Encapuzada

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Contagem de palavras: 1672

=X=

Uma dungeon no meio de uma cidade era novidade para Sinbad.

Um grupo de crianças brincava de bola de frente à entrada. Uma delas se destacava: usava roupas diferentes das dos moradores locais. Deveria ser de fora, assim como Sinbad. Talvez fosse por isso, e por uma sensação familiar que sentia ao olhar aquela criança, que Sinbad os assistiu brincar por mais tempo que pretendera.

— A bola! — um garoto gritou, acompanhando a trajetória da bola enquanto ela ia para fora da área imaginária em que jogavam.

— Ei, tio. — Sinbad olhou para os lados. — Você mesmo, tio — outra criança disse, apontando para Sinbad. — Joga a bola pra cá.

Tio, Sinbad pensou, se lembrando das crianças de seu vilarejo. Elas não o chamavam de tio — ele se achava novo demais para ser chamado de tio —, mas tinham semelhanças. Pegou a bola aos seus pés e jogou-a de volta ao grupo.

A brincadeira voltou junto às risadas.

— Valeu, mano — dessa vez gritou a criança com roupas estrangeiras.

Ele sorriu enquanto se afastava, à procura de sua tripulação da qual se separara. Não chegou a achar nenhum rosto conhecido quando, não muito tempo depois, ouviu alguém gritar.

— Uma criança entrou na dungeon!

E foi a partir daí que iniciou-se sua próxima aventura em uma dungeon.

[...]

O som alto de luta, metal contra carne e rosnados abafava o ruído que vinha do fundo da garganta em meio a respirações erráticas.

Sinbad se via sem muitas opções. Uma horda gigantesca de monstros continuava a se jogar contra ele. Não importava quantos ele se livrasse, quantos atingisse com sua espada ou quantos usasse o poder de Baal, sempre vinham mais. Tomou a única decisão cabível: fugir.

Correndo dos monstros que não pareciam ter fim, Sinbad procurava por rotas de fuga ou algum esconderijo. Para seu azar, o único caminho que havia era o que seguia, sem ramificações nem sequer frestas por onde se esgueirar. Começava a ficar preocupado.

Ao virar uma curva fechada, sentiu-se ser puxado para um canto apertado. Uma mão tapou sua boca.

— Shhh — sussurrou uma voz atrás dele, quase inaudível pelo som dos monstros que passavam direto por seu esconderijo.

Foi apenas depois que o silêncio se instaurou que Sinbad foi solto. Ele se virou no mesmo instante. As costas de alguém encapuzada o cumprimentaram, se afastando sem ao menos virar-se para checá-lo.

Sinbad olhou algumas vezes entre ela e a pequena fresta pela qual foi puxado. Voltar para lá estava fora de questão. Ele apressou o passo em direção à pessoa desconhecida. Foi só quando estava perto o suficiente que ele se deu ao luxo de falar, bem baixinho.

— Hum... obrigado por antes. Se não fosse por você eu estaria em uma enrascada das grandes. Essa dungeon tem mais monstros do que as outras em que estive. Eles quase conseguiram me encurralar lá atrás.

Um murmurinho foi tudo que ele tem como resposta.

— Eu a conheço de algum lugar? Você me parece familiar. — Ele tentou espiar seu rosto, mas, ao se aproximar, surpreendeu-se quando ela deu um grande salto para escalar a parede de rochas em seu caminho.

Certo, ele não estava prestando atenção ao caminho.

Seguindo o exemplo, ele começou a escalar logo atrás. A partir de então, o caminho se tornou mais estreito, forçando-o a seguir atrás dela.

Crystal - Sinbad x ReaderOnde as histórias ganham vida. Descobre agora