Toyu acordou com o balançar de uma carroça. Sua visão ainda estava turva, mas conseguiu ver Lissa em um canto enquanto chorava e segurava em suas mãos um gloss.
Aquela era a única lembrança que a princesa teria de sua mãe e do palácio.
O garoto, depois de alguns segundos desperto, percebeu que ainda estava em uma cela, mas essa, agora, era uma cela móvel, como uma carroça mesmo, com a diferença das grades e do formato quadrado que aquela possuía.
Toyu procurou por Fadinha, mas não a encontrou. Ele temia que naquele momento, ela já não existia mais. Por sorte, uma coisa que ele não pensou é que se a fada tivesse desaparecido, ele não se lembraria dela. Seria como se ela nunca tivesse existido em suas lembranças.
Ao redor haviam outras carroças, todas puxadas por bois ou cavalos. O veículo atrás do que eles estavam era guiado por um ser horrendo, pele verde enrugada e cheia de verrugas. Aquilo era um Orc.
Os Orcs são seres terríveis, um dos mais temíveis por todo o Mundo encantado. Conhecidos pela violência e canibalismo, eles são tratados em muitas histórias por atacarem, invadirem e saquearem diversas vilas.
O Orc em questão, ao ver que Toyu o olhava com nojo e rancor, cuspiu na direção dele e grunhiu. Um grunhido que o garoto iria demorar para esquecer.
Lissa ainda estava chorando, mesmo depois de horas e horas de uma madrugada longa onde ela estava indo para um destino desconhecido, ela ainda tinha lágrimas para chorar. Seus olhos estavam vermelhos devido à exaustão da noite sem dormir e claro, de tanto chorar.
Ao perceber Toyu a olhando, a princesa esfrega os olhos e vira o rosto:
- acordou finalmente, garoto curioso.
Ele não conseguia se lembrar muito bem do que aconteceu antes de pegar no sono, a questão era: ele dormiu por conta do pó dos sonhos ou pegou no sono naturalmente? Essa questão é fácil de ser respondida. Toyu ainda não conseguia usar o Santa Rossa, ou sequer ficar de pé, então obviamente ele sofreu com os efeitos do pó raro e proibido.
- onde estamos? – Ele também esfrega os olhos, mas por sono.
- é uma boa pergunta. Acho que perto da floresta encantada.
- hum – Toyu dessa vez, procura por sua espada na bainha, mas não a encontra. Ele adorava aquela espada. A ganhou muito tempo atrás, com um amigo muito especial.
- acho que não nos conhecemos direito, não é? Eu sou Lissa, a princesa de “Era uma vez”. – A garota novamente enxuga o rosto, ela força um sorriso.
- fiquei sabendo – o moreno, por sua vez, não conseguiu esconder sua frustração.
- desculpa ter mentido, mas não podia deixar que soubessem...
- o que você tava fazendo fora do palácio e com aquele livro estranho? – Toyu foi direto ao ponto, afinal, não gostava de enrolação.
Lissa se lembrou do livro e se decepcionou ao ver que ele não estava ali com ela. Logo, também lembrou do seu poder secreto, mas sabia que não poderia fazer nada além de uma única chama pequena e descoordenada.
- sabe, é que... Eu meio que... – a princesa se aproxima do ouvido do garoto e cochicha – tenho uma magia.
- e o que tem demais nisso?
- princesas não podem ter magia, nem saber sobre. Por isso saí escondida. Há alguns meses, eu sem querer fiz fogo na cozinha do palácio, desde então eu vivia querendo saber o que eu tenho. Mas acabou acontecendo isso.
YOU ARE READING
Fairy Tales: Era uma vez
FantasyFairy Tales vol.1 primeiro livro da série Fairy Tales Um garoto que faz trabalhos para um contrabandista em troca de noites em um alojamento, uma princesa que treina escondida e guarda um segredo da realeza, uma garota que procura por seu melhor a...