✾ Prólogo:

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(Este é um documento confidencial da repartição pública de Saraievo, quaisquer distribuições sem autorização será considerada um ato de terrorismo, e será imposta as devidas punições.)

Data: 27 de janeiro.

local do ataque: norte de freŝa komenco

horário: 09:32

Estava tudo escuro com uma fina e quase imperceptível neblina rasteira que pairava sobre meus pés, tudo estava em completo silêncio, meus passos ecoavam e voltavam por todo abismo, uma pequena camada de água reinava por todo o chão, formando pequenas ondas por onde eu passava e que logo se cessavam e sucumbiam a calmaria.

Ao longe, percebi uma mulher parada, admirando a grande escuridão.

Me aproximei com medo e receio e vi que ela tinha uma pele verde oceano com uma aura quase que espectral, seu cabelo ondulava no vazio, era como se ela estivesse embaixo d'água, seus pés estavam descalços e seu corpo flutuava poucos centímetros acima do chão, subindo e descendo graciosamente como uma respiração, seus olhos eram brancos vidrados em algo que eu não conseguia ver.

Ela estava perto da beirada, era um despenhadeiro enorme onde a água caia, como em uma cachoeira.

-Moça? -Ao aproximar minha mão em seu braço, um ar gélido começou a fluir nas pontas dos meus dedos, Eu recolhi minha mão e me afastei devagar com medo em meu rosto.

Ela lentamente inclinou a cabeça para baixo.

Após dar um longo suspiro, ela fechou os olhos e uma pequena lágrima surgiu, fazendo carinho em sua bochecha, até cair e fazer parte do abismo.

-Quem é você?

-Eu...estou morrendo! ... .-Havia tristeza e dor em sua voz, e sua atenção foi da escuridão para mim. -ME AJUDA! - Ela gritou, e tentou segurar meus ombros, mas os grilhões a impediram.

Eu abri meus olhos.

Meu coração pulsava fortemente em meu peito, e o suor escorria de minha testa.

Sentei em minha cama e respirei fundo. Eu encarei os pequenos feixes de luz do sol que penetravam através das cortinas que balançavam de forma lenta e harmônica.

Eu havia trocado de roupa, e já estava um pouco mais calmo do que antes. Ao abrir a porta me deparei com meus pais, segurando um bolo de aniversário em frente a porta do meu quarto.

-Você falou que ele ainda estava dormindo. -O olhar da minha mãe foi de mim para meu pai, em seus olhos havia uma profunda irritação. -Olha, Igor, era para ser uma surpresa...mas alguém estragou tudo sabe?

-Mas, ele estava - Ele dá um longo suspiro enquanto segurava o bolo. - Foi mal estragar a surpresa Igor, eu jurava que você ainda estivesse dormindo.

-Gente! relaxem. -Eu os encarei tentando acalmar a situação que possivelmente iria desencadear uma discussão por algo bobo como um bolo de aniversário. -Vocês pelo menos darão uma trégua? Só hoje, no meu aniversário?

Eles se entreolharam por alguns segundos, até que minha mãe decidiu quebrar o silêncio.

-Ele tem razão. -Ela se virou para o meu pai e fez um gesto com a cabeça pedindo um tempo, para que nós dois possamos ficar sozinhos.

-Vou colocar o bolo em cima da mesa. -Ele foi em direção a cozinha.

Minha mãe entrou em meu quarto e sentou em minha cama.

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