Capítulo 2

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Maya ainda não conseguia acreditar que a mulher que mais amou na vida estava ali parada na sua frente depois de tantos anos e ainda achando que tinha algum direito de estar ali.

“Eu não irei cometer os mesmos erros que você.

Eu não vou me permitir causar tanta dor ao meu coração.

Eu não vou desmoronar igual você, você caiu com tanta força.

Eu aprendi do jeito difícil a nunca deixar chegar nesse ponto”.

Até parece que você tem algum direito - ela ri irônica - foi você que foi embora...você não tem direito de nada.

Tenho sim - ela diz firme - elas são minhas filhas. Maya durante todos esses anos eu pensei nela, pensei em vocês e me arrependi de verdade de não ter sido forte o suficiente para vencer meu vício naquela época mas hoje eu sou outra mulher, superei as drogas, sou uma ótima psicóloga e sei que posso ser uma boa mãe.

Que bom que você superou as drogas, fico feliz eu juro - ela diz em tom de ironia - mas não acha que é tarde demais para estar arrependida? - ela olha no fundo dos olhos dela - e todos esses anos que elas precisaram de você? Quem estava lá era eu, eu cuidei delas doentes, eu as levei ao primeiro dia de aula, sou eu que cuido delas Carina, eu - ela diz com rancor - você nos abandonou e não ao contrário.

Eu sei - ela diz agora sem toda aquela firmeza e puxa a cadeira para se sentar - por favor Maya - ela diz com a voz baixa.

Maya se sentou também e a analisou, ela não merecia sua compaixão, ela os fez sofrer, ela destruiu sua vida.

Não dá Carina, não dá pra simplesmente esquecer o que você fez - ela diz sincera - você não deveria ter voltado.

Eu errei Maya, errei feio e foi difícil tomar coragem pra vir, já faz tempo que eu queria fazer isso mas… - ela segura as lágrimas - eu estava com medo que você fizesse o mesmo que fez aquela vez - ela diz lembrando-se

Ela olha com ressentimento para ela e então se lembra do que havia feito anos atrás.

Após um ano de ter ido embora, Maya que havia se mudado para a mansão de seus pais, para que sua mãe e Amelia lhe ajudasse com as gêmeas. O mesmo estava saindo para ir trabalhar quando viu uma mulher do outro lado da rua, estava um farrapo, as roupas sujas e rasgadas, tão magra que os ossos apareciam, mas ele a reconheceu.

Carina? - ela diz ao se aproximar - não posso acreditar que é você?

Ma-Maya - ela diz - eu quero voltar pra casa...quero voltar pra você e as meninas - ela diz enrolado - eu já tô boa

Não Carina - ela a segura pelos braços e a olha nos olhos - você tá drogada - ela diz com repulsa - você está um trapo

Eu sei...mas vou parar, prometo - ela diz com um sorriso amarelo.

Não, você não vai - ele diz com raiva e a solta - vai embora, eu e as meninas não precisamos de você - ela diz tentando segurar as lágrimas.

Me ajuda por favor ? - ela pede estendendo a mão.

Eu tentei te ajudar várias vezes e você preferiu o que? Ir embora, agora já aprendemos a viver sem você, vá embora - ela diz tentando ser forte e lhe dá as costas.

Carina se joga no chão e deixa as lágrimas caírem, ela estava colhendo o que plantou.

Você sabia que no dia seguinte eu tive uma overdose? - ela arregala os olhos - eu quase morri Maya, mas me salvaram e então eu decidi que iria mudar e mudei. Fui para Miami com a herança dos meus pais, estudei e hoje sou o que sou - diz orgulhosa do si mesma.

Eu...eu nunca quis que você quase morresse - ela diz sincera - mas eu não podia te aceitar de volta, você podia fazer algo com as meninas ou ir embora de novo.

Olha só nós duas erramos, isso não importa mais, eu só quero ter a chance de conhecer minhas filhas e delas me conhecerem e de poder recuperar o tempo perdido. Eu sei que você nunca vai me perdoar, e nem vim lhe pedir isso, eu só quero uma chance de ser uma mãe de verdade, por favor. Maya, por tudo o que é mais sagrado - ela implorou com lágrimas nos olhos

Eu realmente não posso te ajudar - ela diz sem olhá-la nos olhos

Você não é esse tipo de pessoa Maya, você é bom, de um jeito que eu nunca fui - ela diz sincera e mexe com ela

Carina a verdade é que… - ele a olha -Emma e Melissa acreditam que você está morta - ela confessa.

O que? - ela diz sem entender.

Eu contei a elas que a mãe delas morreu no parto e do com que todos da família e amigos concordassem com a minha história - ela suspira e Carina fica pasma.

Você não podia ter feito isso - ela abaixa a cabeça e começa a chorar.

“Eu vi você morrer, eu ouvi você chorar

Todas as noites enquanto dormia
Eu era tão jovem, você deveria saber
Ao invés de jogar isso em mim
Você nunca pensou em mais ninguém
Você só via sua própria dor
E agora eu choro no meio da noite
Pelo mesmo maldito motivo”

Maya pediu para sua secretária trazer um copo d'água para Carina, mesmo que tentasse não ficar, ela ainda se preocupava por ela.

Beba a água - ela manda e ela o faz
Obrigada - ela agradece a secretária antes da moça sair e deixá-las a sós novamente.

Olha eu sempre achei que você nunca fosse voltar, elas me perguntavam sobre a mãe então preferi dizer isso ao invés de dizer a verdade, achei que doeria mas a elas - ela diz - e tudo o que eu não queria ela vê-las sofrer...elas são tudo pra mim Carina.

Eu entendo, por mais que eu não ache isso certo, eu entendo - suspira - você só quis protegê-las.

Exato, mas não é só isso - ela passa a mão pelos cabelos nervoso - Amelia me aconselhou que não devia mostrar fotos suas ou dizer seu nome, para não correr o risco de elas pesquisarem sobre você - Carina fica estática - disse apenas que se chamava Yasmin e que morreu no parto e no aniversário delas de treze anos eu dei a elas um quadro da mãe mas que não é você nele

Como pode fazer isso? - ela levanta-se com raiva - você não deixou nem ao menos que elas soubessem que eu era

Entenda Carina - ela diz calma.

Não Maya, isso é demais pra mim - antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa ela sai em disparada da sala deixando uma Maya frustrada.

Carina não havia mudado, continuava a mesma temperamental, que fazia o que dava na cabeça sem olhar pra trás, pena que isso foi uma das coisas que lhe fizera se apaixonar por ela no passado. Ela suspira e tenta voltar ao trabalho, mas era difícil não pensar em Carina.

Nesse momento a Mulher recebe uma ligação.

Amelia? - ela diz ao atender

Como assim Carina está na sua sala? O que aquela mulher quer? - a morena diz com raiva

Quem lhe contou? - ela suspira ao ouvir os gritos histéricos.

Carina sai da empresa transtornada, toda sua ideia de conhecer as filhas, de ter uma nova oportunidade havia ido por água a baixo, ela estava morta para elas e nada podia fazer. Ela pega o primeiro táxi que passa e vai direto para o hotel, precisava ligar para sua psicóloga e sua única amiga Meredith, ela saberia como acalmá-la.

A Madrasta - MarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora