A forasteira sem nome

Start from the beginning
                                    

— Vamos ver até onde esse seu papo vai, moleque.

Porém ele sequer teve a chance.

Um baque alto ecoou pelas ruas.

O homem, outrora tão cheio de si e arrogante, estava ajoelhado no chão, choramingando de dor enquanto segurava suas costelas. Ele se virou para descobrir quem fora o infeliz de o atacar, mas seu movimento serviu apenas para levar outro golpe certeiro, dessa vez na bochecha. O corpo pesado estatelou-se no chão, imóvel.

A garota de antes elevou-se sobre o homem. Em sua mão segurava firme o bastão que usara para desmaiá-lo. Longo e de aparência rígida, mais alto que a própria garota. Sinbad não achou que fosse uma arma.

— Eu não fazia ideia que o povo desse lugar fosse tão barulhento — ela comentou, sua voz tão baixa que Sinbad mal ouvira.

— O-o que você fez?! — um dos bandidos perguntou.

— Bati nele.

A resposta serviu para nada mais que atiçar seus agressores. O choque se transformou em fúria. Veias saltaram em seus rostos rabugentos.

— Ora, sua...!

O grupo avançou em direção à garota. No curto intervalo de tempo que Sinbad levou para se juntar a ela, dois homens se contorciam de dor no chão.

Um deles caiu de imediato após ser atingido no estômago. O outro recebeu dois golpes: uma rápida pancada do bastão contra seu rosto e um chute contra as costelas.

Com dificuldades de lidar com ambos os adolescentes, os homens que estavam de fora apenas observando se juntaram para dar apoio.

Sinbad notou que teriam que suar um pouco mais.

— Eu não esperava que você fosse revidar assim. Você é bem durona para uma garota.

— E você é bem convencido para alguém desarmado — ela retrucou, observando o movimento cauteloso dos bandidos que os cercavam.

Um sorriso atrevido se abriu no rosto de Sinbad.

— Eu não preciso de armas para acabar com alguns patifes.

Ela não o respondeu, o que ele levou como uma forma de concordância.

Cansada de permanecer na defensiva, ela não esperou que os homens dessem o primeiro golpe. Com a ajuda de seu bastão, se lançou por cima deles, aterrissando com os dois pés no peito do coitado que calhou de estar no lugar errado, na hora errada. Ele caiu prostrado no chão, ofegante por ar. Os dois mais próximos foram os próximos.

Sinbad observou aturdido, mas não permaneceu parado. Seguiu o exemplo da garota que, com sua rapidez e habilidade, fez do trabalho em grupo dos bandidos uma tarefa árdua de se realizar.

— Argh — grunhiu um dos homens ao ser lançado ao chão pela garota.

Um tentou atacá-la por trás. Girando em seus calcanhares, ela foi rápida em defender-se do ataque dele. Sinbad aproveitou a brecha. Tomou liberdade para finalizá-lo e não perdeu a oportunidade para abrir um sorriso charmoso na direção da garota que, de todas as reações esperadas, passou por ele e golpeou o homem que se esgueirava por suas costas.

Sinbad assobio, impressionado.

Logo não restava mais ninguém de pé além da dupla.

Ambos tinham a respiração acelerada. A fina camada de suor brilhava contra a luz forte do sol.

— Tinha mais gente do que eu pensava. De onde todos eles surgiram? — Sinbad perguntou retoricamente, admirado com a quantidade de homens prostrados no chão. Então tinha aquela garota, que não parecia ter acabado de enfrentar uma dúzia de homens debaixo do sol quente, beirando o meio-dia, com aquela capa preta. Devia estar um forno.

Crystal - Sinbad x ReaderWhere stories live. Discover now