Capítulo 26 - Respirar e Contar.

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𝐿𝑢𝑐𝑐𝑎𝑠 𝑃𝑂𝑉:

12/08/2022 - Apartamento L.T - Perdizes. - 18:15h.

É hoje. Ela e eu estávamos prontos, entrando no estacionamento do meu apartamento. É hoje.

Ontem foi engraçado e foi.. gostoso passar tempo com ela. Ela é cômica, meu riso fica frouxo com a presença dela, é incrível como ela consegue transformar tudo em piada.

Quando eu fui buscar ela, e a vi vestida como pedi, senti como se um furacão passasse por meu estômago. Ela tinha pela primeira vez, me obedecido. A sensação era boa, me deixava confiante, era bom ter o controle de novo. Mas, além de me sentir no controle, ela estava incrivelmente atraente. Fenda.. eu tenho sérios problemas com fenda. Sou extremamente atraído por aquele pedaço de perna exposto, a saia que ela trabalha não é tão exposta, e nesse vestido, ela estava fodidamente gostosa. Mesmo com o "jeito" doce e meigo que ela passava, que era o que eu queria que minha família notasse, minha cabeça só conseguia olhar do jeito oposto que minha família deveria olhar.

Eu estacionei o carro e tirei o cinto, a olhei por uns instantes e ela parecia apreensiva.

- Vamos? - Pergunto com um sorriso motivador.
- Tudo bem, vamos... - Ela diz como se acalmasse a si própria, enquanto tira o cinto.
Eu saí do carro e antes que desse a volta, ela sai também.
- Sempre mais rápida que eu. - Eu rio fraco.
- É um talento. - Ela diz dando de ombros com um sorriso.
A vi olhar em volta, ela cerra um pouco os olhos, olhando para a minha BMW.
- Não é o carro que você me atropelou, a BMW?
- Eu não te atropelei. - A olhei repetindo pela centésima vez aquela frase. - E sim, é a BMW.
- Sim, você me atropelou. - Ela me olha e ri fraco. - Quantos desses aqui são seus? E pelo amor de Deus, não banque um tipo Christian de novo.
- O que seria "um tipo Christian"? Dizer que todos dessa garagem são meus?
- Exatamente. - Ela me encara como se esperasse outro tipo de resposta.
- Todos os carros dessa garagem são meus, Raya. - Ela revira os olhos.
- Posso duvidar?
- É claro, mas não teria porquê mentir para você. Sou dono do condomínio tanto quanto sou dono de todos os carros dessa garagem.
- Tu é dono do condomínio? Tipo, esse condomínio? Do prédio? - Ela diz uma frase atrás da outra, como se sua dúvida fosse genuína.
- Sim. - Eu ri de sua postura. - Moro em um dúplex na cobertura, os outros moradores não sabem que sou o dono, não tem porquê.
- Eles não acham estranho você ter uma "mini" garagem só pra você? Quantos carros tem aqui? - Ela diz contando um por um. - 12?
- São 11, o pequeninho ali atrás é da Lyna. - Aponto para o carro estilo uno, conhecido como Fiat 500.
- E nenhum outro morador acha isso estranho?
- Não. Sou apenas o morador "mais rico" do prédio.
- Só pode ser algum tipo de castigo, meu Deus.
- O que? Você estar saindo com um cara rico?
- Primeiro, não estamos saindo. Segundo, é exatamente isso.
- Antes do meu patrimônio em dinheiro, eu sou um ser humano, sabia?
- Eu sei. É só duas visões completamente diferentes. Você cresceu achando isso aqui normal, e para mim isso é exorbitante.
- Você se acostuma. São só cinco meses.
- Só cinco meses. - Ela repete como uma súplica.
- Vem. - A estendo a mão, ela me olha de cima a baixo. - É só minha mão, Raya.
- Pode ir, eu vou logo atrás. - Ela diz me olhando, negando dar suas mãos para mim.
- Tudo bem. - Eu suspiro e levo minha mão ao bolso.

Caminho até o elevador e ela vem logo atrás de mim. Assim que o elevador chega, seguro para que ela entre primeiro e entro em seguida. Apertei o botão e em um minuto já estávamos no hall do meu apartamento. Uso a digital para abrir minha porta e peço para que ela entre, entro em seguida e a porta se trava.

- Bem-vinda ao 29° andar do prédio, também conhecido como minha casa. Tem um elevador particular que sobe para a cobertura e uma escada no meio da sala. Eu mostrarei para você com calma depois. - Digo e a vejo olhar um pouco em volta.
- É obviamente muito bonito.
- Obrigado. - Sorri fraco. - Tudo graças ao bom gosto da Marina.
- Luc? Chegou querido? - Ouço a voz de Marina e sorri.
- Cheguei, Ma. Já tô indo aí. - Respondo e olho para Raya. - Pronta?
- Ela sabe da farsa, né?
- Sim, Raya. Ela sabe.
- Só para confirmar. - Ela respira fundo e eu sigo para a sala principal, ela vem logo atrás.
Vejo Marina se levantar e desligar a televisão.
- Voltei. - Sorri e Raya parou ao meu lado.
- Oi. - Ela diz para Marina com um sorriso fraco, um tanto quanto tímida.
- Oi, minha linda. - Marina diz com um sorriso e vai até a Raya para abraçá-la. - É um prazer te conhecer. - Ela diz no abraço, que Raya aceitou de primeira.
- É um prazer para mim também. - Raya diz com um sorriso.
Quando elas se soltam do abraço, fico uns segundos observando Marina. Ela olhava para Raya de uma forma diferente, ela tinha um sorriso nos olhos, eles brilhavam, tal como esperança.
- Você é muito bonita, Luc não me deixou ver nenhuma foto sua, ele queria uma reação sincera. - Ela diz e as duas riem.
- Obrigada. - Raya aceita o elogio com timidez. - A senhora também é muito bonita.
- Senhora, não. - Marina levanta a mão esquerda. - Nenhum marido aqui, aceito apenas ser chamada por "você". - Ela diz de forma brincalhona. Raya e eu rimos.
- Tudo bem, você é muito bonita.
- Muito obrigada. - Marina diz e caminha frente a ela. - Está nervosa? Ansiosa? - Ela pergunta e Raya desvia o olhar. Marina leva sua mão ao rosto de Raya, como conforto. - Tudo bem, imagino que seja novo e estranho isso tudo, não é? - Raya assente. - Vai se dar bem. Tenho absoluta certeza.
- Obrigada. - Raya sorriu fraco.
- Só seja você mesma. - Marina diz e sorri se afastando um pouco.

Não era para acontecer assim...Onde histórias criam vida. Descubra agora