CAPÍTULO 15. Universos

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ERIS

— Está aí há muito tempo? — mas meus olhos focam no casaco de moletom que ela usa e que nela parece mais um vestido, isso faz com que eu solte um sorriso involuntário. Ela ainda diz que não é pequena...

— Espero que você não se importe, achei perdido no banheiro — ela ajeita as mangas do casaco.

— Não me importo não, já percebi que minhas roupas ficam melhores em você — bebo um pouco do chá e acompanho seu olhar.

— O que tá acontecendo ali? — ela aponta com o rosto para a casa de Raimundo.

— Quase sempre depois do jantar Raimundo senta na varanda de casa com a esposa e por lá ficam cantando e tocando alguma coisa.

— Entendi — meneia o olhar para mim, depois para o pé com a tornozeleira ortopédica de compressão e depois para a piscina, ela limpa a garganta e volta a encarar o sofá — posso te fazer companhia?

Assinto com a cabeça. Ajeito-me no sofá para que ela pudesse sentar ao meu lado, ajusto a manta e ofereço uma parte considerável para ela. O interessante deste lugar é que não importa a época do ano ou o calor que tenha feito no dia, à noite sempre fará frio porque estamos literalmente cercados por mata.

— Você gosta mesmo de chá.

— Sim — ela recebe a minha caneca e prova. — Como está seu pé? Está com dor?

— Estou sem dor. O remédio é tão forte que me deu até sono. Sabe, obrigada pelo que fez hoje.

— Não fiz nada demais.

— Você fez muito, desculpa por dar tanta dor de cabeça — ela coloca a mão sob a minha, no sofá — eu acho que ninguém nunca tentou cuidar tão bem de mim como você tem feito e a gente nem se conhece direito.

— Te garanto que isso não é verdade.

— Vai por mim, eu sei o que estou falando — Misha solta um ar levemente triste então rapidamente penso em algo para distraí-la.

A verdade é que eu não faço ideia do que aconteceu na vida dela... mas não é hora de perguntar também.

— Se eu não fizesse isso, minha irmã me mataria — ela sorri.

Ficamos por ali, jogadas no sofá, escutando as músicas de Raimundo até que eles foram dormir e apagaram as luzes. Também escutamos quando Miranda foi para sua casa. Ela, assim como Raimundo, mora em um chalé retirado da casa central da propriedade.

— Boa noite, meninas, até amanhã — ela disse em um tom meigo, eu diria até... eu devo estar interpretando coisas demais já.

E então ficamos as duas totalmente sozinhas.

— A sua amiga Haru é médica — ela solta uma risadinha — eu não esperava por isso — e continua olhando para o seu próprio pé.

— Por quê?

— Sei lá, ela tem toda aquela vibe sexo, drogas e rock and roll, não imaginava. Mas cara... a mão dela é muito boa com curativos, meu joelho já está quase seco.

— Ela é uma médica incrível, mas se ela perguntar, eu não falei nada.

Ela cruza os dedos em formato de x e beija simbolizando o juramento.

— Vocês são engraçadas... então aquela energia caótica dela é apenas uma fachada?

— A parte do sexo e rock n roll procede, a parte das drogas, não. Haru é careta demais para usar alguma droga. Ela é tão chata com isso que se beber, larga o carro onde estiver e vem andando. Já andamos até aqui tudo culpa dela.

ANTES QUE ELA VÁ EMBORA | ROMANCE LÉSBICOМесто, где живут истории. Откройте их для себя