Capítulo 44 - Amigos se olham assim?

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𝑅𝑎𝑦𝑎 𝑃𝑂𝑉:

16/09/2022 - Sexta-feira. - Chácara Trindade Alencar. - 19:45h - Itu, interior de São Paulo.

O caminho até aqui foi 𝙞𝙣𝙘𝙧𝙞́𝙫𝙚𝙡. Eu fiz um coque no meu cabelo, com o meu próprio cabelo, para não armar com o vento. Em alguns momentos específicos na estrada, ele correu na velocidade acima de 120 km/h e eu senti uma adrenalina que nunca senti antes. Eu obviamente gritei com ele o repreendendo, e a resposta que obtive foram risos altos e o vento batendo no rosto ao som de várias músicas e vários cantores, ele cantou Jão comigo. Isso mesmo, ele cantou Jão comigo, na estrada.

Ele tinha uma voz linda, que me causou alguns arrepios e um certo incômodo no meio das minhas pernas.

Para ser mais específica, cantamos "acontece", ele elogiou a minha voz e eu fiquei envergonhada, porém feliz por receber esse elogio. Sou muito insegura com a minha voz, dança, atuação.. toda arte que eu achava que tinha e fracassei. Nossas vozes harmonizaram bem, era como se tivéssemos ensaiado, foi lindo, foi gostoso, eu me permiti viver e sentir isso mesmo sabendo que eu não devia.

Ele parou em frente a um enorme portão e piscou o farol, o portão não abriu, então ele gritou.
- Sou eu! - Ele procurou um funcionário mas estava escuro.
- Senhor Luccas? - Ouvimos no radinho que tinha ao lado, nem tínhamos notado.
- Isso. - Ele soltou um suspiro indignado.
- Calma, só não reconheceram você. - Eu acariciei sua mão e ri fraco.
O portão se abriu lentamente porque era enorme e enfim entramos no espaço da residência.

Essa porra era uma mansão, não uma casa. Achei que por ser uma chácara fosse ser mais simples, mas ouso dizer que é até maior que a mansão deles na cidade.

Luccas estacionou e eu não desviei o olhar, fixei os meus olhos nele manobrando o carro e agora sim o desconforto no meu estômago e no meio das minhas pernas foi gigantesco.

Por que ele tinha que ser tão gostoso?

Ele desligou o carro e suspirou. Ele me olhou e sorriu de canto.
- Suas bochechas estão vermelhas. - Ele apertou os lábios com um riso idiota.
- Não estão não. - Levei a mão ao rosto cobrindo ele.

Que merda.

Ele riu e soltou o meu cabelo, passou as mãos por alguns cachos, os alinhando.
- Vamos? Hora de encarar os Trindade.
- Não fica tão próximo assim de mim. - Eu disse baixo e engoli em seco.
- Ow, me desculpe. Próximo.. assim? - Ele tirou o cinto e levou o seu nariz até o canto esquerdo do meu rosto.
- Porra, Trindade. - Desviei o meu olhar e senti sua respiração contra a minha pele, o que me causou muitos arrepios.

Me lembrei de segunda-feira, quando permiti que seus lábios beijassem o meu pescoço. Aquela sensação.. porra, que sensação gostosa.
Tenho MESMO que parar com isso.

- Está com o perfume cítrico, certo? - Sua voz soou baixa bem próxima ao meu ouvido, eu apenas assenti. - Sabia que sempre quis fazer isso? - Nossos olhos se encontraram por uns instantes, meu olhar estava confuso.
- Isso.. o que?
- Isso. - Ele levou o nariz ao meu pescoço e fungou.
Eu fechei os olhos por esses instantes e engoli em seco, inclinei de forma involuntária o meu pescoço para o lado oposto.

Era como se o meu corpo reagisse querendo mais e a minha cabeça estivesse gritando:

PORRA.

Não suficiente, ele sorriu e beijou rápido uma vez o meu pescoço.
- Vamos. - Ele disse com um sorriso satisfeito e abriu a porta do carro, saindo em seguida.

Eu estava paralisada, não sabia identificar o que estava acontecendo com o meu corpo e não tinha uma resposta do porquê deixei ele fazer isso ou do porquê gostaria que tivesse durado mais.

Não era para acontecer assim...Where stories live. Discover now