Capítulo 30 - Muito heteronormativo.

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𝐿𝑢𝑐𝑐𝑎𝑠 𝑃𝑂𝑉:

16/08/2022 - Terça-feira. - Apartamento L.T. - Perdizes. - 7:55h

Eu acordei às 6h e fui direto para meu treino na academia do condomínio. Quando voltei, ajudei a Marina a preparar o café e nos sentamos para comer.
- Voltou a treinar? - Ma perguntou com um sorriso.
- Por que? Eu tô fedendo? - Comecei a me cheirar e Ma riu.
- Não, só suado.
- Eu precisava. - Ri fraco. - Fiquei o que, uns 4 meses sem treinar?
- Acho que foi um pouco mais. - Ma riu. - Por que voltou agora?
- Porque é necessário, Ma. E eu sempre treinei, preciso manter meu corpo.
- Isso não tem nada haver com seu relacionamento, tem? - Marina pergunta com um sorriso de canto.
- Ma, quando eu não estava fingindo um relacionamento, eu tinha uma vida sexual bem ativa, o que evitava que eu saísse de forma. Com esse querido relacionamento, eu não vou transar, então preciso exercitar meu corpo de alguma forma.
- Ah, desculpa aí, senhor máquina de sexo. - Ma e eu rimos. - Você vai mais tarde hoje de novo?
- Sim, eu vou encontrar uma pessoa, depois vou direto.
- Hm, e eu posso saber quem seria a pessoa?
- Prometo contar quando eu voltar, ok?
- Ai ai, Luccas Trindade... - Ma cerrou os olhos ao me encarar.
- Relaxa, não estou aprontando nada.
- Uhum.. bom, nos vemos mais tarde, tenho consulta. - Ma levanta e beija o topo de minha cabeça. - Até mais tarde, querido.
- Até mais tarde, Ma. - Acariciei sua mão que pousou em meu ombro quando ela beijou o topo de minha cabeça.
Vi ela pegar sua bolsa e seguir para a saída principal, ouvi a porta bater e suspirei. Me levantei e tirei a mesa do café, logo em seguida peguei meu celular em mãos e me joguei no sofá, vendo alguns stories. A campainha tocou e eu franzi o cenho.
- Essa digital deve ter falhado de novo. - Revirei os olhos. - Viu só dona Marina, as chaves não são tão do passado assim, né? - Ri e abri a porta, meu rosto se fechou. - O que você tá fazendo aqui?
- Já se passaram quatro dias, não somos mais crianças. - Apolo joga um par de luvas de boxe, que seguro em mãos. - Te encontro lá embaixo.
- Eu não tô muito afim de respirar o mesmo ar que você, então obrigado, mas não.
- Eu disse que te encontro lá embaixo, Luccas. - Meu irmão diz e abre a porta das escadas, descendo e deixando a porta bater.

Mas que porra.

Eu respirei fundo e entrei de volta no meu apê e caminhei até o banheiro. Após urinar, lavei as mãos e caminhei de volta até a cozinha, peguei 2 garrafas de água na geladeira e saí do apartamento, descendo direto para a área de treino do condomínio. Ao chegar, vi meu irmão em pé, me aguardando.
- Achei que tivesse deixado o boxe. Não era muito violento? - Questionei parando frente a ele, com uma boa distância.
- Falei isso em família porque a Amanda não sabe que eu continuo treinando. Ela que acha muito violento, não eu. Eu apenas faço, sem que ela saiba, ou a Melia.
- Um mentiroso nato. - Resmungo com ironia.
- Eu estou omitindo, porque diferente de você, eu não saio distribuindo socos por aí.
- Ah, cala a boca, Apolo! Se eu falasse qualquer coisa que diminuísse sua mulher, se eu falasse um terço do que você falou da Raya, você sairia distribuindo tiros por aí. Você banca para nossa família ser um bom moço, um cara de família, um bom pai, um bom marido e toda merda que você gosta de se vangloriar, mas eu e você sabemos quem é que distribuía socos por aí antes de você colocar esse bambolê no dedo.
- É e quando eu distribuía socos por aí, o que você me recomendou?
- O boxe. - Desviei o olhar achando aquilo ridículo e apoiei as garrafas de água na estante.
- O meu primeiro dia de boxe, foi depois de uma noite de balada que eu bati em um bartender, você me arrastou até a sua aula de boxe e você lembra o que você fez comigo?
- Eu te dei uma surra.
- Então vamos lá, irmão, agora é a minha vez. - Apolo me encara e assume postura.
- Que se foda. - Dou de ombros e tomo postura, colocando as luvas nas mãos.
Nós sabíamos as regras, e íamos seguir.
- Por que me escondeu que estava com essa garota? - Ele começa a falar para me distrair.
- Porque você não precisa saber de tudo.
- Sou seu irmão, e achava que era seu melhor amigo. - Ele me acerta um.
- Porra. - Eu respirei fundo. - Você não é o centro do universo, Apolo. Eu tenho a porra de uma vida sem você. - Minha vez de acertá-lo.
- Ahr! - Ele resmunga após ser acertado - Por que uma garota tão nova? Por que uma que parece a porra de uma adolescente?
- Mas que caralho, Apolo. - Eu reclamo e em seguida sou golpeado de novo. - PORRA.
- RESPONDE, VAMOS LÁ. ME ENCARA COMO HOMEM, PORRA! VOCÊ NÃO É UM GAROTINHO, LUCCAS, VAMOS LÁ CARALHO.
- VOCÊ É UM BELO DE UM FILHO DA PUTA. - É minha última fala, o ódio subiu ao sangue, então a luta começou de verdade.

Não era para acontecer assim...Onde histórias criam vida. Descubra agora