deixa eu ver isso logo.

   Leia a matéria principal do jornal logo na primeira página e é assim que eu entendo o porquê de tanto alvoroço e o motivo para que todos estejam me lançando esse olhar penetrante de pena, julgamento e repulsa.
   Olha o meu redor, e como esperado, todos os presentes no local estão fazendo o mesmo que quando eu entrei na sala. Todos com o mesmo olhar direcionado a mim. Aquele olhar. O olhar a qual eu quis evitar a todo custo e que agora está me castigando por isso.
   É exatamente por isso que eu não queria que ninguém soubesse sobre o meu distúrbio mental. Para que ninguém achasse que eu sou um perigo ou que eu sou um retardado. E principalmente por isso que eu não quis que meus amigos soubessem sobre essa minha condição.
   Saio correndo de volta para o meu quarto sem olhar para trás por se quer um segundo, pois não quero ver todos direcionando aquele olhar impiedoso para mim.
   Chego no meu quarto e fecho a porta em seguida, me jogo na cama aos prantos sem saber o que fazer. A minha respiração ficou tão desregulada ao ponto de eu nem conseguir respirar direito. Minha visão está turva e meus sentimentos estão todos misturados. Não sei o que pensar, o que fazer ou o que Falar. Apenas me entrego a essa maldita ansiedade, pois quanto mais eu lutar contra ela, mais ela irá me machucar.
   Alguém bate na porta do meu quarto, mas não estou em um momento minimamente bom para falar com alguém, seja lá quem essa pessoa seja.

     — VAI EMBORA!!!
     — Deku, sou eu. – fala Kacchan do outro lado da porta
     — Não interessa!! Eu não quero ver ninguém! NINGUÉM!!!
     — Deku, por favor. – diz a voz feminina que reconheço como a da Uraraka

   Me levanto rapidamente em direção à porta em passos muito rápidos, mais rápido do que um dia eu já consegui andar. Abre a porta com agressividade e os olhos lançando um olhar de fúria e raiva que tenho certeza que os penetra com força nos cantos mais profundos.

My dream boy Where stories live. Discover now