10 Cap

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Cap 10

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Eu e Lock andamos a noite e não demoramos a chegar na casa de madeira feita por mim. A humana ainda dormia. Ou fingia dormir e Caçador, montava guarda até aquele momento. Tudo ali parecia fascinar Lock. Dizia ele que não lembrava desse meu dom por fazer tão bem casas de madeira e vestimentas de lã e couro.

- E como aprendeu? Me perguntou já admirando também a humana. Tão linda com seus cabelos claros.

- Eu aprendi vendo. Disse. Era verdade. Foi vendo as Mixed transformando lã em fios e couro em roupas e os Mixed madeiras e pedras em casas cabanas tão admiráveis.

- Não entendo essa história. Ele apontava para ela. - Mesmo que você tenha contado tudo que sabe sobre.

- Eu também quero saber tudo assim como você. Falei com o melhor de meus humores. - Está amanhecendo, acho que devemos acordar a humana e seguir para diante.

- Mas e se chegarmos em terras estrangeiras? Perguntou Lock.

- Quem sabe as terras que caímos por acaso não sejam suas por metade. Falei fazendo referência a sua espécie, pois era óbvio que ele era mestiço.

A garota não acordou. Mesmo que Lock tivesse até mesmo jogado água em seu rosto. Tive que levá-la no colo. Não foi muito esforço, levamos apenas roupas do corpo e eu fazia turnos com Lock, em quem segurava em que tempo a humana. Ela ainda estava quente e então permanecia viva, uma bomba ainda pulsava em seu interior. Estava apenas temporariamente inconsciente.

Lock estava bem vestido assim como eu e a humana. Mas agora eu havia feito para eles dois e para mim roupas mais fortes e resistentes, todo o resto foi deixado na cabana e Caçador cuidaria em destruir e nos seguiria. Todos, eu, a humana e Lock,  usávamos capas de couro, couro muito lindo na verdade, era feito por um animal que eu havia encontrado e não me pareceu ruim usar seu couro. Era meio verde como o de Lima, até imaginei que seriam do mesmo animal ou espécie.

Além da capa de couro, usávamos calças e casacos, metade lã e metade couro, para equilibrar o peso. E sem esquecer das botas. Mas Lock, botas recusou usar.

- Acho que prefiro me mover sem elas. Disse me ele. - Mesmo que pareçam bem confortáveis.

E depois de muito andar, sabíamos que o dia já iria embora e mais uma noite vinha. Não estávamos mais na floresta clara, porém, essa também não era escura e nem mesmo era também mais parte da montanha de King. Oque poderíamos concluir, eles não atravessariam os limites tão cedo para nos procurar. Meu pai e nem mesmo Luck.

Lima, eu esperava mesmo que estivesse morta.


A noite já estava bem escura e resolvemos parar um pouco. Perto de imensas pedras, encontramos uma pequena caverna. Ali, fizemos uma fogueira usando as próprias pedras e deitamos sobre nossos casacos e capas de couro. Eu deitei a humana ao meu lado e esperei o fogo queimar ainda mais para podermos assar a caça, que eu tinha pego.

- Eu preciso aprender isso. Falou derrepente Lock. - Quero dizer, aprender a caçar.

- Não é difícil. Disse a ele convencido. - Quando eu estou com Caçador, na verdade ficar mais fácil do que já é.

- Eu poderia aprender. Disse Lock perdido em pensamentos. - Observando como você fez.

- Não seria má ideia. Incentivei. Logo depois de comer, Lock dormiu. E eu fiquei de guarda.

A noite parecia muito silenciosa. E isso me acalmou de certa forma. Tinha um vento gelado chegando mesmo depois de minhas terras. O inverno não seria apenas lá como pensei.

Fugindo das minhas terras na minha cabeça eu fugiria também do frio, mas talvez eu estivesse ainda bem perto da montanha.

Teria que andar mais.

Um voador magro e verde passou andando perto da beirada da caverna e derrepente uma língua o enrolou e engoliu o mesmo sem dor.

- Deve está com muita fome Caçador. Sorri ao vê-lo. - Pena que acabou tudo da caça e você não cabe aqui dentro.

Me levantei e sai para fora, agarrei as patas dianteiras do meu animal e ali fiquei. Eu não tinha pensado muito em Caçador, mas o vazio em mim parecia ter sido deixado por ele. Então ele fungou por cima de meus ombros pelo longo momento que fiquei por cima de sua pata. Seu pelo negro e macio me fez sentir sonolento, mas levantei e olhei seus olhos âmbar.

- Tudo parece ter dado certo não é mesmo? Perguntei e ele assentiu com sua enorme cabeça. Sua cabeça caiu a alguns centímetros de meus pés e sua calda agitada enrolou em metade de seu corpo e ele começou a fazer barulhos na escuridão. Enquanto tinha o sono que de fato merecia.

Voltei para dentro da caverna e Lock ainda dormia. Eu sabia que poderia dormir também. Afinal, Caçador tinha dormido mais tampou toda a saída para fora e a entrada para dentro. Quando me deitei em meu casaco e capa de couro, virei rapidamente a cabeça na direção em que a humana dormia e ver seus olhos claros abertos, me deixou com o coração batendo muito forte. Ela estava acordada agora.

- 𝑄𝑢𝑒𝑚 𝑒 𝑣𝑜𝑐𝑒?

Foi sua primeira pergunta. Em sua mesma língua. Automaticamente sorri. Era linda até mesmo confusa. Os olhos perdidos pareciam convite para uma vida longe e sem mais ninguém que existisse no mundo. Parecia ter apenas eu e ela.

Eu fiquei admirando aquelas bochechas e aqueles olhos por muito tempo, antes de responder sua pergunta.

- 𝐿𝑖𝑑𝑦. Disse na língua dela. - 𝑀𝑒𝑢 𝑛𝑜𝑚𝑒 𝑒 𝐿𝑖𝑑𝑦, 𝑑𝑎 𝑚𝑜𝑛𝑡𝑎𝑛ℎ𝑎 𝑑𝑒 𝐾𝑖𝑛𝑔, 𝑓𝑖𝑙ℎ𝑜 𝑑𝑒 𝐵𝑎𝑘𝑢, 𝑜 𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜𝑟 𝐶𝑎𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑓𝑒𝑟𝑎𝑠

Dar aquelas descrições detalhadas me pareceu inútil. Pois de qualquer maneira ela não iria me conhecer.

Pois não conhecia ninguém daquele mundo.

Ela sentou com dificuldade e ainda me observava desconfiada e talvez com medo. Ela remexeu seus cabelos claros e ondulados e me olhou denovo depois de fitar o chão de terra.

- 𝑉𝑜𝑐𝑒𝑠 𝑓𝑎𝑙𝑎𝑚 𝑢𝑚𝑎 𝑙𝑖𝑛𝑔𝑢𝑎 𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒, 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑒 𝑞𝑢𝑒 𝑓𝑎𝑙𝑎 𝑎 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑒 𝑑𝑒 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑐𝑒 𝑒 ? Ela perguntou.

Eu rir.

- 𝐴 𝑢𝑙𝑡𝑖𝑚𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑔𝑢𝑛𝑡𝑎 𝑑𝑒𝑣𝑒𝑟𝑖𝑎 𝑠𝑒𝑟, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑒𝑢 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑢.

Ela não pareceu gostar de minha resposta.

Ela parou de me olhar e agora observava o corpo imenso de Caçador. E sua face quase entrou em pânico.

- 𝑇𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑟. Disse eu para ela, sem me levantar. - 𝑃𝑜𝑠𝑠𝑜 𝑠𝑎𝑏𝑒𝑟 𝑠𝑒𝑢 𝑛𝑜𝑚𝑒?

Ela abanou a cabeça como se tivesse algo nela. Seus olhos me olharam outra vez e ela deixou seu rosto bem mais perto do meu, como para examinar e em sussurros disse:

- 𝐿𝑎𝑦𝑙𝑎.

Era doce. Um nome doce e provocativo por sinal. Aquele nome me fez agitar. Meus pensamentos se tornaram só delas por instantes.

Layla. Então essa seria a minha humana ? Layla, perfeitamente perfeita.

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Quem é você? ( VOL I )Where stories live. Discover now