1.2 Flor de Tangerina.

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      A moça do caixa o olhou  com a maior cara de preguiça do mundo, o desprezo impregnado em suas pupilas. A choker tattoo preta e o coque bagunçado de quem não lava o cabelo há mais de cinco dias não deixava dúvidas: era uma adolescente. Com suas extensões de cílios e unhas acrílicas pintadas de rosa vibrante, o cabelo em tom de moreno iluminado. Não devia ter mais que dezoito anos, a blusa azul marcada com o selo “JOVEM APRENDIZ” bem grande em branco.

— Moço, esses produtos já foram pagos. — Ela disse, mascando o chiclete que já estava até sem cor. Revirou os olhos para a cara de confuso do rapaz. — Olha, senhor, eu não tenho todo tempo do mundo pra você tentar adivinhar se pagou ou não pagou a compra. Tá constando no sistema que já foi pago.

— Por que todo mundo nesse lugar é tão mal educado? — Murmurou insatisfeito. — Você viu se o moço da tatuagem no pescoço passou aqui antes de mim?

— O João?

— João? — Questionou. Não conhecia esse maluco aí não. — Acho que o nome dele é Jungkook.

— É, mas é um nome muito difícil, então eu chamo ele de “João”. — Ela esclareceu, puxando o chiclete com o dedo. Nojento, Yoongi pensou. — Ele é um gato. — Esse comentário não soava como algo que devesse ter saído alto de propósito.

— Ele é legal. — Foi o que Yoongi conseguiu dizer.

— Sou doidinha com ele, mas ele não tá nem aí pra mim. — Que ótimo, agora mais essa. Desabafos de uma adolescente em crise. — Será que ele me acha muito nova?

— Quantos anos você tem?

— Dezessete.

— E ele?

— Vinte e quatro. — Número interessante. Significava para Yoongi que ele era o mais velho, tendo seus bem vividos 26. Tá, podia conviver com essa diferença. — Ele é todo  grandão, eu me amarro. E as tatuagens, meu Deus. Só melhora quando ele tá com o piercing na boca. — Ela quase se derretia na cadeira. — Pena que não vale nada. — Mentiu.

     Via aquele baixinho encharcado usando o moletom de seu homem, que ainda não sabia que era seu. Ela tentava por meses pegar a peça de roupa, nem que fosse só para sentir o cheiro. Não teve sucesso em nenhuma de suas empreitadas em busca da atenção de Jungkook, se sentia humilhada. Aquele meio metro de homem conseguiu o moletom, que ele pagasse duas bandejas de morango e ela tinha certeza que ouviu Jungkook o cantar. Acabaria com aquele romance de supermercado ali mesmo.

— Ah, é? — Já deveria esperar. Um homem tão bonito só poderia ter como hobby quebrar corações por aí. Por mais gentil que fosse, escondia outra faceta. Yoongi já estava traumatizado o suficiente, não precisava de mais um na conta.

— É, viu. Todo dia com uma mulher diferente pendurada no braço. Eu sou da igreja, sabe, seu moço? Oro tanto por esse maluco. — Se divertia mais e mais em suas mentiras. — Pra ele sair dessa vida, sabe? Parar de beber, de fumar maconha, de se pegar com mulher maluca todo dia. A noite todinha em farra, só muvucando com aquele amigo esquisito dele, o Rafa. Esse menino Rafael já foi até envolvido com tráfico, viu. Ninguém nunca provou, mas eu sei que foi. — Yoongi estava chocado. Não pelas informações, cada um fazia o que bem entendesse com o pouco tempo livre que a rotina os permitia ter. Seu choque maior se dava pelo fato de que em dez minutos aquela garota já havia feito a fama de Jungkook inteira, e a do tal Rafa junto. A fofoca na mão dela corria na velocidade da luz. — E tipo assim, ai, sabe? Cansei de homem lixo. Então se o João quiser, ele que corra atrás de mim.

 Então se o João quiser, ele que corra atrás de mim

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Santo Seu Jorge. - YoonkookWhere stories live. Discover now