𝟎𝟎𝟏 - 𝙇𝙞𝙗𝙚𝙧𝙙𝙖𝙙𝙚

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A pequena Eleanor estava sentada em uma cadeira próxima ao caixão de seu pai, no funeral da única pessoa que já lhe mostrou amor. A única pessoa que lhe importava. A menininha segurava as suas vestes brancas com força, sentia suas unhas atravessarem sua carne mesmo por cima do tecido, tentava conter as lágrimas que faziam seus olhos negros ficarem inchados.

Estava com a cabeça baixa mas viu quando um homem de aproximou dela, saindo da fila de quem estava prestando suas condolências à viúva. Ninguém iria dar seus sentimentos a ela, a bastarda detestável.

— Sinto muito pela sua perda, pequenina. - General Iroh, o dragão do oeste colocou a mão sobre sua cabeça. Eleanor levantou quando ouviu o filho do homem falar a mesma coisa. Vendo aquilo não conseguiu segurar as lágrimas, seus olhos transbordaram e chorou como um bebê.

Naquele dia chegou em casa com os braços roxos pelos beliscões que Josephine lhe proporcionou por ser "escandalosa".

Com o passar dos anos sofreu todos os tipos de abusos imagináveis vindo daquela odiável mulher de cabelos negros e olhos que poderiam lhe furar a cabeça, olhando de cima com superioridade como se você fosse uma simples formiga.

Até chegou ao seu estopim.

Eleanor estava sendo puxada pelos guardas da mansão em direção a sala em que Josephine reunia seu conselho para ficar ainda mais poderosa e influente na nação. Foi jogada aos pés da mulher, ela vestia mais um dos seus vestidos vermelhos esvoaçantes, tinha seus cabelos negros presos com ornamentos caros, o fogo que ilumina a sala deixava seus olhos ainda mais assustadores.

— Oque essa cadela aprontou de novo? - Eleanor mordia sua bochecha tentando conter uma resposta para os insultos dirigidos a si mesma mas sabia que se fizesse isso não teria mais uma língua.

— Ela está alimentando a criada que a senhora mandou prender. - Mesmo comendo apenas restos de comida que roubava da cozinha ainda sim sentia pena da criança que estava presa no quintal sendo acusada de roubo porque estava brincando com um dos anéis de Josephine enquanto a mãe - que era uma criada - arrumava o quarto.

— Você não muda mesmo, sua pirralha imprudente. Quantas vezes eu vou ter que repetir, não pode ajudar todos. - Aqueles dedos longos e ossudos seguravam com indelicadeza o rosto moreno da garota, chegando a machucar sua mandíbula.

— Mas eu quero.

— Mas sabe se os ajudar, você vai sofrer as consequências.

— Não me importo.

— Sempre tão gentil, isso me enoja. Tão parecida com a sua mãe, aquela puta. - Largou o rosto da mais nova jogando a cabeça dela para trás do força, um dos membros da sua corte lhe entrou um lenço para limpar as mãos sujas por tocar em uma bastarda como Eleanor.

— Não fale da minha mãe!

— Oque vai fazer? Me morder como a cadela que é? - Eleanor se levantou com um movimentos e dando um chute no ar, dominado o fogo em direção a um ataque certeiro a mulher que bloqueou.

— Como você ousa levantar um dedo para a mulher que te acolheu e tem sido tão benevolente com você, sua meretriz?! - Um dos membros da corte e familiar de Josephine segurou os cabelos ondulados e brancos da garota. Os puxando para trás com força.

— Nunca aprende, vou repetir. Pare de ser gentil, não tenha compaixão! - Ela falava com uma voz dura e autoritária olhando fixamente para os olhos negros da Wong.

— Nunca, eu vou ser gentil até a minha morte. Nunca vou me tornar um monstro como você! - Um tapa estalado que fez a cabeça de Eleanor virar e o homem a soltar, sentia o lugar ardendo mas sentiu a umidade e o filete de sangue escorrendo por sua bochecha redonda. Um dos anéis que Josephine usava lhe cortou a face.

𝐂𝐎𝐌𝐏𝐀𝐒𝐒𝐈𝐎𝐍 | 𝙕𝙪𝙠𝙤 (𝒍𝒊𝒗𝒆 𝒂𝒄𝒕𝒊𝒐𝒏)Место, где живут истории. Откройте их для себя