Sete

9 5 3
                                    

Toyu acordou com o balançar de uma carroça. Sua visão ainda estava turva, mas conseguiu ver Lissa em um canto enquanto chorava e segurava em suas mãos um gloss.

 Aquela era a única lembrança que a princesa teria de sua mãe e do palácio.

 O garoto, depois de alguns segundos desperto, percebeu que ainda estava em uma cela, mas essa, agora, era uma cela móvel, como uma carroça mesmo, com a diferença das grades e do formato quadrado que aquela possuía.

 Toyu procurou por Fadinha, mas não a encontrou. Ele temia que naquele momento, ela já não existia mais. Por sorte, uma coisa que ele não pensou é que se a fada tivesse desaparecido, ele não se lembraria dela. Seria como se ela nunca tivesse existido em suas lembranças.

 Ao redor haviam outras carroças, todas puxadas por bois ou cavalos. O veículo atrás do que eles estavam era guiado por um ser horrendo, pele verde enrugada e cheia de verrugas. Aquilo era um Orc.

 Os Orcs são seres terríveis, um dos mais temíveis por todo o Mundo encantado. Conhecidos pela violência e canibalismo, eles são tratados em muitas histórias por atacarem, invadirem e saquearem diversas vilas.

 O Orc em questão, ao ver que Toyu o olhava com nojo e rancor, cuspiu na direção dele e grunhiu. Um grunhido que o garoto iria demorar para esquecer.

 Lissa ainda estava chorando, mesmo depois de horas e horas de uma madrugada longa onde ela estava indo para um destino desconhecido, ela ainda tinha lágrimas para chorar. Seus olhos estavam vermelhos devido à exaustão da noite sem dormir e claro, de tanto chorar.

 Ao perceber Toyu a olhando, a princesa esfrega os olhos e vira o rosto:

 - acordou finalmente, garoto curioso.

 Ele não conseguia se lembrar muito bem do que aconteceu antes de pegar no sono, a questão era: ele dormiu por conta do pó dos sonhos ou pegou no sono naturalmente? Essa questão é fácil de ser respondida. Toyu ainda não conseguia usar o Santa Rossa, ou sequer ficar de pé, então obviamente ele sofreu com os efeitos do pó raro e proibido.

 - onde estamos? – Ele também esfrega os olhos, mas por sono.

 - é uma boa pergunta. Acho que perto da floresta encantada.

 - hum – Toyu dessa vez, procura por sua espada na bainha, mas não a encontra. Ele adorava aquela espada. A ganhou muito tempo atrás, com um amigo muito especial.

 - acho que não nos conhecemos direito, não é? Eu sou Lissa, a princesa de “Era uma vez”. – A garota novamente enxuga o rosto, ela força um sorriso.

 - fiquei sabendo – o moreno, por sua vez, não conseguiu esconder sua frustração.

 - desculpa ter mentido, mas não podia deixar que soubessem...

 - o que você tava fazendo fora do palácio e com aquele livro estranho? – Toyu foi direto ao ponto, afinal, não gostava de enrolação.

 Lissa se lembrou do livro e se decepcionou ao ver que ele não estava ali com ela. Logo, também lembrou do seu poder secreto, mas sabia que não poderia fazer nada além de uma única chama pequena e descoordenada.

 - sabe, é que... Eu meio que... – a princesa se aproxima do ouvido do garoto e cochicha – tenho uma magia.

 - e o que tem demais nisso?

 - princesas não podem ter magia, nem saber sobre. Por isso saí escondida. Há alguns meses, eu sem querer fiz fogo na cozinha do palácio, desde então eu vivia querendo saber o que eu tenho. Mas acabou acontecendo isso.

Fairy Tales: Era uma vezWhere stories live. Discover now