Capítulo um

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              Eu não sou sua amiga, e nem outra coisa                  Caramba, você acha que é o machão                                   Eu penso, logo, sou                              THEREFORE I AM - BILLIE EILISH

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              Eu não sou sua amiga, e nem outra coisa
                  Caramba, você acha que é o machão
                                   Eu penso, logo, sou        
                     THEREFORE I AM - BILLIE EILISH

   

                                        MAVIS JONES

   

O trovão ressoou alto do lado de fora. As gotículas rudes batiam na janela denunciando a chuva forte acompanhada de trovões e relâmpagos; a sala de artes estava mergulhada na penumbra, apenas alguns raios causados pela chuva iluminavam o ambiente, lançando sombras misteriosas sobre as paredes já gastas. Eu me encontrava ali, perdida em meu próprio mundo de tinta e tela, deixando-me levar pelas correntes da minha mente tumultuada. Meus dedos ansiando pela textura familiar da tela branca, enquanto minha mente se afundava nas profundezas sombrias da inspiração.

Com um pincel carregado de tinta preta, comecei a traçar linhas erráticas, sem um propósito aparente. Cada movimento era guiado pelo caos que habitava dentro de mim, uma tentativa desesperada de dar forma aos meus tormentos interiores. À medida que as linhas se entrelaçam, formando padrões abstratos e sem sentido, senti a tensão dentro de mim se desenrolar lentamente. Cada pincelada era um grito silencioso, uma forma de expressar a minha angústia e o meu desespero.
   
O tempo perdeu todo o significado enquanto eu me entregava à minha criação; o mundo ao meu redor desapareceu, substituído pela energia intensa e pulsante que emanava da tela diante de mim. Quando finalmente recuei, observei aquilo que estava diante de mim, um desenho negro, sem forma ou figura definida. Sendo assim, uma representação caótica e perturbadora do meu mundo interior, uma janela para a escuridão que me consumia.
   
Com um suspiro pesado, afastei-me da minha obra. Eu sabia que tal desenho não resolveria todos os meus problemas, mas era um começo, era apenas uma forma de exorcizar os demônios que me assombravam, sendo um passo em direção à cura que eu tanto almejava. Estando sozinha na sala escura, com meus fones de ouvido e uma tela em branco, eu perdia a noção do tempo. A aula havia terminado a algumas horas e como não tinha nada de interessante para fazer, voltei a desenhar naquele curto espaço de tempo.

Pegando a tela em minhas mãos, a coloquei em um local para secar e voltei ao local onde estava sentada, jogando a mochila preta em meu ombro. Caminhei em passos lentos enquanto olhava o celular à procura de uma música nova. No meio do caminho, rapidamente, parei quando uma cabeleira acastanhada surgiu na minha frente e retirou meus fones de ouvido.

— Finalmente te achei! Nossa, estava te procurando faz uns dez minutos. — Melanie, minha melhor amiga, diz. Mel é totalmente o meu oposto, usa roupas coloridas ostentando sua personalidade com o que veste. Além de fazer amizade com qualquer pessoa, fala pelos cotovelos e anda saltitando como se o mundo fosse cor de rosa. — A Sra. Cole passou a meia hora final falando sem parar! Inclusive, passou um trabalho sobre microbiologia para entrar daqui a uma semana. Uma semana, Mavis! - Gritou expressando sua indignação. Com nossas personalidades opostas, somos o que ela chama de gato preto e golden retriever.

HEARTLESS - REESCREVENDOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora