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ᕙGAELᕗ

Nem consegui dormi de noite, fiquei pensando no cara que eu havia mandado da um tiro no pé. Isso não era eu, não fazia parte de mim, eu estava me envolvendo demais naquele mundo, e as coisas poderiam acabar ficando perigosas.

  Quando amanheceu, Gabriel foi até meu quarto avisar que iria brincar na quadra com os amigos. Não demorei muito pra levantar, descia as escadas e vi que a casa faça uma bagunça. Peguei meu telefone e liguei a televisão, coloquei no YouTube e Beyoncé começou a tocar.

  Comecei a arrumar a casa, limpei os quartos, arrumei o armário do Tk e ainda abri espaço pras minhas roupas. Lavei o banheiro e o corredor, joguei água em tudo e puxei pras escadas. Quando desci, na televisão agora tocava um funk e eu não podia deixar de rebolar minha bunda enquanto limpava.

     — Hojeeeee, eu vou para na gaiola, fica me marola.— coloquei a mão no joelho.— senta pro chefinho do jeitinho que ele gosta!

  Lavei a sala, a cozinha, limpei tudo que dava pra limpar, e depois espirrei um pouco de água com amaciante em tudo, bem dona de casa. Estava quase terminando quando ouvido um tiro, abaixei a televisão e ouvi outro. 

  Russo havia me dado um radinho para caso eu precisasse de algo urgente e não conseguisse ligar pra ninguém, as vezes eu usava pra ficar ouvindo a movimentação, e os olheiros já haviam falado que não tinha polícia, então não tinha motivo pros tiros.

Peguei o radinho na gaveta da cozinha e liguei.

    — "Rapaziada, qual foi do pipoco? Quem tá dando tiro uma hora dessa nessa porra?".— ouvi a voz do Russo.

    — " Tamo indo checar, Russo, veio da quadra".— agora era a voz do Tavares.

  Meu sangue gelou, Gabriel normalmente brincava na quadra. Larguei tudo que estava fazendo e sai correndo de casa, nunca subi aquele morro até a quadra tão rápido como havia feito naquela hora. Assim que comecei a vê a quadra, vi Gabriel senta com um grupo de crianças em um canto e no outro lado, havia 4 garotos armados mostrando as armas e com rádios da cintura.

    — Primeira Dama.— olhei pra trás, Tavares se aproximava segurando um fuzil.— tranquilidade?

    — Quem são eles, Tavares?.— perguntei.— nunca vi.

   — São os muleque novo, Russo que deu as ideias pra eles.— disse Tavares. — só fazem merda, vou dar o bizu.

   — Quero eles fora.— falei sério.— avisa ao Russo, se eu souber que eles ainda estão na boca, vamos ter dois problemas.

   — Tu que manda primeira dama.— disse Tavares.— vou levar no russo pra falar a fita.

   — Beleza, então.— falei e olhei pro Gabriel.— GABRIEL, DESCE.

   — Mas Gael...

   — Agora!.— gritei, ele veio correndo até meu lado.— você saiu sem tomar café, vamos.

  Olhei pros garotos que estavam mexendo nas armas até que Tavares foi falar com eles, era um bando de crianças, Russo tava perdendo juízo dando ideia pra qualquer pessoa.

ᕙ TKᕗ

   Eu tava fora do morro, mas tava ligado em tudo que acontecia, e tenho que admitir que fiquei surpreso quando soube do cara que Gael mandou a tirar no pé. Fiquei feliz que ele tava conseguindo se virar bem, mas eu sabia que ele era sentimental e provavelmente havia ficado mal depois por causa do cara.

  Mesmo preso naquela cela, meus únicos pensamento são o Gael rindo, brincando e até mesmo me xingando. Nunca na minha vida, achei que iria gostar de um cara, ainda mais um cara extremamente possessivo e estressado.

O bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora