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DANIEL

- A Camila anda com um humor... - a Bea olhou-me com reprovação ao que acabava de dizer – nem tentes dizer-me que não, se passasses um dia com ela, ias ver. A minha mulher é capaz de acordar a reclamar comigo, tomar o pequeno-almoço às gargalhadas e antes de almoço discutir com alguém pelo telemóvel - a Bea riu-se, sentando-se à minha frente com a pequena Audrey nos braços.

- Já pensaste que ela poderá estar grávida?

- Claro que já, mas essa opção já foi descartada quando ela teve o período a semana passada e me mandou à merda por estar atrasado para almoçar com ela.

- A tua mulher tem mesmo aquele feitio especial.

- Especial? - rimo-nos os dois, olhando para a varanda da Bea. A Camila está em chamada com alguém. Nos últimos dias tem andado a fazer imensas chamadas, todas elas com um certo mistério por detrás - o que é que ela anda a tramar? - e tenho a certeza de que a Bea sabe de qualquer coisa.

- Não faço ideia – olhei-a, piscando-lhe o olho – juro que não sei, Daniel.

- Hum – reparei que a minha mulher começava a barafustar, gesticulando imenso – prepara-te, o mau feitio está em desenvolvimento – colocou a mão sobre a testa, começando a andar de um lado para o outro – vai matar alguém - mão na cintura – a pessoa do outro lado da linha que se prepare – a Camila olhou-me, mantendo aquele seu tão característico semblante de frustração, misturado com um grande pedaço de raiva.

- Ou então tu, porque ela está a olhar muito séria para ti.

- Vou ter de usar a cartada de que faço anos amanhã - assim que ela desligou a chamada, encostei-me no sofá, esperando que ela tivesse alguma reação - ela está tão lixada – rimo-nos os dois, surpreendendo-nos com uma pequena gargalhada da Audrey como se estivesse a perceber o que estávamos a falar.

- Controla as tuas respostas – olhei para a Bea – ela pode estar mais emotiva por alguma razão.

- Falta de sexo não é, de certeza!

- Eu não preciso de saber isso! - atirou-me um dos peluches da filha, rindo-se logo de seguida – o Lew precisa de vir com a comida, pode ser a única forma de a alegrarmos.

A Camila entrou na sala, sentando-se, em silêncio, ao meu lado. Agarrou-se à ponta da minha camisola, ficando a olhar para a Bea e a Audrey. Agora é daqueles momentos em que ela precisa de carinho e não o quer pedir. O Lewis chegou e, a Bea depois de colocar a Audrey na alcofa, começou a ajudar o seu quase marido.

- O que é que se passa contigo? - passei o meu braço por cima dos ombros da Camila, fazendo com que ela me olhasse. Apenas me encolheu os ombros, voltando a encostar a sua cabeça no meu ombro – acho que prefiro o mau humor e que reclames comigo, do que esse silêncio.

- Não te posso dizer o que se passa, porque está relacionado com o dia de amanhã.

- Esqueceste-te da minha prenda? - abanou negativamente a cabeça - não tens bolo? Eu aceito um queque – e começou a chorar – hey, calma shortie – virei o meu corpo para ela, colocando a minha mão no seu rosto – se é isso, é só um bolo – limpou o rosta, abanando negativamente a cabeça.

- Falaste em queques e eu pensei noutra coisa... - merda, a celebração dela com o Patrick.

- Desculpa, nem pensei...

- Não tens de pedir desculpa. Eu é que ando estranha – confessou-o, encostando-se ao sofá - porque te queria fazer uma festa surpresa, mas os teus pais não conseguem vir e não tenho forma de ter cá também alguns dos teus amigos...

Always, DanielWhere stories live. Discover now