Capítulo 20

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Ao se abrirem as portas do elevador no nosso andar, fui recebido pelo som de música alta e risadas femininas emanando do nosso apartamento preenchendo o corredor.

Ao abrir a porta, vi Alice sentada no sofá com uma amiga do trabalho cujo nome eu havia esquecido.

— Não tem jeito, só eu mesma para aguentar isso. — ela exclama alto, rindo enquanto segura uma taça de vinho, antes de notar minha chegada.

— Felipe! — ela chama por mim, sua amiga também olha em minha direção e me cumprimenta com um "oi".

Ali se levantou do sofá, deixando a taça sobre a mesa, e veio até mim para um rápido selinho.

— Tem pizza, — ela apontou para a caixa aberta na mesa. — pedi aquela de pepperoni que você gosta.

Agradeci de forma automática, sentindo o peso da notícia que precisava compartilhar com ela. Contudo, não sabia nem por onde começar.

— Obrigado, já vou comer. — murmuro, tentando esconder meu desconforto.

— Por que você está com essa cara? — ela pergunta, recostando-se no sofá descalça, com as pernas cruzadas. — O que aquele homem queria de você?

A amiga também mantinha um olhar curioso, buscando silenciosamente entender a conversa.

— Sobre isso... — começo, ponderando minhas palavras cuidadosamente. — ele me fez uma nova proposta, disse que eles precisam muito de mim, depois do que aconteceu.

Alice ri, trocando olhares significativos com sua amiga.

— Como se você fosse aceitar. — ela comenta.

— Eu aceitei. — respondo seriamente, observando-a atentamente, aguardando sua reação.

— Você fez o quê? — exclama, franzindo a testa em descrença. — Não posso acreditar.

A amiga, visivelmente desconfortável, pega o celular e verifica as horas, criando uma desculpa apressada para escapar da situação, prevendo que começaríamos a discutir. Ela se despede rapidamente e deixa nosso apartamento, enquanto Alice me fuzilava com o olhar.

— Primeiro você larga seu emprego sem me explicar o porquê, sai para uma caminhada misteriosa de madrugada para discutir com seu pai, e fica abalado por dias por algo que não sei o que é. — ela diz assim que a porta se fecha atrás de nós.

— Deixa eu te explicar... — tento me justificar, mas ela me interrompe furiosa, apontando o dedo para mim.

— Não, agora você vai me ouvir! — Alice eleva a voz — Depois de tudo isso, você volta para aquela casa para assinar um papel, se envolve em um incêndio quase perdendo sua vida, viaja duas horas horas de carro para se encontrar com eles mais uma vez, e chega aqui dizendo que vai voltar a trabalhar para eles? Você está se ouvindo? Você percebe a loucura que é tudo isso?

— Eu sei, eu sei que é uma loucura, mas eles correm perigo e... — argumento.

— Foda-se! Isso não é problema seu. — ela grita cortando minhas palavras.—- Pare de achar que precisa salvar todo mundo. Com o dinheiro que eles têm, eles podem contratar alguém muito mais preparado, mais treinado para isso. Eles não precisam de você.

— Ela precisa de mim.

— ELA? ELA? Então isso é sobre a garota? — ela ri sarcasticamente. — Eu não estou acreditando no que eu estou ouvindo. — diz colocando as mãos na testa, entrelaçando os dedos nos cabelos.

— Não é nada disso que você está pensando. — reúno coragem para falar sobre o assunto. — O Jack é violento com ela. Ele já a machucou uma vez enquanto eu estava lá, e de certa forma, impedi que a situação piorasse.

Entre o Perigo e a PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora