59 Cap

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- Tem certeza que quer ficar aqui? Perguntou Kerry.- Lock te aceitaria na cabana dele.

Nunca iria ficar com Lock, ele apoiava meu pai em tudo, ele estava sendo o filho exemplo e eu o filho mimado e desviado.

- Prefiro ficar aqui. Respondi tomando minha sopa. - E a Layla?

- Dima e Ruck disseram que cuidariam dela. Disse Kerry. - Tive um mau pressentimento, tive  correr até aqui, e não estava errado quanto a isso.

Que bom que eu tinha Kerry na minha vida.

- Obrigado. Apenas disse. Era ainda tão pouco para se fazer por ele, um simples pedido de desculpas não pagava tudo que Kerry tinha feito por mim.

- Você precisa agradecer também aos amigos que tem, Ruck e Dima.

Isso era verdade. Mas nem a eles eu sabia agradecer.

Terminei logo a sopa, meus ferimentos do rosto ainda doiam, mesmo depois dos remédios de dor que Kerry me fez colocar e tomar. Horríveis de gosto e de cheiro,  mas aparentemente eficazes.

- Sabe Kerry, o senhor não tem nenhum aprendiz? Perguntei.

Ele riu. Uma risada bem sincera.

- Bom, vejo que não estou aqui mais por muito tempo, então, sim, eu tenho aprendizes.

- Olhei pela cabana infestada de chá e de cheiro do mesmo. Não havia vestígios de mais alguém com Kerry, quem era seu aprendiz ?

- Quem é seu aprendiz?

Ele olhou bem no fundo de meus olhos.

- Eu não preciso ensinar a meus aprendizes oque sei Lidy, todos somos oque somos, eu sou eu, você é você, Ruck, é Ruck.

- Não entendi.

- Oque eu quero dizer, é que escolherei o meu futuro aprendiz, mas não irei ensinar nada a ele, pois tudo que ele sabe, já é suficiente para outro ensinar.

Ri de Kerry. Pois eu ainda estava confuso demais.

- É difícil entender suas  palavras. Falei. - Parecem até mesmo poesias.

- Eu apenas escolho. Disse Kerry. - Oque acho que tem tudo para ser um novo mestre dessa vila.

Ele se levantou. - Venha quero te mostrar uma coisa muito especial para  mim. Segui ele até o interior da cabana. Ele abriu um tipo de alçapão do chão. Entrei. Ele tinha me levado por a escada de cordas, até chegarmos em um espaço cheio de pinturas em quadros criativos.

Havia tintas coloridas por todo lugar. Pinturas de flores de diferentes tipos, um céu lindo com King no alto todo superior, colinas, riachos, mixeds.
Tinha tudo que eu já tinha visto pela vila, e coisas que Kerry tinha visto pelo continente.

- Esse aqui. Ele me mostrou uma pintura com um bebê mixed, mas com outro  bebê humano borrado ao lado. - Eu fiz você.

Ele imaginava eu humano?

- Faz um tempão. Ele me olhou. - Você não é humano Lidy, mas também não é igual a todo mundo.

" Sabe, ninguém é igual, isso é um fato, então, não se esquente pelo que os outros falam, você não é louco e nem tampouco errado. Você é você, quem é você é algo que você define, seu pai não pode te definir, eu não quis quebrar seu destino Lidy, só não quis que falhasse nele, isso não significa, que Layla será um passado enterrado, e também não significa que você não pode ser meio humano "

Não sabia oque dizer.

- Quem é você Lidy?

- Eu não sei mais Kerry. Minhas lágrimas caíram.- Talvez a morte deveria ter sido melhor.

Ele se assustou com oque eu disse.

- A morte precoce não é seu destino, eu vejo uma coisa muito melhor e você verá.

                                ༺✻༻

Mesmo machucado, a noite fui ver Layla, pois queria deixar Kerry descansar, ele já cuidava demais da humana. Então mandei ele ir para cabana dele. Meu pai não iria sentir minha falta, ele sabia que eu sumia quando estava bravo, ou triste, será que Caçador também se sentia como eu ? Assim como eu me sentia por causa de meu pai?

Depois de saber que a humana estava dormindo bem, eu pensava muito nele. Pois eu sentia mesmo sua falta,  a presença de uma sombra, de um ser planando no céu, sentia falta de sua voz esquisita, quando ouvi pela primeira vez, parecia tão boba.

- Onde será que está você Caçador ? Já faz tanto tempo, ele precisa voltar logo, eu preciso procurar por meu animal. Ele é meu. Sempre será meu.

Toquei os cabelos de Layla, ela devagar acordou, olhou para mim, mas em seu rosto eu não vi nada de medo. Ela teria medo se estivesse em boa forma? Ou ela deveria lembrar de algo que nunca viveu?

- Quem é você? Perguntou ela, na sua língua.

Eu sabia essa língua, então respondi ela:

- Sou Lidy, vou cuidar de você, e seu nome, seu nome é Layla.

Ela fechou os olhos, como se eu estivesse falando outra língua, mas era a língua dela.

- Meu nome não é Layla. Disse ela.- Meu nome é Amélia.

Talvez ela tivesse todas suas memórias. Já que lembrava do nome.

- Algo me diz que você não é estranho. Ela falou me olhando por completo. - Oque você é? Nossa, você é bem grande, e diferente.

- Sou um mixed, você lembra como foi parar aqui? Perguntei.

- Não, só lembro meu nome. Disse ela. - Nossa! Eu só lembro meu nome! Isso é terrível.

Realmente era, queria saber sobre seu passado. Não somente sobre sua parte no gelo.

- Vai ficar tudo bem. Tentei acalmar ela, pois estava bem preocupada por não lembrar de  nada.

- Como vai ficar tudo bem? Gritou ela. Tentando se levantar, mas parecia está fraca. - Quero poder ir embora.

- Eu trouxe comida, acho que está com fome.

Ela assentiu, comendo as frutas, não parou de olhar para suas pernas, ou as vezes para toda a caverna.

Ela queria ir embora. Eu precisava deixar.

Mas isso era tão difícil para mim.

Ela era o amor da minha vida.

Quem é você? ( VOL I )Où les histoires vivent. Découvrez maintenant