Não era para acontecer assim...

INTRODUÇÃO RAYA VER.

Oi, eu me chamo Raya. A origem desse peculiar nome para região onde vivo, que é o Brasil, vem do hebraico. Raya significa "cheia de aroma" ou "A melhor das fragrâncias". Minha mãe gostava de aromas suaves, cheiros a traziam paz, especificamente cheiros de bebês. Então, ela resolveu nomear a querida filha dela como Raya, porquê segundo ela, eu era a melhor das fragrâncias. Eu nasci no dia 26/09/2000 ás 16:16 da tarde. A primavera tinha acabado de chegar em São Paulo e eu também. Minha mãe se chama Maria Fabiola dos Santos e meu pai Cassemir de Almeida, eles moravam juntos quando me tiveram.

Quando eu ainda era um bebê, minha mãe viu traços de estrabismo em mim e me levou ao oftalmologista do posto de saúde, onde eles apenas disseram que não era nada muito grave.
Pulam dois anos de possíveis tratamentos para uma nova ida ao posto de saúde, dessa vez, a bebezinha com estrabismo tinha avançado, eba? Não, porquê ainda não era nada demais. Pediram um retorno de 6 meses, a bebezinha foi crescendo e bom, aprendendo a viver. Com 4 anos, minha mãe notou que eu curiosamente ficava "dentro" da televisão para assistir. Novamente ao posto mas, dessa vez, apenas numa consulta de rotina. Ao chegar lá "uma mancha" preta cobria boa parte da pupila do meu olho esquerdo, pasmem, eles descobriram que não era só estrabismo! Fui encaminhada de emergência para o Hospital São Paulo, ora ora, finalmente vão investigar o que a mãe da ceguinha tinha notado desde seus primeiros meses. Obviamente foram atrás da causa da mancha preta, o quê era aquilo que estava cegando a garotinha de 4 anos? A resposta, chocante e tão óbvia agora era: catarata. Como uma criança nascida em 2000 tinha catarata? Estávamos em 2005, ela completaria 5 anos agora, como isso era possível? Eu gostaria de ter resposta, mas se eles não tinham, como eu poderia ter? Era óbvio que eu precisava de uma cirurgia de emergência, mas o delicioso detalhe era, o Hospital São Paulo não operava menores de 6 anos. Novamente jogada para outro Hospital, dessa vez fui encaminhada para Santa Casa De Misericórdia. Aquele mesmo processo, médicos e mais médicos em cima da garotinha de 4 anos que tinha catarata, eu era como uma atração para os residentes. Marcaram a cirurgia, ainda intrigados com o fato de, se ela nasceu com catarata, como foi descoberto apenas agora? Eles eram burros ou o que? Tudo bem, releve, era 2005. No dia da cirurgia, eu não entendia muita coisa do que estava acontecendo, minha mãe e eu saímos de casa ás 4:30h da manhã, para pegar o primeiro ônibus. Quando chegamos lá, fizemos o processinho básico de internação, sinceramente, eu era tão pura que achava legal. Colocaram o acesso e o médico legal entrou na sala logo em seguida, ele fez aquelas palhaçadas para alivar a criança, que no caso, era eu. Ele chamou minha mãe por um segundo, ela me deixou com a enfermeira e foi. Alguns minutos depois, ela voltou com os olhos vermelhos, minha mãe havia chorado? Eu era nova demais para ter entendido. Alguns anos depois, ouvi minha mãe contando que naquele momento, o médico a entregou um termo, para que ela assinasse, dizendo que a mesma estava ciente que a garotinha de 4 anos, que era sua filha, sairia de lá cega por completo. Eu poderia dar detalhes da minha recuperação e etc. Mas isso demoraria muito, porquê significa que eu teria que contar de todas as outras. Minha mãe era uma mulher religiosa, ela sempre foi, eu de certa forma também era. Eu não fiquei cega por completo, eu envergava vultos, o que eles denominavam como "conta dedos". O olho direto também estava comprometido, e dale mais uma cirurgia, agora em 2006. Depois vieram mais quatro nos olhos, em 2007, 2009, 2011, e 2013.

Eu tinha outros problemas, o que tratei durante toda vida, em 2013 eu fiz uma cirurgia nos joelhos, o nome da doença que eu tinha era genovalgo, também conhecida como "joelhos do kiko" sim, o kiko do chaves. Eles colocaram um parafuso (sim, um parafuso) em cada joelho, que se mantém até hoje. De 2006 á 2014 eu tomei corticoide, para a recuperação das cirurgias, e cuidar do que eles chamavam de uveite intermediária. Ah, acho que não contei isso, em 2006 na cirurgia do olho direito, eles descobriram que minha catarata foi desenvolvida por conta de uma doença ocular chamada "uveite". O "intermediária" foi adicionada porquê nenhuma uveite era causada "do nada" e como eles não sabiam o motivo, bom, era chamada de intermediária.