Capítulo 7: Apenas algo que os amigos fazem

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Quando Harry era criança, muitas vezes via seu primo chorar. Duda explodia em lágrimas barulhentas por causa de um joelho machucado ou de um brinquedo quebrado, quando uma série de televisão que ele gostava era cancelada ou se não gostava de um de seus presentes. E sempre que o fazia, as feições afiadas de tia Petúnia se suavizavam e ela o pegava em seus braços ossudos e esfregava círculos suaves em suas costas.

Harry muitas vezes observava furtivamente, espiando pelo batente da porta, e mais tarde em seu armário envolvia seus braços magros em volta de si e fingia que havia alguém lá para segurá-lo também.

E talvez fosse apenas uma ilusão, mas quando Harry começou a despertar, ele pôde sentir um braço quente pendurado sobre sua barriga e um corpo quente pressionado contra suas costas. Era tão bom, confortável e aconchegante, e Harry nunca quis ir embora....

Oh.

Lentamente, e com grande pavor, ele olhou para baixo e viu uma mão pálida estendida sobre seu abdômen.

Instintivamente, Harry tentou se afastar, mas Riddle fez uma reclamação sonolenta e o braço em volta de sua cintura apertou. Completamente perdido, Harry se mexeu impotente.

Ele podia sentir Riddle respirando uniformemente contra sua nuca, profundamente adormecido. Harry não achava que poderia escapar sem acordá-lo e, se o fizesse, teria que enfrentar essa situação horrível e impossível. Não havia nada que pudesse fazer...nada além de ficar lá...

Não foi culpa dele, disse a si mesmo. Ele era claramente aquele que estava sendo abraçado e não quem iniciou o contato e, portanto, inocente. E se ele gostou, foi apenas uma reação natural ao calor do corpo de outra pessoa.

Foi apenas um abraço.

Um abraço que, ao contrário dos abraços rápidos que ele recebeu de Rony, Hermione e Sirius, durou o tempo que ele quis...

Culpado, Harry se acomodou e se deixou levar. A chuva caía lá fora e em pouco tempo, o som pacífico o embalou em um cochilo.

Poderia ter sido em qualquer lugar entre alguns minutos e uma hora, mas eventualmente ele sentiu Riddle se mover atrás dele. Harry nivelou sua respiração, fingindo dormir. Riddle iria embora, e Harry seria capaz de fingir estar felizmente inconsciento.

Só que Riddle não saiu da cama. Em vez disso, ele se mexeu novamente e se aninhou em seu pescoço. Sua mão viajou para baixo e mergulhou sob a bainha de sua camisa de pijama.

O que?

Harry ficou ali, paralisado pela indecisão enquanto os dedos se moviam vagarosamente por seu abdômen. Sua pele estava formigando em todos os lugares que Riddle tocava; seus dedos deixando rastros de fogo em seu caminho. Mas assim que ele ia desistir de sua pretensão e bater na mão, ela se retirou.

O colchão afundou e rangeu quando Riddle sentou-se atrás dele e desceu da cama. Um momento depois, houve um silvo suave quando a lareira foi acesa, seguido por um tinido de algo, provavelmente a chaleira sendo colocada no fogo.

O que é que foi isso?

Deixado sozinho na cama, Harry se contorceu, extremamente desconfortável e corando sem uma boa razão. Talvez, ele racionalizou, Riddle sonolento o confundiu com outra pessoa? Talvez houvesse alguma outra pessoa com quem ele dormiu, talvez uma garota (por mais estranha e perturbadora que a ideia fosse) que não se importava de ser apalpada logo pela manhã?

O melhor era fingir que nunca tinha acontecido. Ele esperou um tempo na cama, ouvindo Riddle se movimentando. Depois que os ruídos pararam, ele saiu da cama e se esgueirou para a sala.

Riddle estava sentado à mesa, com um livro pesado aberto na frente dele, bem como duas canecas fumegantes de chá e um prato cheio de torradas com manteiga.

A Dangerous GameWhere stories live. Discover now