Amor e destino, duas coisas as quais Astrid a muito tempo deixou de acreditar, desde que fora abonada. Após ver a família que lhe acolheu sendo assassinada, algo dentro dela havia despertado. Nascida em um mundo abandonado pelos deuses, imune ao fog...
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Sinto o ar sendo roubado dos pulmões quando noto interesse em seu olhar e observá-lo caminhando em minha direção. Sinto meu corpo enrijecer e logo sou tomada por alívio quando vejo desviar sua atenção para um senhor que o cumprimentou no trajeto.
Me assusto quando sinto alguém tocar em minha mão. Ygor olha para mim com uma enorme interrogação em sua expressão.
— Está tudo bem? — ele pergunta levando a mão direita a minha testa — Parece pálida.
— Estou bem. — digo enquanto seguro sua mão e a aperto levemente — Vamos logo com isso, não temos a noite toda. — Mesmo com sua expressão preocupada, ele assente.
Nos separamos, movimentando-me pelo salão, logo um jovem rapaz de cabelos escuros, bochechas rosadas, olhos castanhos e queixo definido, me convida para uma dança. Aproveito a oportunidade para observar discretamente os movimentos pelo salão.
Ao término da música, despeço-me e avisto, ao longe, o conde acompanhado de alguns senhores e suas esposas. Vasculho o salão em busca de Ygor e percebo que nossa presença despertou a curiosidade de algumas pessoas. Algumas damas se agitam, tentando chamar a atenção dele, enquanto alguns senhores, mesmo acompanhados, me observam como abutres.
Enquanto converso com um rapaz que se aproximou, sinto um leve desconforto em minha nuca. Observo-o empalidecer e retirar-se apressadamente. Estava prestes a questionar o motivo quando ouço uma voz.
— Parece que ele teve um assunto urgente para resolver. — Minha coluna enrijece ao reconhecer a voz do homem atrás de mim.
Recompondo meus sentidos e viro-me lentamente, erguendo o rosto ao deparar-me com o homem sorrindo levemente, que, facilmente, ultrapassa os dois metros de altura.
— Vossa Alteza. — recuo um passo para trás, tomando distância adequada entre nossos corpos, e apresso-me em curvar levemente a cabeça na presença do príncipe herdeiro. Por que justo agora? Observo ao redor e constato que o conde permanece no mesmo local. Um sentimento de irritação contida me invade pela sua inoportuna aparição neste momento. Após a breve reverência, exprimo — Não acho que seja muito adequado aproximar-se tanto de uma dama em público. Há muitas jovens em busca de sua atenção nesse momento vossa alteza. — Digo, sorrindo com um tom ríspido, fitando-o com firmeza.
— Não estou em busca da atenção dessas mulheres, especialmente quando a mulher de meu interesse está diante de mim — ele diz com um sorriso galanteador. Apesar de sua beleza, o sorriso soa irônico, provocando em mim uma mistura de fúria e surpresa diante de seu cinismo.
— Não achei que fosse adepto de cantadas tão baratas como esta Vossa Alteza — digo seu título ironicamente, cerrando as mãos com firmeza na tentativa de conter as emoções que sua presença desperta. Embora tenha poder de jogar-me cela abaixo por tal ato, algo a seu respeito faz com que meu alto controle seja totalmente negligenciado.
