Capítulo Três

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Dean POV

A minha impressão sobre esse anjo era de que não podia confiar nele. Em nenhuma hipótese, um anjo que foi banido do seu lar? Ele era um criminoso dos céus, mas Sam não via isso. Só via um ser alado voando por aí brilhantemente.

Queria que ele acordasse dessa fantasia e voltasse a realidade. Só que era eu quem estava preso a uma fantasia e incapaz de ver o que estava na minha frente. A maioria das coisas na minha vida não são simples de explicar. Como perdeu a sua mãe? Ok, a versão que me levaria ao manicômio ou a versão que saiu nos jornais?

Nem mesmo agora seria fácil explicar nada disso. Estávamos em casa e Castiel ainda conosco já a alguns dias. O anjo sempre me seguia pro trabalho e me ajudava eu pedindo ou não. E eu sentia esse incômodo, a sensação que as coisas uma hora ou outra iam explodir.

O anjo de olhos intensos azuis me deixava desconfortável. Onde ele estava parecia que eu tinha que parecer bem, por alguma razão ele me fazia sentir intimidado. Seus olhos focavam nos meus e era como sentir um raio atravessando meu corpo.
Me sentia tão pressionado sem saber o que fazer ou como agir. Nunca antes havia tido um anjo de estimação.

Tudo aconteceu de forma bem rápida, estava fechando a loja. Já havia fechado as portas e agora passava a corrente com cadeado quando uma luz intensa brilhou no céu, por um instante parecia que era dia.

Ali na rua deserta da madrugada não haviam outras pessoas só eu ,Castiel e a luz. Foi se tornando tão intenso que fechei os olhos, logo em seguida ouvi e senti a terra estremecer com um som forte de trovão.

Era possível perceber que a luz não estava mais aqui. Quando abri meus olhos Castiel estava sendo pressionando contra a parede com uma enorme lâmina dourada em seu pescoço.

- Porra Castiel! Você ferrou com tudo!

Meu primeiro pensamento foi que esse linguajar soava agressivo para um anjo, já que o único que eu conhecia nunca havia dito tais palavras.

- É bom te ver irmão. - Castiel responde no seu tom imutável de sempre.

- Você achou que ninguém nunca ia descobrir? - o outro anjo grita.

- Ezequiel...do que está falando? - Cass realmente parecia confuso ao ouvir aquelas palavras.

- Não se faça de inocente! O bebê Castiel, cadê o bebê que você devia ter matado anos atrás?!

Castiel agora olha pra ele em um tom muito surpreso seus olhos estão arregalados e ele parece finalmente entender a gravidade do que está acontecendo.

Não sabia que anjos matam bebês indefesos. Ouvir aquilo era cruel de alguma forma, será por isso que ele foi banido?

- Nem bom, nem mau. - foi tudo que saiu da boca do anjo.

- O que? - Ezequiel pergunta agora pressionando mais a lâmina dourada em Cass fazendo um líquido dourado escorrer do seu pescoço.

- Um bebê não é nem bom e nem mau. Um anjo não tem permissão para acabar com o bem, só com o mau. - ele recita como se as palavras tivessem sido enterradas como um mantra em sua mente.

Ezequiel solta a lâmina, não entendi o que eu vi a seguir mas ele puxou Castiel para um abraço forte. A minha ideia de anjos eram seres que não tinham emoções. Mas desde o começo vi um anjo surtando após ser punido. E agora via outro abraçar seu amigo com força como se segurasse seu mundo nas mãos. Era estranho...

- Você jogou todo seu futuro fora por uma criança desconhecida. - Ele diz e brinca com os cabelos de Cass.

- Qual é a sua ordem, Ezequiel? - Castiel pergunta de forma séria como se tivesse percebido algo.

- Minha ordem não é te matar se for o que pensa. Eles sabem que somos próximos, querem que eu arranque a informação de você.

- Querem o menino. - Cass deduz.

- Não, é muito mais que isso. Querem saber como um anjo comum conseguiu fazer um feitiço que oculta o menino até dos arcanjos... Cass, o que você tem escondido de mim?

Um trovão retumbou pelos céus e várias luzes ficavam refletindo nas nuvens. Ambos os anjos subiram o olhar para cima imediatamente.

- Eles estão aqui Cass, vai embora! Leva os humanos com você. Eu te encontro...

- Levar eles? Não eu os poria em risco! - Cass gritando por cima dos trovões.

- Eles já estão, te deram abrigo. Vão achar que eles sabem algo...leva eles daqui agora! Vou enrolar eles! - Ezequiel diz.

Cass olha pra ele uma última vez e ambos seguram a mão um do outro. Acho que a palavra que define o que senti foi nojo. Percebi que o jeito que eles interagiam era estranho, como se fossem um casal.

O anjo conhecido corre até mim e me segura, uma explosão de luz se faz e eu acordo em outro lugar. Um segundo depois, meu irmão surge do meu lado com Cass...ambos rolam pela areia como se a aterrissagem tivesse sido difícil.

- Eles vão nos achar aqui! Estamos mortos, eu sabia! Graças a você nossa vida está deixando de ser normal! - grito enquanto empurro Cass várias vezes.

Estava com raiva dele, apareceu na minha vida sem ninguém pedir. Fica me seguindo de um lado ao outro como cachorro sem dono. Agiu como se ninguém lá em cima se importasse com ele mas, na verdade, ele tem um namorado angelical que se sacrificaria por ele.

O abraço, os toques e tom de voz tudo na interação deles me causava rancor. Como se meu próprio coração estivesse em chamas.

- Calma, Dean. - Sam nem sequer estava lá na hora mas tentava me acalmar.

- Calma nada! Ele tem seres super poderosos atrás dele e agora estamos na linha de tiro!

- Dean! Eu morro antes de deixar um dos meus encostarem em você. Aliás, eles não querem te ferir e não podem. Vocês são humanos, meu povo tem regras rígidas sobre ferir os mais fracos.

- Assim como tem regras sobre não matar inocentes e querer te prender por não matar um? - Questiono.

Sam agora nos olha confuso como se tivesse perdido uma parte importante do roteiro, e perdeu.

- É uma longa história. - Cass diz a Sam.

- Largamos essa vida de sobrenatural! Porra, será que podemos ter uma vida normal? - grito.

- Ezequiel vai nos encobrir por um tempo. Acredite, ele é bom em mentir. - tem uma pitada de rancor nessas palavras.

- Quem é Ezequiel e o que está acontecendo aqui? - Sam pergunta agora falando mais alto e firme.

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