39_Dara

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Dara Tinsley

Eu abro os olhos devagar sentindo uma dor me atingir, a medida que meus olhos focam, uma luz branca invade meu campo de visão, quando me acostumo com a luz, percebo que estou em um quarto de hospital e tudo o que aconteceu nas últimas horas me vêm a cabeça. Me deram um tiro, eu apaguei e acho que é como vim parar aqui.

Não ouso me mexer, apenas fico ali olhando para o teto enquanto as lágrimas rolam pelas laterais do meu rosto, à esse momento sei que perdi o bebê que eu esperava, é inevitável.

Uma enfermeira vem me ver e me dá alguns comprimidos. Depois se retira.

Minutos depois ouço a porta sendo aberta mas mesmo assim não me mexo.

Ouço passos apressados e olho para Andrew quando ele pega meu rosto.

— Como se sente? — Ele continua me olhando como se se importasse. Eu tiro suas mãos do meu rosto.

Ele se senta em uma cadeira perto da minha cama.
Ficamos por minutos em silêncio. Eu olho para a janela que dá vista para o céu azul com algumas nuvens.

Mas sinto tudo me atingir de uma vez, o que aconteceu de verdade com Dayara, Andrew e Ella saberem disso, a perda do bebê. Lágrimas voltam a inundar meu rosto mas não faço nenhum barulho, choro em silêncio.

Não sei se Andrew me olha ou não, não o olho nem uma vez sequer. Estou com o coração partido, perdi tudo que achava ser real.

— É verdade? — Eu pergunto ainda sem o olhar. — É só me dizer que é tudo mentira, que você não conheceu Dayara, que não teve nada haver com a morte dela e que não me levou para sua casa apenas para me usar e talvez só talvez, tirar o remorso. — Mais lágrimas rolam. Não consigo as controlar, isso é doloroso para mim também. Quero que seja tudo mentira.

— Dara, eu te amo.

— Não respondeu a minha pergunta.

— Não quero acreditar em nenhuma palavra daquele homem. Quero que continue sendo o Andrew que conheci, então apenas me diga se é ou não é verdade.

— Nisso tudo, só uma coisa é verdade.

— O que? — Pergunto finalmente o olhando.

— Sobre Dayara... — Minha visão fica embaçada.

Mesmo ele confirmando, quero gritar com ele por mentir e tapar meus ouvidos para não ouvir mais nada.

O choro me quebra. Coloco as mãos no rosto enquanto choro copiosamente.

Perdi minha irmã, meu bebê e o amor da minha vida.

Andrew se levanta e me abraça, eu me mexo para ele me soltar, mas ele me aperta mais. Ele fica assim comigo até que eu pare de chorar e apenas soluços escapem da minha boca.

— Dara eu sinto muito pela forma como você descobriu tudo. — Ele me libera do abraço e se abaixa. — Queria te contar tudo, mas...

— Vai embora. — O interrompo.

— Dara, você não está me deixando falar.

— Vai embora Andrew. Saí. — Eu grito. — Saí!

— Dara... — Ele tenta mais uma vez.

— Saí. — Aponto para a porta.

— Volto amanhã para conversarmos. — Ele tenta se aproximar mas imediatamente coloco minha mão em frente do seu peito.

Ele saí do quarto e eu volto a chorar.
Acho que Andrew disse que eu estava alterada, pois minutos depois uma enfermeira entrou no quarto e colocou calmante no soro.

Eu apaguei enquanto ainda chorava.

•••

— Dara Vívian Tinsley, a protegida do CEO. — Eu sei que conheço essa voz carregada de escárnio e deboche, me levanto devagar e dou de cara com Robert Balforth.

— O que o senhor faz aqui? — Me lembro muito bem do que ele me chamou da última vez que o vi e sei que não veio aqui prestar sua humilde caridade.

— Não imaginava que a mãe do meu primeiro neto me trataria assim. — Eu gelo na hora, como ele sabia? E por quê está falando como se eu ainda estivesse grávida? — Seu bebê sobreviveu, Dara. — Ele diz parecendo que leu minha mente.

— Andrew sabe sobre isso? Sobre a gravidez?

— Não sabe e nem vai saber. Por isso estou aqui.

— O que o senhor quer?

— Quero que suma, você e essa criança, sei que é isso que quer por isso também paguei aos médicos para não informarem sobre sua gravidez a nenhum dos membros da família Balforth.

— Não quero nada de você. — Eu digo limpando uma lágrima que insiste em cair. — Não quero nada de vocês.

— Melhor aceitar o que estou lhe dando por bem, uma vez quis tirar você da vida do meu filho e não consegui por quê ele estava te protegendo. Mas agora, não vou falhar. Ou você e essa coisa somem por bem, ou vão sumir por mal. — Coloco a mão na barriga ofendida pela forma que ele chamou meu bebê.

— Você que decide. — Eu fecho os olhos brevemente. Ele não está me pedindo nada, está me ameaçando, à mim e ao meu bebê.

— Eu vou. — Sei que tudo isso é pelo bem do meu bebê. Se quero nos manter vivos, tenho que entrar nessa barganha. — Mas antes, quero escrever uma coisa para Andrew. — Robert assente e me dá um papel e uma caneta, eu escrevo:

"Não quero que venham atrás de mim.

Dara."

Eu dobro o papel e o deixo na mesinha de cabeceira.
Robert se levanta da cadeira e diz para alguns homens entrarem, um está com uma cadeira de rodas e o outro me ajuda a sentar nela.

— Vamos começar sua nova vida. — Ele diz quando passamos pela porta do quarto hospitalar. Eu não hesito, só tenho em mente eu e meu bebê, nós dois somos os mais importantes agora.

[...]

Três meses depois...

— Pode colocar ali na ilha. — Digo para o homem que traz minhas compras do mercado.

Estou na Escócia à 3 meses mais ou menos, nem um sinal de Andrew e agradeço por isso, meus dias têm sido de paz, minha barriga está consideravelmente grande, estou no quinto mês da gestação e muito ansiosa para receber Dayara, sim é uma garota, minha pequena garota.

As vezes me lembro de tudo que aconteceu, ainda dói, mas vou a uma psicóloga para tratar disso, quero que minha filha nasça e cresça em um lar saudável e com uma mãe saudável, quero dar à ela tudo o que não tive, quero que Dayara sinta meu amor e carinho por ela mesmo que estejamos longe e quero que saiba que apesar de tudo, ela não é culpada de nada.

Eu conheci algumas pessoas, as vezes saí-o, com um novo nome parece que comecei de novo, ninguém conhece a Dara Vívian Tinsley aqui, eles conhecem a Mabel Bellini, uma jovem mãe solteira que abandonou os EUA em busca de uma vida melhor para ela e para seu bebê.

E espero que continue assim, espero que eles nunca descobriram quem eu sou.

Continua...
•••

A protegida do CEO Where stories live. Discover now