✾Onze.

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 Abro os olhos em um lugar escuro que é parcialmente iluminado por uma luz piloto vermelha alaranjada.

Tento sair da cadeira mas sou puxado novamente pela catraca que me prende a ela. Digito o código de destrava, mas nada acontece, me forçando a dar um soco bruto e seco no painel no braço da poltrona, fazendo a trava ficar menos rígida, como um abraçar de alguém já sem forças.

Me levanto bruscamente, e minhas pernas falham bambeando. Me apoio na parede de metal frio, minha cabeça e cada articulação do meu corpo doem enquanto me mexo.

-Jack, Gabriel, Caroline! -Grito por todo interior escuro da nave. O que aconteceu? Onde estamos? São perguntas que não recebo respostas.

Caminho pelos destroços e sucatas que se amontoam no chão.Vou com dificuldade até a cabine de pilotagem julgando achar esperança, mas o que vejo é do contrário, o corpo de Mario reclinado sobre o painel em uma pequena poça de sangue, seus olhos abertos e vazios encarando o rádio silencioso.

Hesito por um momento, pensando se saio da sala ou permaneço. Caminho em sua direção e a mão em seu rosto, fechando seus olhos e lhe tento proporcionar algum conforto.

Saindo, vejo Gabriel vasculhando uma bolsa de viagem:

-Igor! -Ele sorri enquanto me encara por cima do ombro antes de voltar sua atenção a mochila.

-O que aconteceu? -Cambaleio em sua direção favorecendo uma das pernas. -Cadê todo mundo?

Ele para por um momento, pensando em que dizer:

-Fomos sabotados, alguém cortou o sistema de comunicação e o freio, acabamos batendo aqui, Caroline e Jack estão lá fora, ele está mais ferido que ela.

Uma pontada gélida atravessa meu peito. "Está mais ferido que ela"

-Ela queria fazer de tudo para tirar você da cadeira, mas seu cinto não saia e a nave estava pegando fogo, não sabia se o sistema de água estava funcionando e por isso a tirei daqui a força, Jack está desacordado...-Ele encara a bolsa por um momento e se vira para mim. -Olha, eu não vim buscar você porque tu não estava respirando, era melhor garantir os vivos não é? -Ele levanta e vai vasculhar outra coisa. -Eu não achei Mario, na verdade nem procurei...Jack precisa dessa seringa.

Apenas concordo com a cabeça entendendo o fato da prioridade mesmo com uma pequena pontada de dor de pensar que morri por alguns segundos. Meu silêncio o faz soltar um leve suspiro de entendimento.

-Merda, depois eu checo isso, preciso ver com meus próprios olhos. -Ele se levanta e aponta para um buraco escuro. -Tem uma porta por ali, te encontro depois.

Caminho até a saída mas só vejo uma porta de metal que firma ao tentar abri-la, mas chacoalha com meu puxar.

Pego uma certa distância e jogo todo meu peso contra ela, que logo cede caindo para o lado de fora.

Fecho meus olhos rapidamente para tentar se acostumar com a luz que vem de forma abrupta machucando minhas vistas acostumadas com a luz, e como se alguém acendesse uma lâmpada do nada enquanto você estivesse dormindo.

Quando consigo ver, estou deitado sobre a porta caída em cima da grama, árvores enormes e com troncos grossos nos envoltam como pessoas curiosas para verem o acidente, são mais altas que as da terra.

por alguns segundos ponderei estar no meu planeta natal por tal semelhança, mas uma aranha azul ciano com seu interior transparente queimou tal ideia.

Me levanto com dificuldade olhando em minha volta, tudo está calmo, a copa das árvores balançam quando o vento passa dentre as folhas fazendo um som parecido com o do sal do mar quando a água recua deixando apenas espuma na areia.

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⏰ Última atualização: Mar 04 ⏰

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