𝟎𝟎𝟔 - 𝙂𝙪𝙚𝙧𝙧𝙚𝙞𝙧𝙤𝙨

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Zuko andava pelo corredor indo até a enfermaria, como sempre estava a procurava de Eleanor que como sempre estava naquela sala pequena e claustrofóbica, sentada à mesa preparando algo impossível de ver por estar de costas.

— Oque está fazendo? - Perguntou chegando por trás e olhando por cima do ombro da morena, ela estava fazendo oque parecia uma mistura de ervas com o auxílio de um pilão, ao seu lado as flores de bálsamo haviam desaparecido e as folhas foram arrancadas e colocadas sobre a mesa.

— Vou pintar as unhas. - Respondeu olhando para cima e encarando o mais novo.

— Por isso ficou louca pela planta, faz tempo desde a última vez. - Zuko pegou uma fita vermelha e cuidadosamente começou a amarrar o cabelo de Eleanor.

— É difícil encontrar fora do Reino da Terra, foi um achado e tanto. - O príncipe pegou um banquinho para se sentar junto dela, depois puxou um pequeno cacho branco para fora do penteado.

— Assim fica bem charmoso. - Fez a breve observação que deixou a garota com o rosto corado.

— Tirei as ervas que estavam secando, ficou melhor? - Se preocupava que isso pudesse afetar seus outros pacientes.

— Com certeza, até da para respirar melhor.

— Estava tão ruim assim? - Colocava a mistura sobre as unhas se perguntando como não tinha percebido isso antes.

— Talvez, eu sou um pouco sensível a cheiros fortes. - Pegava as folhas e colocava ao redor dos dedos, os amarrando com pequenos fios.

— Aqui. - Colocou um pouco no dedo mindinho do príncipe e amarrou com facilidade.

— Demora muito para secar. - Reclamou se debruçando sobre a mesa e olhando a mais velha guardar as coisas utilizadas, pondo o jarro na mesa cabeceira próxima à janela que inundava a sala com o sol do crepúsculo. Usando a dominação, pegou a água que estava dentro do copo ao lado da cabeça de Zuko e a usou para regar a planta.

— Finalmente estamos indo para um lugar mais quente, minhas plantas vão agradecer.

— E não só elas, odeio o frio.

— Como será que os povos da tribo da água aguentam? - Se escorou em uma mesa enquanto observava o príncipe deitado sobre os braços.

— Eles já nasceram no frio, e talvez nunca tenham experimentado o calor.

— Deve ser deprimente ter que ver a neve todos os dias.

— Mas você adora a neve, e odeia o frio.

— Tem razão, mas todos os dias, até eu enjoaria. Acho que é porque eu já viajei por todo lugar.

— Quando descobriu que era dominadora de água?

— Eu era pequena, teve uma tempestade e fui colocada para ficar do lado de fora, tinha um cachorrinho levando chuva e fiquei triste então tentei protegê-lo com as minhas mãos, ele estava tremendo. Eu fechei os olhos e implorei, não queria ver ele passando por isso, era um filhote e não tinha ninguém, quando percebi a água da chuva já não o tocava. - Você também não tinha ninguém naquela época.

— Você é tão gentil. - Queria ser como você. — Mas quanto tempo ficou na chuva?

— Até a tempestade parar.

— E quanto tempo ela durou?

— A noite inteira. - A incapacidade de reconhecer a própria dor e a diminuí-la perante o sofrimento dos outros era o maior defeito de Eleanor.

— Você é gentil até demais. - Esse tipo de gentileza pode ser sua ruína.

— Tenho que ser, não posso ser como Josephine, um monstro.

𝐂𝐎𝐌𝐏𝐀𝐒𝐒𝐈𝐎𝐍 | 𝙕𝙪𝙠𝙤 (𝒍𝒊𝒗𝒆 𝒂𝒄𝒕𝒊𝒐𝒏)Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu