Capítulo 25: Almas

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O quarto era pequeno. A janela não abria e a porta também não. Não havia nada dentro da lareira; Tom sabia disso porque apalpou cuidadosamente o interior e depois limpou os dedos sujos de fuligem no carpete.

Ele olhou em volta, avaliando suas opções. Se ele não conseguisse sair pela porta, as próximas coisas a tentar seriam as paredes e o chão. Essas casas antigas muitas vezes tinham segredos sob o reboco, como abertura cobertas, argamassa quebradiça, tijolos faltando. Tom passou as mãos pela parede interna ao lado da porta, batendo ocasionalmente para testar se estava oca. Quando encontrou um local provável, virou-se para a escrivaninha, pegou a cadeira de madeira e a jogou no chão com força. Ele repetiu o movimento uma, duas, três vezes, até que a cadeira se desfez com um grande estalo.

Tom sorriu. O barulho não importava, ele tinha certeza de que Dumbledore havia silenciado o quarto. Estava quase estranhamente quieto; Tom não conseguia ouvir nada vindo do corredor ou dos quartos acima e abaixo. A janela, embora velha e mal ajustada, não deixava entrar nada além de uma corrente quente de ar de verão.

Ele se abaixou e escolheu uma perna da cadeira entre os destroços. Era de mogno finamente esculpida, afiada num dos lados onde a madeira tinha rachado.

Tom voltou até a parede e cutucou até encontrar tijolos inflexíveis.

Não há escapatória lá. Tom deixou cair a perna da cadeira, desapontado.

Foi difícil não ceder à frustração naquele momento. Ela cresceu dentro de Tom como uma grande maré agitada. Queria chutar a porta, bater na janela, gritar para Harry voltar. Mas ele já havia feito todas essas coisas, momentos depois da partida de Dumbledore.

Tom respirou fundo, tentando reprimir a raiva, concentrá-la e canalizá-la para algo produtivo. Ele sempre cometia erros quando estava com raiva. Tom se lembrou do controle gelado de Voldemort. Ter poder sobre os outros exigia poder sobre si mesmo.

O andar de baixo, decidiu Tom. Ele olhou em volta, depois se agachou em um canto do quarto e puxou o tapete ornamentado. Abaixo havia tábuas enegrecidas do piso. Elas estavam presas com pregos de ferro; ele precisaria de algo mais resistente do que a perna da cadeira se quisesse levantá-las.

Tom se levantou, voltou até a mesa e experimentou as gavetas. A de cima estava trancada. Tom mexeu por um minuto e depois desistiu. Na segunda, porém, ele encontrou algumas cartas amareladas sobre contas bancárias e investimentos e um belo abridor de cartas de latão em forma de punhal. Tom aplicou-o no chão, levantando cuidadosamente uma tábua e depois outra. Foi um trabalho difícil e demorado e suas palmas estavam vermelhas quando ele terminou.

O espaço entre as vigas do piso estava preenchido com fuligem e entulho de centenas de anos. Tom arrancou-os do caminho até poder ver o gesso cinza-claro do teto da sala abaixo.

Tom sorriu e se arrastou até a beira do buraco que havia feito, permitindo-se, por um momento triunfante, imaginar-se caindo no quarto de baixo, encontrando Harry e arrastando-o pela porta da frente. Mesmo que suas chances de realmente escapar fossem minúsculas, era uma honra ter tentado. Ele levantou o joelho, mirou e pisou no gesso com toda a força.

A dor reverberou por sua perna. Tom caiu de lado no tapete, segurando o joelho latejante. O gesso tinha um brilho azul elétrico quando ele bateu; havia algum tipo de barreira mágica invisível.

- Porra!

Tom bateu no tapete com o punho fechado, furioso de novo. Dumbledore o havia antecipado. Ele ficou ali por longos momentos, fantasiando sobre o que gostaria de fazer com o velho professor. Arranque os olhos dele com o abridor de cartas como fez com as tábuas do piso. Force a perna afiada da cadeira pela garganta até perfurar seus órgãos. Ele também sentiu uma onda de ressentimento em relação a Voldemort, seu homólogo teve cinquenta anos para matar Dumbledore; por que ele ainda não tinha feito o trabalho?

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⏰ Last updated: Apr 17 ⏰

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