O Retorno Recente - XXVIII

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Enquanto eu estava pensando incansavelmente em Lucas, dos jeitos mais aleatórios possíveis, também me preocupava em como eu iria administrar o meu atraso para um casamento próximo.

Tudo bem que isso não é tão grave, cabeleleiro? Mole. E mesmo que não tenha, trata-se em casa. Vestido? Até o da 25 de março cairia bem. Bom... Deve ter sobrado muitos vestidinhos de noiva da festa junina do ano passado.

Sinceramente, o problema não é o casamento que vou em algumas horas, e sim quem vai estar lá.

Desejava irritantemente a presença de Lucas lá pelo meu pensamento.

Eu torcia no passado para que ele desse certo com outra pessoa a não ser eu? Sim, Torcia! Mas sabe... Mesmo crescida, maior de idade, dona do meu próprio nariz, tenho diversas crises idênticas a de adolescentes. Que mesmo que você lute contra si mesma para esquecer ou não se preocupar mais com aquela pessoa, ela sempre volta em sua mente com muito mais força.

Que pena, não?

Estou aqui sentada na cama do meu quarto, e a cada lembrança que surge com ele, milhões de borboletas, pássaros, gaviões, "dançam em meu estômago".

Em meio ao que lembrava a um desvaneio, fui surpreendida lentamente por Lucas, que apertou minha coxa e sorriu meio malicioso, não tanto quanto antes.

- Oi? - Coloquei a mecha do cabelo para trás da orelha.

- Hum... - Sentou ao meu lado na cama - Pensando em alguém?

- Eu? quem você sugere?

- Ah... Mais precisamente um cara alto, bem composto, olhos claros, azuis no caso, esses tipinhos, sabe?

- Sei... Em você? Porque eu estaria pensando logo em você? - Sorri.

- Porque eu sou o único dominante dos seus pensamentos, principalmente desse teu órgão ai - Com o dedo indicador, pressionou meu seio em forma de indicar o meu coração.

- Você não presta. - Dei um leve tapa em sua mão.

- Presto. E como... Porém, para poucas pessoas. Sinta-se privilegiada.

- Ai meu Deus, Lucas... - Levantei. E em meio a revirada dos olhos, senti um peso no braço esquerdo. Lucas levantou junto comigo e me puxou para perto, deixando sua mão direita envolvida em meu pescoço e molhando a boca colocando-a para dentro e logo soltando para fora. - Que saudades. - Sua boca parecia mais "suculenta" que o normal. E em instantes, nós já estávamos quase colados, a respiração era excitante em uma certa imaginação.

Em meio a apreciação lenta e irresistível, ambos escutamos a campainha tocar, e nos separamos rapidamente. Um coçando a cabeça e o outro apenas bufando. Acho que as reações se misturaram tanto, que eu não sei dizer ao certo, quem fez o que.

Sem dizer nada, fui até a porta para ver quem era, xingando mentalmente e percebendo que Lucas vinha logo atrás.

Destranquei a porta, e quando a abri, tive uma surpresa não muito agradável.

- Yasmim?

- Meu papo não é com você, e sim com o pai do meu filho.

- Am? - Não sabia se gaguejava ou apenas ficava de boca aberta enquanto ela entrava e ia em direção a Lucas, que já tinha levantado do sofá de qual ele havia se direcionado e se jogado após decidir deixar de me seguir.

- Lucas... - Engoliu seco. - Eu...

- Como assim? Nós usamos camisinha! Não, espera, você faz parte daquela gangue não muito popular que leva uma agulha, para poder furar a camisinha e dar o golpe do baú?

- Lucas, eu estou falando sério!

- Droga! - Exclamei nem um pouco discreta, e enquanto eu passava pelo os dois, Yasmim deu um sorrisinho diabólico, aquele sorriso que dava vontade de você despencar de uma altura absurda por não ter mais como sentir raiva.

Amizade ColoridaWhere stories live. Discover now