Capítulo 06: Despertar

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Sexta feira, 14 de março, hoje fazem apenas quatro dias que as investigações começaram e desde então a cidade está inquieta, tivemos mais turistas esses dias do que nos últimos dois anos, as pessoas querem respostas elas querem saber que estão em segurança, mas nós não estamos.

O xerife Doug continua empenhado em encontrar o assassino da cabana, é assim que chamam ele agora, de alguma forma eu sei que ele continua a espreita pronto para sua próxima vitima.

- Aaaah.. Por que isso tem que acontecer logo no ano em que eu vou me formar e meter o pé dessa cidade infeliz?

As ruas estavam escuras e desertas pelo toque de recolher, vovó Linner pediu que eu passasse no mercado quando estivesse voltando, encontrei Mirajane no caminho então acabei me atrasando mais do que deveria, ela disse que tinha novas teorias mas só iria me contar quando conseguisse checar os relatórios.

Me aproximando da nossa casa uma angustia tomou conta do meu corpo, senti um forte aperto no peito e um pressentimento ruim, eu não sabia que naquela noite minha vida mudaria para sempre.

- Luzes do quarto da vovó acesas? Que estran.. A porta também?!? - Gritou correndo para dentro da casa.

Decidi olhar os andares de baixo primeiro, a cozinha estava vazia, corri até a sala encontrando algumas taças de vidro quebradas. Vovó costumava fumar na poltrona bebendo uma taça de vinho todas as noites, era a maneira como ela escolheu aproveitar a vida. Todas as noites eu chegava tarde em casa e encontrava ela na poltrona, eu dava um beijo em seu rosto e ela aproveitava para se aproximar do meu ouvido e antes de retribuir o beijo ela sempre sussurrava que eu estava destinado a felicidade.

Eu corri desesperadamente pela casa, minha respiração estava ofegante e por isso eu acabei tropeçando no degrau da escada e torcendo levemente o tornozelo.

-- Ahhhgr!

Na escada havia um rastro de sangue levando até o quarto da vovó, minhas pernas estremeceram e eu relutei em abrir aquela porta, seria doloroso demais confirmar oque eu já sabia.

- V-Vovó..?

Meus olhos mal acreditaram no que eu estava vendo, o quarto da vovó estava sujo com sangue e ela estava deitada no chão enquanto aquele homem terminava de se alimentar, a vida em seus já parecia ter se esvaído, as paredes manchadas e o chão escorregadio, uma verdadeira.. Miragem de sangue.

- Que porra é essa?!?

Aquela cena foi demais para mim mal consegui me conter e acabei vomitando no chão, me recusava a acreditar.

- Até que ela relutou bastante para a idade dela.. Sabe oque eu mais gosto em me alimentar de pessoas assim? Elas simplesmente aceitam que não podem fazer absolutamente nada. - Lambeu os dedos manchados de sangue. - Me sinto como um verdadeiro deus.

- V-vovó.. Seu.. seu.. seu desgraçado!!

Aidan gritou atacando aquele homem tentando desferir um soco em seu rosto, Liam desviou golpeando-o com uma joelhada, suficiente para derruba-lo.

- Mas já? - Se aproximou olhando nos olhos do garoto, enquanto mostrava suas presas aumentando.

- O-Oque você.. é.. Coff Coff.. merda..

- Ninguém importante, igual a você. - Chutou o rosto de Aidan.

Coff Coff

Vovó.. me perdoa por ter me atrasado.. acho que.. logo estaremos juntos novamente, eu prometo.

Aquele homem me arrastou pelo chão do quarto enquanto eu observava o cadáver dela, ele me jogou pela janela quebrando os vidros, no impacto quebrei alguns ossos e apaguei momentaneamente.

- Acho que você está se perguntando porque eu fiz isso, não é? A resposta é.. você nunca vai saber. - Sorriu ironicamente.

Depois de um tempo apagado eu consegui abrir meus olhos lentamente, ele caminhava na minha direção, eu nunca vou esquecer aquela expressão sádica e se eu conseguisse ao menos mexer um dedo do meu corpo, eu juraria vingança.

Acho que é o meu fim. - Fechou os olhos.

- Segura essa seu desgraçado! 

- O-oquê? Mira? 

Mirajane apareceu repentinamente atacando aquele homem com um facão, ela o perfurou várias vezes repetidamente antes que ele pudesse reagir.

- Sua p-puta. - Caiu no chão.

- Oquê? Não consigo te ouvir do inferno seu merda! - Atacou perfurando novamente o homem. - Urfa.. acho que acabou. - Cuspiu no chão.

- Mira oque você está fazendo aqui? É perigoso..

- Vê se cala essa boca Aidan, vem vou te ajudar a levantar.

A garota apoiou Aidan em seus ombros, algumas lágrimas escorriam de seus olhos.

- Mira.. a vovó Linner..

-- Shh! Eu sei, escutei os barulhos. Foi uma baita sorte você ter deixado a chave cair, vocês moram bem isolados da cidade.

- Me deixe aqui.

- Cala a boca seu idiota, vamos para casa.

- Casa? Vocês ainda pensam que podem voltar para.. ''casa''? - Liam se levantou surpreendendo os dois.

- O-OQUÊ? - Gritou Aidan. - Cuidado Mira!

Liam arremessou Aidan no chão, agarrando o pescoço da garota.

Aidan.. fuja.

- Consigo sentir a raiva vindo de você, dela eu não consigo sentir nada.. haha.. você é uma garota bem estranha. - Atacou o pescoço.

- MIRAJANE!

Droga eu preciso fazer alguma coisa.. eu.. merda.. merda.

Eu tentei me levantar e com muita dificuldade consegui me manter de pé, sabia que era questão de tempo até nos dois sermos mortos, foi quando aquilo aconteceu pela primeira vez.

- Solta ela seu desgraçado!

Aidan arremessou Liam para longe, apenas gritando.

- Que porra foi essa? - Se levantou com uma expressão de surpresa.

Oque acabou de acontecer? Eu fiz isso?

Liam avançou rapidamente até o garoto, em um reflexo espontaneo o garoto ergueu sua mão paralisando o vampiro.

- Aaaahgr! - Colocou as mãos na cabeça sentindo uma forte dor. - Oque você é sua.. aberração?

- Eu não sei, mas que se dane seu maldito!

Mirajane aproveitou a brecha para perfurar novamente o corpo de Liam.

Coff Coff.. Parem.. Coff

- Agora Aidan!

O garoto arremessou Liam em um telhado, o telhado quebrou empilhando vários escombros por cima.

- Caramba.. oque foi.. que acabou de acontecer. - Olhou para ele.

Me mantive em silêncio por um tempo, acho que Mirajane pensou que eu não estava preparado para responder aquela pergunta, mas a verdade é que nem eu sabia como responder.

O xerife Doug chegou logo depois acompanhado de algumas viaturas, os estragos e o rastro de sangue falavam por si só então não precisamos dar muitos depoimentos naquela noite. Mira e eu decidimos não contar a verdade, pensamos que ninguém acreditaria na nossa história e para falar a verdade eu não os culpo. Dissemos que minha casa foi atacada pelo suspeito dos assassinatos, vovó Linner foi morta no ataque, Mirajane apareceu por conhecidencia naquela noite.

Ele não pareceu muito convencido com a nossa história e de alguma maneira ele sabia que estavamos escondendo a verdade, mas resolveu não questionar, talvez ele também tenha medo da verdade.

O mais estranho de tudo é que ao olharem os escombros, não encontraram nenhum corpo.


Blood 𝓜irageWhere stories live. Discover now